Segundo presidente da entidade, em meio a crise, a Construção Civil passou por adaptações de conceitos e tecnologia
A crise econômica em Bento Gonçalves parece ter ficado no passado. Nos três primeiros meses de 2018 os índices positivos trazem esperanças aos empreendedores e também aos empregados. No setor da Construção Civil, segundo o presidente da Associação das Empresas de Construção Civil da Região dos Vinhedos (Ascon) Adriano Marcelo de Bacco, este é o momento da retomada econômica, com projeções de crescimento de 3%.
Embora o número aparente uma elevação tímida, De Bacco ressalta que na Construção Civil este indicativo represente um investimento moderado. “Não se pode fazer avaliação da quantidade. Houve uma diminuição dos lançamentos, porém teve um decréscimo das unidades em estoque. Há um ponto de equilibro. Quando há crise, há diminuição de novos empreendimentos para preservação, mas a tendência é gradativamente esse número venha a crescer”, ressalta.
Essa retomada ascendente, conforme o gestor, se dá devido à redução da Taxa Selic, por parte da Caixa Econômica Federal- A Selic é a taxa básica de juros da economia, utilizada no mercado interbancário para financiamento de operações com duração diária, lastreadas em títulos públicos federais. “No momento a taxa começa a se estabilizar e, talvez, em uma retomada crescente, a fim de que se possa manter os juros estáveis e a inflação controlada. Por isso, não acreditamos em um declínio da economia”, reforça de Bacco.
Crise
Por absorver serviços de distintos setores da economia, a Construção Civil acaba sendo prejudicada em escalas. Conforme o presidente da Ascon, a crise que atingiu a tecnologia, eletroeletrônicos, metalurgia e transportes, por exemplo, é sentida na área.
Esse movimento também se reflete na retomada. Como explica de Bacco, antes dos investimentos serem voltados a construção de empreendimentos ou aquisição de imóveis, as demais áreas devem demonstrar elevação. “As pessoas estão comprando mais a linha branca (eletrodomésticos), linha de automóveis, o metalmecânico está em pleno crescimento nesse sentido, nessa projeção vamos chegar aos níveis de investimento da construção civil. É uma cadeia, uma rede de crescimento”, analisa.
Em meio aos períodos conturbados economicamente, o presidente da Associação revela que com as adversidades, o empresariado e os empregados tiraram soluções, reviram conceitos e se atualizaram. “Aprendemos a trabalhar, novamente, no limite. As empresas buscaram se modernizar, reduzir os custos internos, trabalhar com situações de menos gente nos canteiros de obra, qualificar o serviço e oferece imóveis melhores”, disse. Quanto a melhora no serviço, ele ainda acrescenta que isso cria competitividade no setor, que, por consequência, leva as empresas a se inovarem e poderem crescer.
Sobre esta atualização no setor, a Ascon atribui a tendências tecnológicas que busque atender a demandas de conforto e comodidade. “A tecnologia virtual está muito presente nas obras. O cliente, ao receber seu empreendimento, quando ele chega ao imóvel, o próprio portão, a própria câmera já reconhece o carro, e automaticamente acende luzes da garagem. É uma das coisas novas que está entrando no mercado”, observa.
Conforme de Bacco, as edificações estão se voltando a ofertar produtos que sejam um diferencial da construtora, tanto do ponto de vista de concorrência, quanto de oferta.
Investimento
Explicando a máxima que “imóvel é um bem que não desvaloriza”, de Bacco revela algumas avaliações do mercado. Conforme ele, os empreendimentos têm seu valor corrigido periodicamente com base no Índice Nacional de Custo da Construção (INCC). Contudo, o especialista também analisa que as projeções indicam que os imóveis localizados em regiões de maior procura tendem a se valorizar com o tempo.
Para quem possui recursos para aplicação ou deseja investir em um bem, o presidente pontua que este é o momento certo. “É Importante pesquisar. Esse é o momento de comprar. A economia volta a ter sentido positivo de retomada. Quem tem possibilidade de fazer um investimento, de aplicar na construção ou compra, em até 3 anos vai ter um retorno de valorização de até 40%. As pessoas devem pensar diferente, agir diferente”, enfatiza de Bacco.
A valorização projetada pelo presidente diz respeito a imóveis comprados na planta. Outro atrativo elencado por ele na hora de adquirir um novo lar se dá devido a baixa de juros pela Caixa. “houve uma redução do banco sobre os juros de 11 para 9%, além disso, se aumentou o crédito de 50% para 70% para financiamento do imóvel usado. Isso é importante, pois nós construtores podemos pegar outro imóvel na troca”, ressalta.
Ainda para interessados em comprar uma residência, o presidente da Associação traz orientações para evitar fraudes. “Pense na segurança de quem está adquirindo. Busque um corretor de confiança, com orientações atualizadas. Procure construtoras com credibilidade, com histórico de entregas, de lançamentos de prédios que não tenha atrasos. Há vários órgãos que auxiliam e identificam esses problemas”, aconselha.
Já para quem quer investir na construção de um novo empreendimento na cidade, de Bacco instrui a uma análise de demanda. “Houve uma mudança significativa. Como houve perda de poder aquisitivo da classe média e média baixa, houve mudança de procura por imóveis. Os mais procurados estão em locais centrais, como Centro, Cidade Alta, Humaitá, são Francisco, Osvaldo Aranha. Os construtores, na possibilidade de investir, devem aplicar nessa áreas, onde há procura”, alerta.
Avaliação
Por fim, de Bacco avalia que a Construção Civil encaminha uma retomada definitiva. “Para 2018 e 2019, não acredito que não haverá retrocesso na economia, devido aos estudos que se têm. A indústria hoje caminha independente da política. No setor devem crescer cada vez mais essas parcerias públicas privadas (PPP’s)”, disse.
Ainda sobre investimentos, ele conta que o setor aguarda a aprovação do novo Plano Diretor do Município. “Era para ter sido aprovado no ano passado, esperamos uma retomada para darmos andamento em novos projetos que existem no mercado. Tanto na escala de investidores, construtores e de demanda de imobiliária que compra, se necessita a evolução desse projeto”, finaliza.