O resultado das investigações sobre o caso do feto encontrado nos fundos de uma casa no município de Carlos Barbosa no início do ano foi divulgado na tarde desta quarta-feira, 28, pelo delegado Clóvis Rodrigues de Souza, titular de Garibaldi e que responde também pela delegacia de Carlos Barbosa. Em entrevista coletiva à imprensa, Souza apresentou as conclusões do inquérito.
De acordo com o delegado, o feto encontrado era do sexo masculino e foi localizado aos fundos de uma casa na rua Marau, bairro Vila Nova no dia 9 de janeiro, em estado de decomposição. Após as investigações, uma equipe da DP de Garibaldi esteve no estado de Santa Catarina, cumprindo dois mandados de prisão, chegando a identificação dos pais.
Conforme a coletiva de imprensa, a gestante de 24 anos, natural de Uruguaiana, residia em Carlos Barbosa e alegou que abortou em julho de 2018 e o pai teria enterrado a criança que havia nascido morta. No entanto, a perícia constatou que a criança após uma gestação de cerca de oito meses, nasceu com vida.
Em depoimento, os envolvidos confirmaram que o feto foi enrolado pelo pai, em uma roupa pertencente a mãe e colocado em uma mochila. O pai, de 28 anos, natural de São Lourenço do Oeste, Santa Catarina. Durante a perícia, foi constatado também que a criança teria sofrido vários traumas pelo corpo, e que, segundo o delegado, ocorreram devido a passagem de pessoas no terreno onde estava a mochila, debaixo de algumas vegetações e tábuas. O local pertence ao avô paterno da criança. As investigações apontam ainda que devido o feto estar envolto em panos e por não estar em contato direto com a terra, o processo de decomposição acabou retardando. Segundo a perícia, o corpo estava há pelo menos seis meses no local até ser descoberto.
De acordo com o inquérito, por ter nascido com vida, a criança foi registrada com o nome de Ângelo de Deus, para fins legais de sepultamento. Souza explicou ainda que a demora nas investigações também ocorreu, pois a mãe não procurou atendimento médico durante a gestação e nem mesmo após o aborto. Em depoimento, a jovem disse ter ingerido três comprimidos abortivos. Os investigadores só conseguiram chegar à identificação da mulher, pois em outra ocasião, a acusada teria sido testemunha em um depoimento, indicando que era gestante.
Conforme o delegado, os dois envolvidos serão indiciados por crimes de aborto. Para a mulher, a pena deve girar em torno de um a três anos e para o pai da criança, por praticar aborto na forma de co-autoria tem a pena de um a três anos e ocultação de cadáver a pena é de um a três anos de detenção e multa.
Relembre o caso
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Foto: Flávio Antônio Ballejo