MAIS UM ADEUS
Nelto Scarton nos deixou. Como é que eu vou explicar, na essência, para jovens e lideranças emergentes, quem foi Scarton e sua importância para o setor político, metal mecânico e, em especial o moveleiro? Sua história, me perdoem, vai ficar registrada no âmbito de um quadro na parede, além do que é do conhecimento dos familiares. Vou procurar defini-lo, meu saber ele é mais de conceito político, foi Vereador, líder partidário dos mais influentes, pois carrega uma representação de raiz popular, muito respeitável e vitoriosa. Como empresário, sempre o defini como uma pessoa discreta, de opiniões firmes, mostrava-se amigo, conselheiro, solidário. Assumiu cargos comunitários com desenvoltura reconhecida, com equilíbrio e honestidade de propósitos, o que tornou aclamado e solicitado mesmo nos dias atuais. Todos nós enfrentamos tempestades na vida, Nelto enfrentou as suas, no âmbito pessoal e profissional. No entanto superou, através de um recolhimento espiritual, próprio dos grandes líderes. Partiu e deixou referência na história empresarial, política e comunitária de Bento. Merecida biografia. Quando alguém dessa estirpe parte estendemos o olho para as lideranças remanescentes torcendo para que tenham, além de suas qualidades, pelo menos um pouco de Nelto. Se existe vida além desta vamos imaginar o papo de Moysés Michelon, Nelto Scarton, Darwin Geremia, pessoas do mesmo perfil pessoal, acerca da vida vivida e de Bento.
RECEPÇÃO MARCANTE
Nesta terça, o SISTEMA S recepcionou, com um jantar, Membros da Associação dos Artistas Plásticos, o Secretário de Cultura, Evandro Soares e os padrinhos, entre os quais este que vos escreve (gostaram?), Paulo Caleffi, Beatriz (Bita) Giovannini e Volnei Tesser. O encontro, sempre tangenciado pela cordialidade e troca de ideias, reuniu líderes bem formatados intelectualmente. Na oportunidade, Bita foi homenageada pela sua pró-atividade em torno da Associação que tem uma sede invejável, fruto do apoio do Prefeito Pasin. O problema do artista é universal, tem dificuldade em vender suas obras. O ditado que diz que “a intelectualidade é à beira da miséria”, tem um pouco ou tudo a ver com artistas, escritores, filósofos, intelectuais, enfim, para eles importam seus escritos, suas palavras, suas pinturas, suas obras, não se importam com o dinheiro e sim com a importância de seu dom, de seu talento, isso lhes traz felicidade. No entanto, observa-se que o artista depende de terceiros para comercializar suas obras com o que, levando-se em conta inclusive a crise que atravessamos, tudo gera dificuldade. Nos encontros discute-se muito avançar nesse processo, muitas ideias são postas em prática e esbarram, via de regra, no vil metal. Mas, como diz aquele outro ditado e, pertinente ao caso, “da discussão nasce a luz”. Seres humanos unidos, ideias na mesa, formatam-se ações. Ausência de discussão e diálogo não se formata coisa nenhuma. Anos atrás estive em Buenos Aires, em visita ao bairro Boca e Caministo, me interessei e entrei no atelier de um artista, escultor em metais, tipo nosso Chico Stockinger. Coloquei o olho numa obra dele, achei cara, ele insistiu, eu disse “muito cara” e segui adiante. Percorridos 500 metros lá estava ele no meu lado com a obra na mão baixando o preço e me explicando, em detalhes, a trabalheira que dava produzir uma obra daquelas. Mil metros adiante, em razão dos argumentos e baixa do preço, comprei a obra que está aqui no Semanário. Qual o artista que faz isso, ou um pouco disso, aqui em Bento? Sucesso profissional no ramo artístico é isso, produzir a obra, ter orgulho dela e, com argumentos vendê-la. Sendo assim, viva a BITA, e seus seguidores, líderes da Associação, que constantemente jogam seu prestígio na valorização e promoção da arte, sem ser artista. Ajudam a valorizar e vender.
O RINGUE
O empresário Ayrton Giovannini, marido da Bita, presente no encontro, rememorou algumas passagens da juventude e comunitárias. Como disse a vocês, quando era jovem fazia a quadra da Saldanha Marinho: bar do Provensi (pastéis, mil folhas, nham, nham) Farmácia Providência do seu Baldi (circulava pelo laboratório, olhava os produtos), subia a Ramiro (Hotel Michelon, batia um papo rápido na recepção) e fui cair até na casa do Dr. Péricles Barbosa. O Ayrton trouxe de Porto Alegre as luvas de boxe, as cordas especiais – o saudoso Ludovico, pai do Ayrton conseguiu e, ao lado da casa do Sérgio Barbosa, filho do Dr. Péricles, ao ar livre, foi erguido um ringue de boxe. Nas lutas, o Ayrton (dono do ringue e das luvas), o Sérgio (dono do terreno e da chave da adega de vinhos do Dr. Péricles) e, eu e o Danilo Baldi (médico hoje), éramos sparrings, nosso papel era apanhar “para ter direito aos vinhos da adega”(hehehe) . Finalizada a luta (fui duas vezes), campeão Ayrton, dono de tudo; vice-campeão Sérgio, dono da adega; eu e o Danilo, “lona” e deu. Resistíamos ao jab de direita, mas o jab de esquerda que vinha a seguir, era mortal. Após a luta, o momento mais esperado: vinhos da adega, que ficava embaixo da casa, era de chão batido, rica em importados e onde tinha duas cadeiras para quatro pessoas. Uma delícia. Depois disso, a passagem pela farmácia Providência, para as devidas providências dos curativos (kkk). A vida é bela. Mesmo apanhando.