Órgão observa que em alguns casos o preço está menor, embora grau esteja superior
Embora a qualidade das uvas seja superior se comparado à safra anterior, as vinícolas estão pagando um preço menor do que em 2017, informa o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bento Gonçalves, Pinto Bandeira, Santa Tereza e Monte Belo do Sul. O órgão aponta que, na safra passada, por conta da escassez de uva, as cantinas pagavam acima do preço de tabela, cenário que não se repete neste ano.
De acordo com informações do Sindicato, algumas vinícolas continuam a receber a produção até quarta-feira, dia 7. Além disso, algumas variedades tardias devem ser entregues ao longo do mês de março. No geral, o setor está avaliando a colheita como uma das melhores dos últimos anos, em função do grau elevado da fruta, e não da quantidade.
Segundo o presidente do Sindicato, Cedenir Postal, mesmo com uma produção melhor, algumas cantinas estão pagando menos, enquanto no ano passado pagavam acima do preço de tabela. “Penso que o correto é valorizar a qualidade. Este ano foi excelente, por isso, o mínimo que a gente espera é que o agricultor seja reconhecido, mas não é o que está acontecendo”, enfatiza.
Postal utiliza de exemplo a prática de uma vinícola, em Flores da Cunha. De acordo com ele, se o agricultor marcou que iria entregar 50 mil quilos de uva, mas sua entrega é de 60 mil quilos, a quantidade adicional é desvalorizada. “Eles colocam um preço 5% abaixo do que é definido em tabela. Isso está acontecendo e quem sai perdendo é sempre o agricultor”, critica. Além disso, o presidente observa que os produtos finais, oriundos da uva, não baixaram o preço.
Outro ponto levantado pelo presidente é o impacto da inflação nos custos para a produção da uva. Segundo ele, o preço dos insumos, dos tratamentos, do frete, bem como outros custos dos agricultores subiu, no entanto, o preço mínimo da uva, não. “O mínimo seria corrigir a inflação, seria um ganho a mais”, comenta.
Possíveis soluções
Como forma de amenizar o problema, Postal sugere que os agricultores não aceitem negociar em longos prazos como, por exemplo, receber o pagamento da produção um ano após a entrega da uva. Ele observa que, se o agricultor tiver o dinheiro em mãos, pode negociar preços mais baixos nos custos do plantio. “Não tem instituição que empreste dinheiro sem juro nenhum e as empresas praticamente financiam o pagamento para os agricultores”, enfatiza.
Na opinião do presidente, o ideal seria diminuir o valor dos produtos oriundos da uva, como vinhos e sucos, para o consumidor, e que o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) está trabalhando para isso. “Essa semana foi uma equipe do Ibravin para Brasília, com o objetivo de negociar com o Governo Federal uma redução dos impostos do vinho”, expõe. Ele afirma que não adianta reduzir os impostos se o ajuste não chegar até o consumidor, tornando os preços mais acessíveis.