Agosto de 1919… Bento Gonçalves tem uma população de 21 mil habitantes: brasileiros, italianos, austríacos, poloneses, suécos, tedescos, espanhóis e franceses. O Intendente municipal é o coronel Antônio Joaquim Marques de Carvalho Junior, o juiz da Comarca Dr. Antonio Casagrande e o quinto vigário Padre Henrique Domingos Paggi, que assumiu a paróquia em 11 de fevereiro de 1911 e em 1912 fundou o jornal “IL CORRIERE D’ITÁLIA”, principal órgão de comunicação. A economia está centrada na agricultura, sobressaindo-se a viticultura e algumas fábricas de: vinho, banha, cerveja, gasosa, fibras de linho, torrefação e moagem de café, moinhos e alambiques. O comércio é diversificado, composto por: bazares, lojas, casas de pasta, sapatarias, cafés, bilhares, armazéns, açougues, ferrarias, ferragens e outros. Apenas três carros atuam como táxis de aluguel. Impostos sobre estradas, indústria e profissões, gado abatido, décima urbana, pedágio, expedição de produtos e outros tipos de tributos formam o grosso da receita da Intendência. Banco Pelotense, Banco Nacional do Comércio e Banco da Província do Rio Grande do Sul, os três estabelecimentos financeiros que operam na praça. A sociedade se encontra no Clube Aliança. Os grandes sucessos cinematográficos são projetados no Cine Bento Gonçalves. Os filmes são mudos, e a animação musical é feita pela pianista DernaPonticelli. No Corriere d’Itália, editado quase todo em italiano, a propaganda tem papel importante. O colégio São Carlos, dirigido pelas irmãs missionárias de São Carlos Borromeu, informa que leciona educação cristã, idioma italiano, aceitando qualquer número de pensionistas internas. O Banco da Província empresta dinheiro, fornece carta de crédito para o Brasil. Na edição de 14 de agosto de 1919, Il Carriere divulga com destaque o grande acontecimento do dia 10 de agosto: a inauguração da estrada de ferro.
O futebol, nesta época, também era bastante apreciado pelos jovens bento-gonçalvenses, que se divertiam nos finais de semana jogando peladas em campos improvisados. Os principais eram: São Luiz da Cidade Alta – treinava e jogava num terreno baldio da família Tomedi. O Canto Fura da cidade baixa, utilizava uma área da família Salton. O Liberal e o Caramuru atuavam no local onde hoje situa-se a praça Vico Barbieri. No entanto, Bento Gonçalves não tinha uma equipe, que pudesse enfrentar em igualdade de competições intermunicipais.
Leonardo Carlucci, funcioário do Banco Nacional do Comércio, gostava muito de futebol e conversava basatante com seus amigos sobre este esporte. Lamentava que Bento Gonçalves não tivesse um time à altura das equipes dos municípios vizinhos. A sugestão foi aprovada por todos e surge “ O ESPORTIVO”.
Assim a ata nº 1, preservando a grafia original: ACTA Nº 1- DA FUNDAÇÃO DO CLUB SPORTIVO BENTO GONÇALVES – Aos vinte e quatro dias do mês de agosto do ano de mil novecentos e dezenove, em um dos salões do Club Alliança, gentilmente cedido, reuniram-se os seguintes cavalheiros e senhorinhas: – Segue uma lista de vinte e cinco pessoas. Foi pelos presentes, sob a presidência do Sr. Ernesto Lorenzoni, secretariado pelo Sr. Mario Bott, ventilada a idéia da fundação de um “CLUB SPORTIVO” , idéia esta que foi aprovada por unanimidade, sendo denominado Bento Gonçalves e logo foi aclamada a seguinte diretoria: Coronel Antônio Joaquim MARQUES DE Carvalho Junior, o presidente honorário, Dr. Gastão de Almeida Santos presidente, Ernesto Lorenzoni Vice-Presidente, Mário Bott 1º secretário, Julio Tesheiner 2º secretário, Alindo D’Arrigo 1º thesoureiro, Leonardo Carlucci capitão geral, João Brusnello 2º thesoureiro, Dr. Olinto de Oliveira Freitas orador e Conrado D’Arrigo guarda –sport.
“PARABÉNS ESPORTIVO PELOS 94 ANOS FAZENDO HISTÓRIA.”