Ao pisar em solo chileno, me senti em casa. Desconfio até que minha ascendência esteve com o pé por lá. Só me falta um pouco de melanina pra ficar com aquela corzinha legal. De resto, somos todas baixinhas e fofinhas. E os homens também exibem uma bela pochete na área abdominal.
Nem os acontecimentos bizarros que superaram até aos do filme “Férias Frustradas”, nos tiraram o prazer da viagem, pelo contrário: após cada evento dramático, vinha a recompensa. Em dobro.
No aeroporto, enchemos o carro previamente alugado com malas até o pescoço. E assim confortavelmente acomodados, usamos a inteligência artificial para chegarmos ao hotel, trajeto que se daria em vinte minutos. Giramos em torno de hora e meia, sufocados pelas malas, quando então nos encontramos… novamente no ponto de partida. Acho que os satélites que formam o complexo sistema do GPS, ao invés de dialogarem entre si, brigaram. Depois tentaram nos mandar de volta. O jeito foi pagar um taxista para andar na frente, e nós, atrás, colados. Mas a gratificação foi imensa. Esperava-nos uma cama enorme e macia, com travesseiros divinos que embalaram nossos sonhos e expectativas nas nove horas seguintes.
No outro dia, passeávamos pelas ruas meio caóticas da parte velha de Santiago, quando vislumbramos um restaurante com nome bem apelativo, ao menos, para nós, “brasileños, que tenemos la cabeza poluta”. Não resistimos ao “La Picá de Clinton”, que estava lotado. Fomos então conduzidos para a área aberta, também decorada com caricaturas do ex-presidente norte-americano. Garçons gentis acostumados ao humor irreverente dos turistas, brincaram e riram conosco ao nos servirem um prato enorme com um “chorizo” do tamanho… bem grande, cercado de fritas.
Prudentemente recusamos a maionese… Antes de sairmos, ainda demos um giro pelos “baños”, o masculino sinalizado pelo sorridente Bill, e o feminino, pela sensual Mônica Lewinski.
Em nossas andanças pela cidade, verificamos que chilenos são pichadores compulsivos. Não há muro, fachada, monumento que se sustente sem rabiscos. E percebemos também sua obsessão pelo jocoso, pois, além de Clinton, outros nomes famosos foram batizando bares e restaurantes. Mas aí ficamos cabreiros… Será que aquilo era “aquilo” mesmo?
Mais tarde, descobrimos o significado real da palavra que acreditávamos obscena. Com assento, redução de Picada, um tipo de boteco comum no Chile. Este, em especial, famoso porque Clinton, durante uma viagem a Santiago, quebrou todos os protocolos, entrando no boteco e pedindo uma Coca-Cola. E, sem assento, o mesmo que fotografia. Que mancada, hein?!
(Continua no próximo capítulo.)