Em ritmo de ascendência, o setor de veículos novos dá esperanças para as concessionárias de todo Rio Grande do Sul. Por outro lado, revendedores de carros seminovos não têm os mesmos motivos para comemorar, já que a baixa procura tem sido um problema notório nos últimos anos.
Quem confirma a situação é a o proprietário da revenda Roni Multimarcas, Roni Cezar Claus. “Aqui para nós a venda de carros usados caiu bastante no decorrer dos anos. De 2016 para cá, se vende cerca de 70% menos do que vendia antes”, conta. De acordo com Roni, a média de carros seminovos vendidos variava entre 30 a 40 por mês, agora o máximo de é 10 veículos.
Na revendedora BM Veículos a situação não é diferente. De acordo com o proprietário, Carlos Alberto Baú, embora a redução das vendas tenha começado há três anos, este tem sido o pior para a venda de carros usados. “Como minha loja é pequena vendo em média cinco a sete carros por mês, antes chegava a vender de 15 a 20 carros”, compara.
Baú atribui essa queda nas vendas às maiores dificuldades de financiar um veículo. “Há seis anos era mais fácil conseguir financiamento, os juros eram mais baixos e as pessoas não estavam tão endividadas. Hoje o banco já exige muita coisa, então está difícil. Geralmente o pessoal está pagando a vista, não está mais financiando”, relata.
Questionado sobre a expectativa de vendas para o próximo semestre do ano, Baú afirma que não espera com grande positividade. “Não vejo grandes coisas para o resto do ano, pode ser que melhore um pouco, mas não dá pra se animar muito”, acredita.
Carros zeros têm cenário mais positivo
O cenário no meio automotivo de veículos zero quilômetros apresentou o maior crescimento dos últimos quatro anos no Rio Grande do Sul, com aumento de 2,3% entre janeiro e abril desse ano.
Bento Gonçalves está nesse mesmo caminho. Na concessionaria Grupo Simpala, de acordo com o Gerente Comercial, Vanderlei Fraga, o crescimento registrado nos quatro primeiros meses deste ano em comparação ao mesmo período de 2018 foi de 2,6%. “A Simpala acompanhou o crescimento do mercado, crescemos um pouco mais até, mas ainda é um crescimento muito pequeno considerando que nos últimos cinco anos nós tivemos uma base muito baixa. É o crescimento de longo prazo, porém muito abaixo do patamar que a gente fazia há sete ou oito anos atrás”, relata.
Fraga destaca que o crescimento das vendas tem ocorrido principalmente para as empresas, locadoras de veículos e produtores rurais. “Havia uma demanda reprimida. Essas empresas não investiram em frota e agora estão investindo, até por necessidade, a frota estava ficando velha, o custo de manutenção é alto então é mais negócio trocar”, conta.
Embora as vendas tenham apresentado aumento, de acordo com Fraga, o mercado continua em ritmo de recuperação da crise. “Nos últimos quatro anos a gente sentiu uma redução significativa de emplacamento e agora vem em uma recuperação lenta e gradual”, afirma.
Para o futuro, Fraga aposta em um crescimento ainda maior. “Estamos trabalhando em dois turnos e com uma linha de produção até mais lenta para poder atender essa demanda menor. Temos capacidade para produzir e vender mais assim que o mercado reagir e a expectativa é que o 2° semestre tenha um crescimento um pouco melhor, passado a questão da safra, do imposto de renda. Normalmente ali por setembro temos uma resposta melhor”, finaliza.