Ter uma casa própria é considerado um sonho brasileiro. Entretanto, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), o número da venda de imóveis apresentou uma redução, enquanto o número de locações está em constante ascendência em todo país.
Em Bento Gonçalves, o cenário é o mesmo. De acordo com as imobiliárias que a reportagem conversou, foi constatada uma grande oferta de imóveis para locação na cidade, fazendo com que os preços encontrem-se abaixo dos praticados em anos anteriores.
Valnei Reginatto, proprietário da Imobiliária Reginatto Imóveis observa também que os clientes estão colocando os custos na ponta do lápis antes de bater o martelo. “A oferta é grande e faz com que os pretendentes visitem vários imóveis até ter um que seja adequado àquilo que pretende. Hoje as pessoas têm muito mais noção de valores. O cliente que vai adquirir é mais informado do que muitos corretores até, mostrando conhecimento do que vai adquirir, sabendo o que quer”, explica.
Antes era assim: se tu não quer, tem um sentado na cadeira do lado querendo, então tu optava, porque a oferta não era tão significativa como é hoje – Reginatto Imóveis
De acordo com a pesquisa divulgada, dos 71 milhões de domicílios existentes no Brasil no ano passado, 12,9 milhões eram alugados, representando crescimento de 5,3% na comparação com 2017. Reginatto relata que nesse mesmo período observou um aumento significativo de locações. “Para nós foi superior a esses 5.3%, girou em torno de 9% aproximadamente. Eu creio que esse percentual de acréscimo foi mais uma contenção de custos, que é sair daquele apartamento de R$1.200 para alugar um de R$800,00”, acredita.
Quem também confirma esse panorama é o proprietário da Imobiliária Zatt Imóveis, Paulo Zatt, que além de notar queda nos preços, percebe maior negociação entre proprietário e inquilino. “Há flexibilidade por parte dos proprietários porque tem muita oferta. Como tem uma retração no mercado, para não deixarem seus imóveis vazios, os proprietários estão flexíveis na locação. Têm imóveis que a gente aluga pela metade do preço que o proprietário gostaria inicialmente”, declara Zatt.
João Carlos Milan, sócio na Imobiliária Milan, afirma que a fase está mais favorável para os inquilinos. “Tem muito imóvel de valor baixinho, que a gente não tinha há dois, três anos. O preço médio dos alugueis caiu muito. Puxou o mercado todo para um valor mais acessível na locação. Está muito mais em conta alugar do que propriamente comprar. O retorno não está sendo momentaneamente bom para os proprietários e sim para os inquilinos”, declara.
Para o futuro, as imobiliárias têm uma boa perspectiva. Milan afirma que a cidade é ideal para investimentos. “Estamos em uma cidade industrial, turística, com interior muito forte. O mercado imobiliário sempre vai ser forte em Bento, é uma cidade que tem renda per capita muito alta e tem tudo para desenvolver e ficar cada vez melhor”, opina.
Zatt também confia que com o tempo a tendência seja melhorar ainda mais o ramo imobiliário. “A gente acredita bastante em uma retomada de crescimento, estamos preparados para isso e aguardando que haja uma movimentação nesse sentido. O imóvel é uma necessidade do ser humano, as pessoas casam, separam, tem filhos, então não para nunca”, conclui.