A Companhia deve cobrar dos cidadãos adicionais por ligação e manutenção da rede coletora de esgoto nas residências

Em entrevista ao Jornal Semanário na semana passada, o gestor da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) de Bento Gonçalves, Marciano Dal Pizzol, confirmou que a entidade deve cobrar uma taxa aos moradores dos bairros Santo Antão, Santa Marta, Fenavinho e Imigrante pela ligação entre a residência com a nova rede coletora de esgoto. A necessidade se dá em virtude da construção da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE).

A reportagem do Jornal visitou dois locais citados pelo gestor para conversar com os cidadãos e buscar entender o ponto de vista deles. Ao todo, 10 moradores se propuseram a conversar e falar sobre o fato. Entre as principais queixas, estão a falta de divulgação por parte da Companhia e a cobrança de uma taxa, que na opinião dos moradores, “obriga o cidadão a aderir a nova rede”.
A Corsan, ainda na semana passada, explicou que as campanhas de divulgação e notificações devem ocorrer nas primeiras semanas do mês de abril. Outro detalhe é quanto ao período de carência. Após informados, os cidadãos terão um prazo de seis meses para se adequar ou não as exigências.

Relembre

Tendo em vista o alto custo que pode pesar no orçamento do bento-gonçalvense, a Corsan se propõe a oferecer subsídios para que estes possam se adequar as exigências sem malabarismos financeiros. Segundo estimativas da própria empresa, 15.463 habitantes, dos bairros serão os primeiros a receber essa atualização.
Questionado sobre valores que serão repassados aos usuários, Dal Pizzol não quis dar custos definitivos, mas apontou um panorama. “Creio que ficará na base de R$ 300. Contudo, há muitos locais que a gente vai ter uma soleira negativa – parte mais baixa que o nível da rua – onde terá que ser instalado uma mini-estação de bombeamento. Aí sim, haverá um encarecimento. As empresas estarão preparadas para isso”, disse.

Marciano Dal Pizzol, gestor da Corsan em Bento Gonçalves. Foto: Lorenzo Franchi.

Sobre as estratégias adotadas pela entidade e as formas como o cidadão terá para se adaptar, o gestor afirma que serão oferecidos, pelo menos, três encaminhamentos. “A partir do cadastro oferecemos três empresas pré-credenciadas pela Corsan, que serão as responsáveis pela instalação. Por que três? Porque elas terão custos diferentes, então cabe a cada uma delas oferecer a melhor condição aos usuários, onde ele terá uma possibilidade melhor negociação”, ressalta Dal Pizzol.

Com o intuito de oferecer recursos aos habitantes que não possuem condições financeiras favoráveis, a Corsan se propõe em auxiliar com a ligação a rede coletora. “Iremos fazer essas ligações intradomicilaires em usuários de baixa renda. Então, por acaso, se a pessoa não tiver condições, há um programa específico pra pessoas que recebem benefícios estaduais, federais, municipais no qual ele comprovando renda de baixa renda, a Corsan irá dar uma assistência, quanto a isto, com custos bem inferiores aos que serão cobrados pelas empresas”, ressalta Dal Pizzol.

Prefeitura

Os moradores inconformados com o atual cenário, questionam sobre uma parceria entre os cidadãos e a prefeitura, com o intuito de “baratear” os custos. Por meio de nota, o secretário de Administração e Governo, Ênio de Paris, informou que o município tem um contrato com a Corsan, responsável pelo fornecimento de água e tratamento do esgoto da cidade.

De Paris esclarece: “nós temos um contrato com a Corsan. Também, de acordo com o cronograma de execução, eles estão construindo a primeira Estação de Tratamento, que deverá abranger os bairros citados. Nestes locais, os moradores terão que adaptar suas redes. A questão de custos, negociação de valores e de forma de pagamento, deverá ser entre a Companhia e os moradores, uma vez que a Prefeitura não tem ingerência sobre isso. Apenas cobramos da Corsan que cumpra com o contrato estabelecido, caso contrário, notificamos e autuamos pelo não cumprimento das cláusulas e dos prazos”, disse.

Opinião dos moradores

Isso é errado. O cidadão não pode ser obrigado a fazer. A prefeitura tem que ajudar. Uma reforma sempre afeta no orçamento, é complicado. Quanto as taxas, a Corsan tem que dar mais esclarecimentos aos moradores afetados. Penso que é justo haver uma parceria, 50% a 50%, entre município e cidadão. Clóvis Panno, 57 anos- Rua Carlos Cembranel/ Santa Marta

 

   Acho injusto pagar pela ligação porque teremos que pagar uma taxa mensal fora os custos da adequação. É errado pensar que quem não aderir terá que pagar uma taxa maior na conta. A ligação é um retorno para a população, mas foi algo proposto por eles (Corsan), deveria ter sido feito por eles também. Marcelino Marini, 60 anos- Rua Osvaldo Felipão/ Santo Antão

Não temos o que fazer. Não chegaram a informar, mas eu já esperava que tivesse que fazer por conta essa adequação. O que acho errado é a cobrança de uma taxa para quem não aderir a nova rede. Outra questão é o custo, seria interessante que o morador pudesse fazer a ligação por conta própria. Luis Antônio Signor, 59 anos- Rua Osvaldo Felipão/ Santo Antão 

Tanta conta que já se paga, agora mais uma? Sou contra a taxa que leva a obrigatoriedade na ligação. O morador tem que ter autonomia. Sobre a taxa de manutenção eu concordo, mas acho injusto tudo ser nas costas do cidadão. Uma alternativa seria a prefeitura colaborar com os custos, com a metade. Joarez Batisti, 57 anos- Rua Carlos Cembranel/ Santa Marta 

 

Sou totalmente contra. Acho injusto que quem não se adequar também terá que pagar. Tive inúmeros prejuízos devido a forma como foram feitas as colocações dos tubos, com dinamites. Rachou minha calçada, algumas paredes. Estou indignada com o serviço apresentado pela companhia. Mareni Rodrigues Brida, 58 anos- Rua Zerefino Bondam/ Santa Marta