Família pede ajuda para custear tratamento especial com células tronco na Tailândia, para tratar paralisia cerebral
Recém-acordado, mesmo após uma noite incômoda de indigestão, Willian R. Pires, 17, está feliz, enquanto posa para a foto com sua camiseta do Internacional. “É fanático pelo colorado. Estava ‘secando’ o Grêmio, ontem”, conta a mãe, Rejane Terezinha Pires, com um sorriso no rosto. A visível alegria dos dois, contudo, vai muito além da eliminação do arquirrival. Há pouco mais de 15 dias, a família recebeu uma carta que esperava com ansiedade: após uma longa troca de e-mails e comprovação de exames, o adolescente fora aceito como paciente para um tratamento médico pela Beike, o maior centro de pesquisas com células-tronco do mundo, em Bangkok, na Tailândia.
A história de Willian poderia muito bem se confundir com a de qualquer outro garoto da sua idade, mas sua vida é de esforço e superação. Desde os dois anos, sofre de complicações devido a uma paralisia cerebral. Mesmo após anos de tratamento, ainda sofre com baixa visão, não pode andar, e tem a coordenação das mãos prejudicadas, ao ponto de não poder mudar de roupa sozinho ou cortar comida durante as refeições.
Apesar do alto custo do tratamento, US$ 35 mil com a aplicação de duas vacinas complementares (aproximadamente R$ 130 mil na cotação atual), fora o valor das passagens aéreas, Rejane não demonstra abatimento. Com otimismo, característica marcante de sua personalidade, acredita que com ajuda de todo mundo a viagem pode ocorrer ainda em março, quando o hospital deve liberar um de seus concorridos leitos. “Vou gravar um vídeo dele na cadeira de rodas chegando lá, e outro caminhando melhor na volta, com ajuda”, vislumbra.
A primeira luta de Willian
Enquanto folheia o álbum de fotografias, Rejane vai recordando, emocionada, todas as tentativas que vem travando há pelo menos 14 anos, na tentativa de, pouco a pouco, melhorar a qualidade de vida do filho. Nas primeiras fotos, Willian aparece de pé, abraçado a uma bola de futebol. As fotos seguintes são mais fortes: ele, há dois meses do aniversário de três anos, em uma cama hospitalar, respirando por aparelhos. “Eu estava ali (sala do hospital) esperando, e havia correria de enfermeira e médico de um lado para o outro. Estava aflita e, quando saiu uma enfermeira pela porta, perguntei como estava meu filho. Ainda lembro como os olhos dela encheram de lágrimas, antes de pedir para eu esperar o médico falar comigo”, relembra Rejane.
No dia 6 de setembro de 2004, Willian teve uma crise de laringite. Após uso de nebulização e antibiótico, o menino foi liberado. No dia seguinte, no entanto, ele piorou e foi internado na UTI com problemas para respirar. Com um quadro cada vez pior, precisou ser entubado. Foi após muita espera que o médico contou o pior. “Ele disse que os tubos que eram pra ajudar meu filho a respirar melhor não tinham sido bem colocados, então ele parou de receber oxigênio”, recorda a mãe. A falha fez com que a criança tivesse várias paradas respiratórias e desenvolvesse paralisia cerebral. “Depois que ele saiu do coma, o doutor falou que ele ficou com a visão e a parte motora comprometidas, e explicou que ele ia voltar a ser um bebê, que a gente ia ter que ensinar tudo para ele novamente”, conta.
“Tudo desabou outra vez”
Devido a um granuloma na garganta, tempo depois, o menino foi a Porto Alegre para fazer uma cirurgia, a princípio simples, de reparação. “Não era algo complicado. Como o tempo de espera foi passando, fui me desesperando e, então, os médicos me chamaram para dar a má notícia: havia acontecido um acidente, era um procedimento com aparelho a laser, e ele explodiu na garganta do meu filho”, conta Rejane. “O mundo desabou para mim, pensei que nunca ia passar por algo mais ruim do que já tinha passado, mas isso foi além. Vi ele todo inchado, o rosto queimado, e as enfermeiras falaram que era para se preparar, que por dentro estava ainda pior”, complementa.
Desde então, são anos incansáveis de tratamento e tentativas de melhora. A princípio, mãe e filho iam três vezes por semana para a capital gaúcha, na AACD. Devido ao problema com a visão, deixaram a associação para tratá-lo no Banco de Olhos, onde passou a ir duas vezes semanais. Ao fim, foram informados de que a Apadev, em Caxias do Sul, tinha um tratamento semelhante, o que encurtou as viagens e deu novo fôlego a família.
Além dos três dias destinados com o cuidado com os olhos, passava os outros dias fazendo equoterapia e hidroterapia. Mais tarde, para tratar a atrofia dos tendões, sintoma comum da paralisia cerebral, passaram a fazer fisioterapia na UCS. Rejane conta ainda, que chegaram a ir para Belo Horizonte tentar a reabilitação, mas ele não se enquadrou nos tratamentos oferecidos, por ser um problema neurológico mais complicado. “Onde eu ouvia que havia algum recurso pro Willian, eu ia, soube desse hospital em Minas e fiz de tudo para levar ele lá”, conta ela.
Apesar do desânimo, um comentário escutado por um médico no local fez reascender a esperança uma nova vez. “Ele falou que estavam sendo feitos estudos com células-tronco, e que em uns dez anos podia ser que fosse aprovado”. Desde então, Rejane passou muito tempo pesquisando sobre o assunto, até descobrir o grupo Beike Biotechnology.
Após troca de e-mails e exames enviados e avaliados, no dia 18 de outubro deste ano, chegou à resposta positiva. Em carta, o grupo afirmou: “Willian da Rocha Pires foi aceito para o tratamento. Depois de uma revisão completa das informações médicas, nossos médicos confirmaram que este caso de paralisia cerebral é tratável”.
Rejane conta que a carta é uma nova motivação e que, apesar do elevado custo do tratamento, com o qual não pode arcar, está confiante que as pessoas vão ajudá-la e que Willian, após os 22 dias de terapia, voltará com melhoras. “Os médicos de lá não garantem cura, mas qualquer pequena coisa é um avanço; não quer dizer que ele vai voltar caminhando, pode ser que ele consiga comer, ou fazer algo sozinho”, finaliza.
AJUDE O WILLIAN
Com paralisia cerebral desde os dois anos, Willian tem passado por inúmeros procedimentos. Após 14 anos, a família encontrou um tratamento que pode ajudá-lo a melhorar e precisa do seu auxílio. O montante necessário é de aproximadamente R$150 mil. Para ajudar entre em contato com Rejane pelo telefone (54) 996361573, ou faça depósito bancário.
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Rejane Terezinha da Rocha