Nem curvas da morte, nem trechos de intensos aclives. Um dos locais mais perigosos da Serra Gaúcha atende pelo nome de Trevo da Telasul. Para se ter uma ideia, apenas nos primeiros seis meses deste ano, três pessoas já perderam a vida no local, que estabelece o perigoso entroncamento das RSC 453 e 470, entre Bento Gonçalves e Garibaldi. O número já é 50% maior que o registrado em todo o ano passado. Se a regra for mantida, o ano deve fechar com um acréscimo de 200% nas estatísticas fatais. Só em número de acidentes, o trevo contabiliza este ano 15 acidentes. Em todo o ano passado, foram 22. Para evitar que os números cresçam de maneira alarmante, como está acontecendo, projetos foram realizados, reuniões foram realizadas, promessas foram feitas. Nada foi definido.

Esta semana, duas notícias foram reveladas pelo Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer). A primeira é que a solicitada construção de um viaduto no local – o que, no entendimento de lideranças e usuários, poderia resolver definitivamente o problema – está totalmente descartada pela autarquia. A segunda é que uma rotatória poderá ser contemplada, mas, para isso, o projeto terá que ser pago pela região. Mazelas de um Estado em situação de penúria financeira. Exatamente por conta disso, um protesto deve tomar o local no próximo sábado, 20, exigindo uma solução para o local.

É claro que a sequência de mortes no local este ano é consequência de um conjunto de fatores. Afinal, não é só naquele local que o número de mortes aumenta. A combinação de curvas perigosas, falta de manutenção das rodovias, condições climáticas adversas, e imprudência, falta de atenção e cuidados no volante não costuma resultar em notícias boas quando o assunto é trânsito. Mas a reincidência de acidentes no local mostra que, além destes fatores, há agravantes de engenharia que precisam ser solucionados com urgência.

Não custa lembrar que as tão aguardadas duplicações de rodovias serranas – inclusive o local onde se encontra hoje o famigerado trevo – são um sonho distante. Além disso, a região ainda espera que o Contrato de Restauração e Manutenção de Rodovias (Crema/Serra), que prevê a restauração de 200 quilômetros de estradas da região, entre as RSCs 453 e 470 e as ERSs 324 e 122, saia efetivamente do papel para ganhar as estradas com máquinas na pista, homens trabalhando e segurança para os motoristas.

Definitivamente, estamos muito longe de resolver os problemas nas rodovias regionais. No entanto, é preciso começar a recuperar o tempo perdido o quanto antes. É preciso parar de perder tempo e começar a agir, parar com as promessas e atender as demandas da população.