Reza a lenda que o período logo após o nascimento do bebê configura uma fase extremamente crítica para o casal e muito propensa a “puladas de cerca” masculinas. Como justificativa, muitos homens alegam que “perderam” a atenção da mulher. Ângelo Coffy, 32 anos, um dos entrevistados de nossa reportagem especial para a Mesa Redonda da próxima NOI, não acredita nesta teoria. “Baita desculpa para fazerem o que sabem que não devem”, afirma o recém papai. “O problema é que muitos são homens só quando lhes convém. Quando precisam pegar junto, se omitem. É aceito no consciente coletivo de que a mulher abra mão de tudo, mas o cara não”, concorda Ricardo Dini, 28 anos, também pai de primeira viagem. “Trair ou resolver separar porque depois que o bebê nasceu não recebeu mais atenção? Isso é super machista e infantil. A atenção do homem também deveria ser para o bebê, que precisa dos dois. A mãe não substitui a relação da criança com o pai”, continua Dini. E acrescenta: “se cobra muito das mulheres e muito pouco dos homens. É do senso comum da sociedade contemporânea que, se trouxer dinheiro para casa, ele está praticamente autorizado a fazer qualquer coisa, inclusive ser um otário. É absurdo! Se quisermos construir algo diferente, a iniciativa tem que partir dos homens”, afirma, convicto de sua missão. Esse é o tom do debate sobre paternidade proposto pela próxima NOI. Reflexão mais que oportuna, neste período pré Dia dos Pais. Por que será que hoje, temos no país mais cachorros do que crianças nos lares? A omissão masculina terá algo a ver com isso?

A foto da capa desta edição da NOI é um paradoxo. A força e a rudeza do homem, a fragilidade e a delicadeza da bebê. Quando fotos como essa começaram a pipocar nas redes sociais, nos inspiramos para a matéria. Poucas coisas no mundo são mais lindas do que a imagem de um homem com uma criança. Em um país em que mais da metade dos lares são liderados por mulheres (sozinhas), em que o número de encarcerados cresceu mais de 70% nos últimos dez anos e onde sabemos que a maioria das pessoas que ingressam no crime carecem da presença do pai, nos perguntamos – o que houve com os homens? Será que o pai, o bom pai – presente, protetor, provedor – é uma raça em extinção? Como não só com crítica se promove mudança, preferimos conversar com “bons exemplos”, com os bravos que hoje assumem essa incrível experiência de serem mentores de uma vida humana. Além de trazer relatos sobre paternidade alertamos para os riscos de se deixar para “muito depois” e apontamos caminhos para quem talvez se motive com tantas histórias lindas e queira também, encaminhar um herdeiro. A próxima NOI é uma ótima, (e porque não, indispensável) leitura para homens… e mulheres!