A palmatória como forma de educar as crianças é hoje pauta de debate de muitos especialistas pelo país. Completam-se, em junho, cinco anos da chamada “Lei da Palmada” ou “Lei do menino Bernardo”, que sanciona o direito da criança a ser educada sem o uso de castigo físico, tratamento cruel ou dano a sua dignidade.

A palmada foi introduzida no Brasil durante o século XIV pelos Jesuítas e esteve presente na educação de praticamente todas as gerações desde então, porém atualmente está sendo constantemente questionada, e estudiosos, por todos os cantos, perguntam-se: “Afinal, a palmada educa?”

Ao analisar minha infância e a educação que recebi de meus pais, não tenho a lembrança de ter recebido castigo físico como repressão por uma falta. O diálogo sempre foi o caminho para a solução dos problemas. Lembro-me de que minha avó escondia uma varinha de vime atrás da porta com o intuito de realizar determinada “pressão psicológica”, a qual pretendia evitar que eu cometesse comportamentos considerados incorretos. Contudo, a varinha nunca foi usada, e as maiores lições que trago são exatamente aquelas transmitidas pelo diálogo e pelo exemplo.

Rosely Sayão, psicóloga, consultora educacional e colunista da Folha de São Paulo, ressalta que, quando os pais possuem papéis bem definidos no seio familiar, não precisam fazer uso da violência como alternativa para correção de erros ou afirmação da autoridade.

Igualmente argumenta Raymundo de Lima, doutor pela Faculdade de Educação da USP: “Pais que falam palavras vazias, que fingem ser o ‘amigão’, abdicando da autoridade de pais, podem estar cometendo uma fraude educativa.”

Finalmente, se a palmada fosse um recurso infalível para a educação, não teríamos tantos adultos mal educados na sociedade. Educar é ter a carga da experiência de vida em favor dos pais. É construir limites e conceitos de certo e errado. É uma arte que tem como pilar a empatia. Pais, tenham a coragem de ouvirem seus filhos. Antes de usarem a força, procurem fazer uso do exemplo, às vezes a subjetividade de uma atitude impacta muito mais do que uma palmada.

Débora Trevisan
Aluna da Escola Mestre Santa Barbara