Unidos por uma luta considerada justa, a educação levou alunos, professores e demais servidores do Estado para as ruas em mais de 200 cidades de todo país, na última quarta-feira, 15. A Greve Nacional da Educação foi uma forma de manifestar descontentamento com o bloqueio de 30% para a verba de universidades e intuições federais e contra a Reforma da Previdência.
Em Bento Gonçalves, a paralisação ocorreu em frente ao Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS). Com faixas e cartazes, os manifestantes fizeram discursos em prol da educação.
A Diretora-Geral do IFRS Campus Bento Gonçalves, Soeni Bellé, conta que a instituição decidiu não suspender o calendário acadêmico, por ser uma época de entrega de trabalhos e provas. “Nossa obrigação e postura enquanto gestão é garantir o direito à greve, mas também garantir o direito ao trabalho de quem optou por manter as atividades. A gente não faz nenhum tipo de pressão. Muitos servidores trabalharam, outros pararam”, explica.
Segundo Soeni, os alunos, principalmente os mais jovens, estão preocupados com a situação. “Eles perguntam o que podem fazer para ajudar, se orgulham muito da instituição e isso nos alimenta, é uma energia para continuarmos acreditando e lutando. Quando ouvimos comentários de pessoas falando como se não estivéssemos tendo cuidado com o recurso público, isso nos deixa muito triste, mas quando vemos os estudantes engajados e participando, nos alivia”, destaca.
Debora Coinaski, 17 anos, aluna do IFRS no curso técnico em viticultura e Enologia, destacou que a instituição é importante para a comunidade de Bento. “A educação é um direito nosso e a gente está lutando por isso. A importância dessa paralisação definindo em uma palavra é luta, porque tudo que a gente tem foi conquistado com luta e a gente está lutando para não perder o que temos”, frisa.
Entre os manifestantes, estava a professora aposentada Teresinha Lunelli, que afirmou estar apoiando os jovens na busca por um futuro melhor. “Só através da educação que um povo melhora e assim nós não temos condições nenhuma de melhorar. Trabalhei 43 anos na educação e os nossos sonhos de que o país se tornasse melhor não aconteceu, e está cada vez pior, mas o nosso sonho continua”, declara.
De acordo com o pró-reitor do IFRS, Amilton Figueiredo, a previsão é que a instituição não consiga avançar depois de agosto, considerando o orçamento atual. “Temos compromisso com nossos estudantes e com a sociedade, o fato é que a partir do mês de agosto nós não teríamos mais recursos para pagamentos de contratos continuados, como água, energia elétrica, segurança, combustível, esse tipo de atividade que a gente não vai mais poder pagar. A circunstância vai prejudicar o normal funcionamento da instituição”, declara.