No verão passado, durante algumas andanças virtuais à procura de novidades, fui fisgada por um olheiro. Pronto: meu perfil vazara…
Desde então minha caixa postal anda atolada de mensagens. As primeiras prometiam milagres, como perder 10 quilos em três meses, sem deixar nada sobrando, nada sacolejando, tudo dentro dos conformes. Devem ter imaginado a careta que fiz, pois, em seguida, os argumentos passaram a ter alguma consistência:
“Menos gordura, menos peso, mais saúde…”, “Não adie sua felicidade…”, “Emagreça sem dúvidas…”.
Como não obtiveram sucesso (não cliquei nos links sugeridos para adquirir sei lá o quê), o alvo das chamadas foi a motivação:
“É feriado, mas não desista…”, “Perca peso até o Natal sem perder o melhor da festa…”
Respondi mentalmente com um “Ho, Ho, Ho!”, já visualizando o panetone com pingos de chocolate sobre a mesa natalina. Oito horas depois, pintou novo e-mail:
“Sete dicas para não abusar da comida nas férias…”.
Impressionante! Minhas férias em época de baixa temporada eram de conhecimento público… Será que eu teria chance de ser procurada pela produção do Fantástico?
Antes de meu ego murchar por completo por causa de uma alfinetada de realidade, já recebia 100 receitas que deixariam minha ceia light. E, depois, três dicas do Edu Guedes, o chef, blogueiro e apresentador de TV, para eu cozinhar… Há, Há, Há! Mal sabem que a cozinha me odeia.
A falta de animação do lado de cá não interferia no excesso, do lado de lá:
“1º passo para emagrecer: abandonar as desculpas…”
Epa! Agora já estavam me ofendendo. Afinal, detesto desculpas, especialmente as esfarrapadas. As minhas são… razões, aliás bem razoáveis.
Enquanto mandava a insinuação para a lixeira, pintou o “Desafio final: conquiste nova vida.”
A provocação me pareceu definitiva. Pensei no Ronaldão. Se até ele topou baixar dezesseis quilos, assim, na boa, só cobrando trezentos e trinta e três mil reais por quilo perdido, num total de míseros cinco milhões, tendo, inclusive, sobrevivido ao assédio de uma equipe formada por médicos, nutricionistas, personal trainer, jornalistas, curiosos…, por que não eu?
Talvez deva… O quê? De novo? “Rabanada, chester, frutas secas. Como sua dieta sobrevive ao Natal?” Ah! Vão se catar, bando de… de… magrelas!