Grupos de danças tradicionais finalizam preparativos para a etapa final do concurso; rotina de ensaios é redobrada
É como a receita de um bolo. Se você não colocar os ingredientes corretos e na medida certa, é capaz que ele não saia como o esperado. É assim que as invernadas adultas dos CTGs Laço Velho, Paisanos das Tradição, de Bento Gonçalves e Pousada dos Carreteiros, de Cotiporã preparam a sua participação para a grande final do Encontro de Artes e Tradição Gaúcha (Enart), que ocorre no final de semana, no parque da Oktoberfest, em Santa Cruz do Sul. Para que tudo ocorra dentro do esperado, os bailarinos despendem seu tempo em ensaios exaustivos dentro dos galpões. São nove danças tradicionais, mais as temáticas de entrada e saída que precisam estar preparadas para garantir a classificação entre os 20 melhores do RS na Força B.
Quem pensa que o trabalho iniciou há pouco tempo, muito se engana. Tudo é pensado com antecedência. Há grupos, como o CTG Paisanos da Tradição, em que a base de bailarinos está formada há 10 anos, como conta o instrutor e integrante da invernada, Fábio Franceschini. “Gringo”, como é conhecido, conhece os integrantes desde que eram prendas e peões mirins. Ele destaca a disciplina de todos para fazer da dança um momento de integração e alegria. “Sabemos da nossa responsabilidade, mas estamos aqui porque somos amigos, acima de tudo. Ir para a final do Enart é consequência de todo o nosso esforço, mesmo com tantas dificuldades que passamos neste ano”, afirma.
Entre os problemas enfrentados foi a remodelação do elenco artístico. Segundo Lucas Contini, dançarino da invernada, o processo foi doloroso, porém necessário, para que o grupo permanecesse em atividade. “Sabemos da nossa responsabilidade, de fazer o nosso melhor. Infelizmente, tivemos uma reforma estrutural, restando apenas seis pares. Para nós, além de uma surpresa, foi uma renovação ao grupo. Superação”, enfatiza.
Entre os bailarinos do Paisanos está Larissa Pasin, que participará pela primeira vez do Enart. Para ela, a apresentação em Santa Cruz do Sul será a premiação do trabalho realizado durante o ano. “Nós vamos para lá nos divertir e fazer o que a gente mais gosta, que é dançar. Mesmo assim, sabemos da responsabilidade em levar o nome da nossa entidade”, ressalta.
Ensaios intensos
Uma das marcas para que um grupo de danças tradicionais esteja entre os favoritos no Enart, por exemplo, é o foco e a intensidade nos ensaios que antecedem a apresentação. Para o CTG Pousada dos Carreteiros, de Cotiporã, a rotina dos bailarinos mudou completamente, após a conquista de uma das vagas. Após uma desclassificação em 2017, o grupo viaja para a terra da Oktoberfest confiante em apresentar uma performance feita por muitas mãos.
Conforme a prenda Jordana Giacomelli, estar na etapa final é o reconhecimento do trabalho exaustivo, porém, prazeroso, de representar o município e cultivar as tradições. “É um estímulo para fazer uma bela apresentação, não somente para nós bailarinos, mas também, para todos aqueles que estão confiando em nosso potencial”, explica.
Entre os apoiadores está o patrão da entidade, André Tres, que diz estar orgulhoso. Ele acredita que independente do resultado, a invernada já pode se considerar vencedora. “É uma gurizada que batalhou muito para estar lá. A gente percebia essa vontade de cada um para que a nossa entidade e o município de Cotiporã conseguissem estar representados no Enart”, pontua.
Assim, como no CTG Paisanos da Tradição, alguns dançarinos do Pousada também vão participar pela primeira vez. É o caso de Raphael Scarton, que ressalta a abdicação de estar com a família para passar horas dentro do galpão ensaiando por várias horas as coreografia. “O CTG é um local onde tenho as melhores amizades. Estar aqui é algo muito salutar para todas as pessoas. Às vezes, nos questionamos sobre estar aqui, passando calor e cansaço, sabendo que poderíamos estar em casa. Mas é por um motivo muito maior que tudo isso”, garante.
Resultado do desprendimento gera expectativa para o instrutor do grupo, Mateus Dalmagro, que aponta evolução da invernada. “Capacidade a gente sabe que eles têm. Estamos muito confiantes. Há uma grande chance para a classificação entre os 20 melhores do RS. O grupo é muito unido. E isso pode ser considerado um forte diferencial a favor do Pousada”, revela.
Volta por cima
Se em 2017, a desclassificação adiou o sonho, por outro lado foi impulsionador para que o CTG Laço Velho consolidasse o ano de 2018 como o período de grandes conquistas. É com esse propósito que a invernada adulta ensaia quase que diariamente. Para manter o favoritismo entre os melhores grupos desta edição na Força B das danças tradicionais, o grupo se prepara sob o comando do instrutor e também dançarino Manoel Paixão, que ressalta a evolução dos 14 pares ao longo da caminhada. “É absurdamente visível o crescimento dessa moçada. Essa desclassificação em 2017 foi um motivador para mostrar a força de vontade de cada um”, explica.
O peão da entidade, Paulo Jr. explica que o problema do ano passado foi levado pelos bailarinos como lição para fortalecer os laços de amizade e incentivar a não desistir dos sonhos. “Temos trabalhado muito, focado bastante aqui nos ensaios e estamos ansiosos para a nossa apresentação no sábado”, revela.
A 1ª prenda da entidade, Vanessa Marin, explica que a dança proporciona momentos que ajudam a amenizar os problemas vividos na família, trabalho e estudos. “Ela nos faz esquecer, pelo menos naquele momento, das dificuldades que a gente enfrenta diariamente em nossa vida. Escolhi estar em um CTG por isso e pelo amor às tradições”, garante.