Acusada alega não lembrar de ter matado irmã na noite de 2 de agosto de 2017 e diz que Polícia forçou sua confissão
Ana Paula Marin Bittencourt, 32 anos, acusada de matar a irmã Aparecida de Fátima Marin Bittencourt, 44, voltou atrás e disse que não se lembra de ter cometido o crime. O depoimento da ré foi dado em audiência pública, no Fórum de Bento Gonçalves, na segunda-feira, 17. Ela havia se entregue à Polícia e confessado a autoria do homicídio no dia 11 de agosto de 2017, duas semanas após o corpo de Aparecida ter sido encontrado com 11 facadas no peito, no seu apartamento, no bairro São Francisco.
A acusada também negou que tenha atendido à porta ou ouvido gritos de socorro na noite do crime. Ela alega não lembrar de ter utilizado o celular da vítima para tranquilizar o síndico do prédio após o assassinato. “A Polícia fez coação, me obrigou a confessar, eu não esperava ir presa naquele dia”, declara.
Ainda de acordo com Ana Paula, Aparecida reclamava de problemas sem sentido e atrapalhava seu relacionamento com a outra irmã. “Toda vez que eu ia encontrar ela (a outra irmã), a Aparecida reclamava, aparecia no caminho quando eu tinha coisas para resolver”, expõe.
Na noite do crime, Ana conta que lembra de ter seguido uma rotina: jantou, tomou café e comeu bolachas enquanto assistia à novela na companhia da vítima. “Ela era uma pessoa difícil de lidar, mas eu não lembro do que aconteceu.
A acusação não é verdadeira, querem acabar com minha vida”, ressalta. Ela diz ainda que a prisão não é seu lugar, porque nunca assaltou ninguém.
A testemunha
O síndico do prédio, vizinho da vítima e que ligou para a Brigada Militar na noite do assassinato, descreve Aparecida como uma pessoa calma, muito introvertida e que buscava trabalho porque estava cansada de passar os dias em casa. “Nós éramos vizinhos, não saberia avaliar a relação dela com o companheiro”, responde. Ele vive no 7º andar e o crime aconteceu no 5º.
Quando foi acordado pelo telefone e ouviu os gritos de socorro de Aparecida, o síndico relata que desceu até o apartamento da vítima e tentou abrir a porta. “Ela gritava ‘Socorro, estão me matando’. Pensei em arrombar a porta, porque era necessário”, conta.
Na presença da Brigada Militar (BM), a pessoa dentro do apartamento se negou a abrir a porta e teria se passado por Aparecida. “Não queria abrir a porta porque tinha vergonha do que aconteceu. A voz parecia da Aparecida”, lembra.
No outro dia, o síndico alega ter recebido uma mensagem de Aparecida, que dizia estar tudo bem. “Eu conversei com a irmã (a acusada), ela passou o tempo todo de óculos escuros, falava normalmente. Me disse que Aparecida tinha passado mal”, aponta.
O Tribunal foi unânime ao acatar o pedido de novos exames sobre a sanidade mental da acusada na segunda-feira, 17, mas não terão mais audiências.