Hoje ninguém mais escapa de ser identificado através de seu DNA, essa coisinha xereta que vive dentro da casinha das células. Cuspiu, suou, bebeu, sangrou… e seu anonimato já era.
O DNA revela tudo! Características físicas, mentais e, se bobear, até espirituais… Na verdade, os genes de comportamento até existem, mas é do consenso dos estudiosos da área que só em ambientes propícios eles tendem a se manifestar.
Como a natureza é sábia e prudente, ela possibilitou, a cada código, que fizesse um backup, que é uma cópia de segurança. Já pensaram se fossem perdidos os arquivos originais, sem que os dados pudessem ser restaurados? Aí a gente poderia nascer com rabinho de porco, tromba de elefante, orelhas de burro, com a agilidade do bicho preguiça e a inteligência da ameba.
O desenho dessa estrutura moleca é de duas fitinhas em forma de hélice, com degrauzinhos que vão de um lado para outro. Impressionante como elas não se enrolam. Eu não consigo manter nem os fios dos fones de ouvido desembaraçados, imagina rolos e rolos de fita ziguezagueando sem se emaranharem! Será que nunca se enroscam? Não se encostam? Não brincam? Não brigam? Só fofocam?
Os cientistas estão de olho nas respostas e já anunciaram que flagraram uma proteína percorrendo velozmente os filamentos do DNA, para que eles não se embolem, o que seria muito ruim à saúde. Bendito Ayrton Senna da fórmula “INA”, que, acelerando bem, impede o desenvolvimento do câncer.
O material genético que uma pessoa carrega, em termos de quilometragem, é inacreditável. Considerando-se os trinta e sete trilhões e duzentos milhões de células do corpo humano (quem será que contou?) multiplicados aos dois metros de comprimento das fitinhas de cada célula, temos um número gigantesco, que daria para tecer um casulo enorme e por o mundo pra dormir. Até ficar menos belicoso.
No DNA, residem vestígios da ancestralidade. Inclusive eu andei pesquisando além da árvore genealógica conhecida, para ver se tínhamos um Barba Azul, um Picasso, um Cristóvão Colombo, um Isaac Newton, um Maluco Beleza na família. Mas o que descobri é que, assim como vocês, carrego dois por cento do gene Neandertal, podendo desenvolver, em ambiente favorável, doenças como o diabetes tipo dois. OPA! Meu DNA estava com a arma, e eu puxei o gatilho…