A idade chega pra todo o mundo.
Vivi a vida inteira com medo da velhice, e ainda tenho. Tenho medo das rugas, do cabelo branco, do corpo flácido, da falta de lucidez. Procuro no novo uma fuga para tudo isso e, ao mesmo tempo, sou muito pé no chão. Gosto de ter uma rotina e ao mesmo tempo, tenho pavor do tédio.


Ouço todos os dias mil histórias de sucesso, mais mil jeitos de viver, mais dois mil conselhos para ficar tranquila. Inclusive de mim mesma, nesta coluna. Uns dizem que se você chegou aos trinta e não tem um pé de meia, então você fracassou. Se você não tem uma profissão, fracassou também. Se você não tem filhos ou um marido, nem se fala.


Uns dizem que você deve se amar sem se preocupar em encontrar alguém, mas no final a mocinha cheia de amor próprio está agarrada com o moreno-alto-lindo-e-sensual que a valoriza por isso. Dizem que deve trabalhar até a exaustão para criar sua própria franquia, mas também deve aproveitar com as amigas e viajar porque a vida é uma só.

Temos que nos exercitar, adotar um animal de estimação, manter a unha da mão e pé em dia, depilação egípcia, honrar pai e mãe, ir na nutri, na quiro, na coach, na dermato, fazer botox a cada 6 meses, ter seguro completo do carro, dormir 8 horas por dia. Estou só pela divulgação do aumento de 72 horas no meu dia e de R$ 34 mil no meu salário.


Outros dizem que tá todo mundo na merda mesmo e não é para se preocupar.

Eu devo estar muito ferrada mesmo!


Dizem que você deve arriscar, deve trabalhar por amor, porque dinheiro não é tudo. Mas, é bom ter dinheiro para ser feliz em Punta Cana e em outros paraísos pelo menos uma vez por ano. Lembra como viajar é importante?


Não sei o que penso sobre tudo isso, seria um sonho surreal conseguir fazer e ter tudo? Sei o quanto é importante várias coisas aí em cima, mas somos seres humanos, com vontades, defeitos, ficamos exaustos, precisamos de colo e de solidão de vez em quando. Não sei o que o futuro me reserva. Por muito tempo fiquei presa à dúvida de não saber como conduzir minha própria vida. Para falar a verdade, ainda não sei, mas parei de pensar nisso e decidi só agir e aproveitar o caminho, da melhor forma possível.


Estou aceitando melhor cada obstáculo e cada diferença. Ao contrário de dois anos atrás, quando eu entrava na crise dos trinta, hoje estou muito mais tranquila em relação a essas coisas. É difícil dar algum conselho, porque eu faria parte de todos os outros que acham que sabem o que estão fazendo. Também seria injusto, porque não sei das suas batalhas, então como posso dizer ‘se divirta mais’ se talvez esteja passando por um momento tão delicado?


Minha mãe sempre teve razão. Não sou igual a todo o mundo. E amém por isso! Parabéns para você que percebeu também e deu graças. E nesse aniversário, ganhei o melhor presente, que na verdade fui eu que me dei: estar orgulhosa de ser eu mesma.