Isso lhe interessa
Ninguém desconhece que foi graças a pedidos de dirigentes de entidades empresariais de âmbito estadual que a ex-governadora Yeda Crusius introduziu o famigerado, ilegal e inconstitucional (no meu entender e no de muitos juristas e advogados renomados, bem como de entidade que DEFENDEM, efetivamente, os interesses de seus associados) IMPOSTO DE FRONTEIRA ou “Diferencial de ICMS”. Esse imposto massacra as micros e pequenas empresas que têm que repassá-lo aos seus clientes, gerando um custo bem maior (ele pode chegar a estapafúrdio 13% se em produtos importados) a eles por ser pago em duplicidade. Pois bem, mesmo com tantas micros e pequenas empresas – que são as grandes geradoras de empregos – protestando e demitindo empregados para assumir esse ônus incrível, Tarso Genro (que enquanto candidato prometeu acabar com ele e retomar o “Simples Gaúcho” original, criado por Germano Rigotto) não cumpriu o que prometeu e ignorou, solenemente, Lei do Poder Legislativo que colocou um fim a ele.

Sartori também?
Pois veio a campanha política de 2014 e José Ivo Sartori, do PMDB e vários partidos aliados, também PROMETEU ACABAR COM O IMPOSTO DE FRONTEIRA. Passada a eleição na qual obteve significativa vitória sobre o candidato que prometeu e NÃO CUMPRIU, Tarso Genro, seu vice-governador eleito, José Paulo Cairolli, também presidente da FECOMÉRCIO, reitera, ratifica a posição do novo governo em acabar com esse massacre perpetrado contra as micros e pequenas empresas. Eu ouvi Cairolli falar, em entrevista de rádio, que Sartori terminaria com o imposto, sendo uma de suas primeiras ações, cumprindo, assim, o que prometeu. Eis que, porém, tão logo foi indicado seu Secretário da Fazenda do Estado, o discurso deste foi de “vamos ver”. E há alguns dias, dois dirigentes de entidades empresarias (AGAS e FIERGS) pediram a Sartori que MANTENHA ESSE IMPOSTO. Mais uma vez a perplexidade deve ter tomado conta dos micros e pequenos empresários e do povo brasileiro. Afinal, EMPRESÁRIOS estavam pedindo continuidade de um IMPOSTO. Será que Sartori também irá DESCUMPRIR O QUE PROMETEU e já é Lei promulgada pela Assembleia Legislativa?

Como mudar isso?
No meu modo de entender os culpados são, também, os micros e pequenos empresários. Eles são associados a entidades que NÃO defendem seus interesses, mas sim os das grandes empresas. Não percebem os micros e pequenos que se não fossem pelas suas contribuições a essas entidades elas teriam dificuldades em se manter com a força que têm por perderem representatividade. Já é mais do que hora dos micros e pequenos empresários associarem-se a entidades que lutem por eles, não CONTRA eles, como se percebe nitidamente em algumas delas. Normalmente, seus dirigentes são médios e grandes empresários, só que o número dessas empresas é bem, mas bem menor do que as micros e pequenas. Se houvesse conscientização e todos largassem de mão, aliando-se àqueles que, EFETIVAMENTE, os represente, surgiria uma entidade grande, forte, significativa. Resta, agora, esperar que JOSÉ PAULO CAIROLLI e JOSÉ IVO SARTORI não caiam na vala comum da maioria dos políticos que não cumprem o que prometem.

Eles mandam em tudo
Corroborando com o que tenha falado e escrito ao longo de muitos anos, a revista Superinteressante deste mês apresenta uma ampla reportagem sobre os “donos do mundo”. A matéria, em sete explicativas e detalhadas páginas, mostra quem são eles, suas fortunas e o poder que exercem ou podem exercer. As manchetes de algumas páginas são emblemáticas. Dizem elas, em sequência: “OS RICOS FICAM CADA VEZ MAIS RICOS…”; “…MANDAM NA POLÍTICA…”; “…MANIPULAM A ECONOMIA…”; “…E TUDO ISSO MEXE COM SUA VIDA”. O título principal é: “OS VERDADEIROS DONOS DO MUNDO”. A primeira parte da reportagem abre com o título: “As 67 pessoas mais ricas do mundo têm US$ 1,72 trilhão”. E continua: “Tanto dinheiro quanto os 3,5 bilhões de mais pobres”. Arremata dizendo: “Metade de toda a humanidade”. A reportagem destaca, ainda, que a economia mundial vive a maior crise em 80 anos, tendo ela destruído milhões de empregos e impede o crescimento da maioria dos países. Ao mesmo tempo, salienta, o número de bilionários dobrou e as fortunas deles também. Então? Mandam ou não mandam em tudo?

E aqui, como é?
Quem acompanha minhas colunas e meus comentários deve lembrar as inúmeras vezes a que me reportei aos “donos do Brasil”. Pois bem, essa reportagem trata exatamente disso, só que em âmbito mundial. Aqui, na Pátria Amada Brasil, os “donos” são grandes empresários, empreiteiros, usineiros, banqueiros, barões da imprensa e ruralistas, indiscutivelmente, e a Coluna está à disposição para qualquer contraponto. Eles fazem o que querem no Brasil, tendo a seu serviço políticos renomados e alguns nem tanto assim. Mas eles elegem, sim, seus “representantes” na política e contam com o respaldo da “imprensa amiga” para fazer a cabeça da dita “opinião pública”. E não são muitas “famiglias” que detém esse poder todo. A grande massa manipulada pelos “donos do Brasil” constitui a classe média, que pensa “saber das coisas”, mas a “mídia amiga” se encarrega de “fazê-la saber o que lhes interessa”. Agora, com as redes sociais, o trabalho ficou facilitado com o auxílio de pessoas regiamente remuneradas para divulgar o que querem. Contam, ainda, com os que chamo de “inocentes úteis” para repassar suas “opiniões abalizadas”, sem se dar ao trabalho de conferir. Assim os pobres ficam cada vez mais pobres e os ricos cada vez mais ricos, com a classe média servindo de instrumento para isso tudo. Repito, a coluna está aberta para contestações e contrapontos.