Nos dois primeiros anos de vida, o menininho foi poupado de açúcares, estabilizantes, corantes, óleos vegetais, niacina, tiamina e de outras “tias”… e avós que aliciam o paladar infantil. A iniciação deu-se quando ele começou a frequentar os banquinhos escolares, não por conta da escolinha, sempre atenta e responsável, mas das socializações, confraternizações, comemorações e afins. E ele acabou desenvolvendo alergia por algumas substâncias químicas que fazem parte das guloseimas.
-Filho, você não pode comer essas porcarias, que você se enche de pipocas que coçam.
O baixinho tenta justificar os pontinhos vermelhos dizendo que a vilã da história é a grama, onde ele bate bola e, assim como o Neymar, cai e rola. A precaução paterna pinta um quadro de horrores para mostrar que é naqueles saquinhos com “airbag” e meia dúzia de salgadinhos que mora o perigo. O menino fica desolado:
-Eu não posso comer nem as batatinhas da linguona? – pergunta entre lágrimas.
Comovido, o pai diz que aquelas ele pode, mas só aos sábados.
-Eba! Hoje é sábado! – exclama o menino mais feliz do mundo.
Depois de verificados o nível e a temperatura da água, o serelepe coloca a touca e óculos de natação para seu treino diário de mergulho livre. Ontem, ele quebrou o próprio recorde embaixo d’água. Ao erguer a cabeça – o corpo já estava de fora, que na bacia só cabe a cara – ele proclamou eufórico:
-Agora já posso ser o Aquaman!
Preocupadas ficaram as avós. Será que elas terão de fazer aulas de mergulho com o mais novo super-herói dos mares?
Ao voltar da escolinha, a mãe pergunta:
-Como se chama o professor de música, filho?
-É professora. O nome dela lembra sopa…
-Sônia? Sophie? Solange? Sara? Soraia? – sugere a mãe.
-Não. É… é… é Cáldia (Cláudia).
-Mas, por que lembra sopa?
-Por causa do caldo, né!
Esse Benício é uma parada!!!