Numa das incursões aleatórias pela Internet, me deparei com Samira, Lucinda, Tinoca, Tutu, Biloca, Filomena, Rosinha, Lina, Romeu e Julieta, Larissa e uma turma que não acaba mais. Juro pra vocês que nunca imaginei que minhocas fossem tão populares. Ao menos na Literatura Infantil.
Até li algumas das histórias e a que mais gostei foi “O Diário de uma Minhoca”, de autor americano, ilustrada lindamente, por outro americano. Vi também uma aula desenvolvida sobre um conto “minhoquês”, que perdeu a graça. Totalmente. Não há magia que resista à pedagogia.
Mas aí me bateu aquela curiosidade: apesar de familiarizada com minhocas (eu as punha no anzol quando a gente levava as crianças para pescar), o que sei a respeito delas? Que são gosmentas e que se retorcem. “Santa crueldade”, diria Batman.
Mas minhocas têm mesmo duas caras, ou nenhuma? O que as leva a subir para a superfície e pular sobre a calçada, morrendo depois esturricadas? Qual é a sua tecnologia para deixar a terra aerada que nem o chocolate Suflair?
Então resolvi fazer uma busca pela Wikipédia e constatei que a Natureza é perfeita. Ela pensou em tudo mesmo, inclusive nesses animaizinhos famintos para decompor lixo orgânico transformando-o em húmus, material rico em nutrientes, mas que é desperdiçado nos lixões e aterros sanitários aumentando a emissão de gases do efeito estufa.
Não é difícil contribuir com o Planeta e ainda ganhar com isso. Através de uma composteira doméstica, se obtém adubo orgânico de graça, cujo contato com a pele faz bem para a saúde. Segundo um estudo, uma bactéria que está no húmus age como antidepressivo, diminui alergias, dor e náusea.
Pode eventualmente provocar algum efeito colateral, como ocorreu comigo. Teve uma vez que, ao abrir a tampa de um tonel cheio de minhocas, fiquei com enjoo e deixei de comer macarrão e espaguete por longo tempo. Pensando bem, pela minha circunferência abdominal, acho que está na hora de visitar outro minhocário…
Descobri que minhocas são hermafroditas – elas têm os dois sexos – mas mesmo assim precisam de outra minhoca pra fecundar ou ser fecundada, num ato amoroso que dura duas ou três horas, em posição que os humanos classificam maliciosamente através de um numeral formado por dois algarismos.
Obtive a resposta aos meus questionamentos. Elas saem do solo para evitar a asfixia depois de chuvas torrenciais que encharcam a terra diminuindo o oxigênio. O problema é que acaba em viagem só de ida.
E minhocas definitivamente não têm duas caras. Isso é coisa do sapiens…