A casa de pedra retrata tudo o que os imigrantes passaram, seus utensílios falam de remotos tempos. Cada objeto tocado faz reviver uma vida passada entre lágrimas e delícias de desbravadores da mata… Guardando no fundo de sua alma como seu velho baú de recordações toda a saudade que havia deixado do outro lado do oceano.
Cada pedra colocada para formar a casa é parte das famílias e gerações que por aqui passaram… Cada pedra chora… cada pedra conta o sofrimento e a saudade da terra em que nasceram e a doação de suas vidas à nova terra!
As casas de pedra na arquitetura da imigração italiana constituem um acervo de grande motivação sentimental. É agradável contemplar a serena beleza e sua preza singela – imagem do próprio caráter do imigrante – que somos levados a considerá-las o símbolo da permanência daquelas virtudes que marcaram tão fortemente a lembrança das gerações passadas.
As pedras irregulares eram naturais, colhidas na superfície do solo. As pedras eram erguidas dando-se o cuidado especial aos cunhais (encaixes) e usando-se dois muros> um interno e outro externo, com os lados mais irregulares das pedras amarrando-se ao meio.
Depoimento de um morador:
“Essa casa aí era a casa onde a esposa (mulher do morador) carregava as pedras no avental. E o dono as colocava. Quando ela tinha algum tempinho fora dos afazeres da casa e da roça, ia recolher as pedras para levar com o avental e as colocava nas arestas das pedras maiores. Ela carregava duas, três ou uma pedra, conforme o tamanho… E o avental era de pano forte como um angico. Se prendesse num espinho, precisava cortar o pano ou ficar aí, pois essa roupa não rasgava. Eles sabiam trabalhar, pois colocavam duas pedras pequenas na base e uma grande para fazer a rejunta. Não tinham instrumento nenhum para falquejar as pedras, usavam pedras como encontravam na natureza”.
A casa do imigrante italiano veio oferecer o ponto de apoio para um modo de vida e constituía-se unicamente elementos relacionados com o meio e com a atividade agrícola autônoma e permanente.
“Ter uma casa e terra para morar era uma estima e uma honra para o imigrante”.
“No Brasil não há patrões
Cada um é patrão de si
Em sua casa o colono manda
E se estima igual a um rei”