Prefeitura afirma fazer fiscalizações constantes nos bairros. Por outro lado, Moradores reclamam do serviço oferecido
Tendo em vista a aproximação do período de chuvas, além de dar devida manutenção a ruas e bocas de lobo em Bento Gonçalves, que a prefeitura, por meio da Secretaria de Viação e Obras Públicas realiza periodicamente limpeza e desobstrução nestes locais. De acordo com dados do Poder Municipal, 25 pedidos já foram atendidos, neste ano, e 14 estão com chamados em aberto, ou seja, estão no cronograma de atividades.
O secretário de Viação e Obras Públicas, Jairo Alberici reforça a atuação da pasta, com serviços de fiscalização nas ruas da cidade. Conforme ele, “muitos dos entupimentos são causados por ligações de residência à rede de esgoto feitas de forma equivocada ou, ainda, pelos resíduos descartados irregularmente que causam sérios danos e prejuízos aos próprios moradores”, observa.
Segundo Alberici, não há um local ou bairro que demande maior atenção, embora ele reconheça, que pela questão de movimentação e concentração urbana o bairro Centro foi quem recebeu mais atendimentos, com quatro ações. Os bairros que também já receberam serviços foram São Francisco, Universitário, Cohab II, Santa Helena e Santa Marta (2), Glória, São Roque, Borgo, Zatt, São Bento, Progresso, Botafogo, Licorsul, Ouro Verde e Imigrante (1).
Ainda conforme os balanços da Secretaria, duas ruas receberam mais atenção do Poder Público. No Glória, embora tenha apenas um chamado, este resultou em operações em dois pontos na rua Caxias do Sul. Outra via que teve a atenção dobrada foi a Ricardo Frá, no Santa Helena.
Quanto as demandas, Alberici orienta ao cidadão que encaminhe as solicitações pelo canal do Fala Cidadão, pelo número 0800 979 6866. Quanto ao período de espera, entre o protocolo e a solução, ele afirma ser relativo, “uma vez que priorizamos casos de maior emergência, onde podem ser provocados danos na tubulação (rede)”, relata.
Na tarde de quarta-feira, 28, a reportagem do Jornal Semanário percorreu alguns locais apontados pela prefeitura como tendo recebido os serviços. No Bairro Glória, na Rua Caxias do Sul, por exemplo todos os bueiros apresentavam resíduos que prejudicam o escoamento da água, como folhas, sacolas e restos de papel.
O morador Eduardo Trucolo, 48 anos, confirma ter visto os servidores municipais circulando pela rua, há cerca de 15 dias, mas, de acordo com ele, “não foram atividades nos bueiros, sim de limpezas de graminhas na via”. Trucolo ainda relata que “há pelo menos dois anos os moradores tem tomado a frente e limpado as bocas de lobo”.
Outra reclamação do cidadão, é que em dias de chuva, há acumulo sobre a pista e por vezes, chega a entrar nas casas. “Há muita folhas (das árvores). Nunca vi eles (prefeitura) aqui. O bueiro entupido acaba trazendo ratos e baratas. Essas pragas são constantes no nosso bairro”, afirma Trucolo.
Moradores tem medo de perder tudo novamente
Para verificar na prática, as fiscalizações feitas pelo Poder Municipal, o Jornal Semanário foi até locais conhecidos no município que apresentam problemas constate de alagamentos, a Rua Claudino Provensi, no Licorsul, e a rua Pedro Maragno Sobrinho, no Imigrante. Na primeira visita, no bairro Licorsul, podemos observar mato, pedras e terra dentro dos bueiros, embora a água tivesse bom fluxo.
Vilma Sebben, 58 anos, mora com a família há cerca de uma década na localidade. Ela reclama da “pouca atenção da prefeitura”. Segundo Vilma, “no ano passado, a água invadiu três vezes a casa do meu filho e da minha nora, que fica na parte de baixo. É desesperador”, expõe. Ela ainda relata que para evitar que novos alagamentos, a família construiu um muro em torno da residência.
A moradora ainda reclama quanto a limpeza. “As ruas estão sempre sujas, há muito mato. A prefeitura não tem passado por aqui. Como uma área que registra seguidos alagamentos, eles deveriam dar mais atenção”, cobra Vilma Sebben.
No bairro Imigrante o tom de cobrança é o mesmo. Na rua Pedro Maragno Sobrinho há duas bocas de lobo, uma apresenta problemas de escoamento, tendo água parada até a metade.
A dona de casa, Nelci Bucket Alesse, 59 anos, recorda que “há dois anos, foram três enxurradas. Perdi tudo, todos os móveis da parte de baixo da casa. Tive que reformar a calçada, fazer algumas tubulações, recolocar os móveis. Gaste R$ 68 mil com tudo. Foi desesperador”.
Nelci afirma que cada vez que o tempo fecha para chuva, “é uma aflição. Eu tenho medo de perder tudo novamente. A rede passa embaixo da minha casa. A água vem de cima e acumula ali, mas os bueiros não tem força para escoar”.
Outro apontamento feito é devido ao mau cheiro. Segundo moradores em dias de sol “fica insuportável”. Para exigir melhorias, os moradores já foram em comitivas cobrar soluções da prefeitura, mas segundo Nelci, “não deu em nada. Só perdemos tempo”, enfatiza.