Em meio à rotina acelerada, os hobbies feitos à mão têm ganhado cada vez mais espaço. Atividades como bordar, pintar, tricotar, esculpir ou produzir artesanato representam um resgate do tempo e da criatividade, permitindo que cada pessoa imprima sua identidade em peças únicas.
Além de estimular a concentração e a paciência, os trabalhos manuais contribuem para o bem-estar emocional, reduzindo o estresse e fortalecendo a autoestima ao transformar ideias em criações concretas. Eles também carregam valor cultural e afetivo, já que muitas vezes preservam técnicas tradicionais passadas de geração em geração. Assim, os entretenimento manuais não são apenas passatempos, mas práticas que unem arte, terapia e memória.
Tricô, crochê e bordado
Um estudo publicado no British Journal of Occupational Therapy descobriu que pessoas que tricotam com frequência relatam se sentir mais calmas, menos estressadas e mais animadas. O tricô promove a atenção plena (mindfulness), estimula a criatividade e incentiva a conexão social, seja por meio de grupos comunitários ou online. Em outras palavras, não é apenas uma forma de passar o tempo; é um ato reconfortante e restaurador para a mente.

Em Bento Gonçalves, a Casinhola oferece cursos de bordado, crochê e tricô, entre outros. “Estamos no mercado há mais de 40 anos, fazendo o que gostamos, ensinando e também aprendendo. Em alguns períodos há uma queda nessas artes, mas oferecemos outras conforme a tendência, com isso estamos sempre atualizados e com muita procura”, observa a gerente Dianete Guarda Bertolini.
Segundo ela, essas atividades se tornaram, para muitas pessoas, uma fonte de renda, independentemente da idade. “Para outras é um passatempo e para algumas, uma terapia”, explica. Ela conta que o espaço recebe público de diferentes idades, de 8 a 80 anos, e já teve “mãe, filha e neta fazendo curso”, conta.
Para Dianete, trabalhar com as mãos traz inúmeros benefícios. “Ajuda na coordenação motora, tanto fina quanto grossa, desenvolve o raciocínio, a concentração, reduz o estresse, a ansiedade, melhora o humor e faz a pessoa se tornar mais criativa. Para quem é de mais idade, é ótimo porque, além desses benefícios, elas se sentem úteis e ocupadas”, observa.
Ela conta que muitas vezes as pessoas chegam depressivas, e disponibilizar um ambiente de acolhimento é gratificante. “Nosso maior desafio é fazer com que saiam da depressão. Quando isso acontece, nos sentimos recompensados, pois sabemos que elas estão se socializando e contribuindo para uma boa qualidade de vida e saúde mental”, finaliza a gerente.
Os cursos são oferecidos diariamente, em vários turnos como manhã, tarde e noite, com encontros semanais de três horas e intervalo para o lanche.
Costura
A costura, além de ser uma atividade criativa e artesanal, traz inúmeros benefícios para quem a pratica. Mais do que confeccionar roupas ou consertar peças, costurar é um exercício que estimula a concentração, a paciência e a coordenação motora. A prática também funciona como uma forma de terapia, ajudando a reduzir o estresse e a ansiedade, já que proporciona momentos de foco e tranquilidade.

Para Thalita Weinert Ferro, proprietária do Criatilitá Atelier, além de as pessoas iniciarem uma nova diversão, o espaço é acolhedor. “Elas podem relaxar, conversar e até desabafar. Algumas até chamam carinhosamente as aulas de ‘Costura Terapia’”, descreve.
Segundo ela, o espaço foi inaugurado antes da pandemia, mas foi após o fim do estado de emergência que a procura pelos cursos se intensificou. “Acredito que o aumento na venda de máquinas de costura e a necessidade de confeccionar máscaras despertaram o interesse das pessoas. Desde então, a demanda não parou de crescer e permanece alta até hoje”, ressalta Thalita.
O atelier se tornou um ambiente de lazer para todas as idades, oferecendo momentos de desconexão do mundo virtual. “Atendemos tanto crianças quanto adultos, mas, atualmente, a maior procura vem do público infantil”, destaca. A proprietária explica que a procura varia conforme a faixa etária. “As crianças costumam chegar em busca de algo novo, que desperte curiosidade e encantamento. Já entre os adultos, há dois perfis: aqueles que encaram a costura como hobby e forma de relaxamento, e os que veem na prática uma oportunidade de gerar renda extra”, destaca.
Thalita explica que as aulas são bastante flexíveis, permitindo que cada pessoa escolha livremente o que deseja aprender. “As alunas definem o que querem produzir e confeccionam suas próprias peças. Já nas turmas infantis, o grupo trabalha em um projeto comum, e cada criança leva para casa a sua versão”, comenta. O primeiro projeto das alunas é sempre a confecção de um pijama. “Na aula inicial, cada uma já conclui sua peça e sai com o pijama pronto. A partir daí, tem liberdade para escolher o próximo projeto”, diz.
Ela relata que as crianças costumam se encantar com projetos coloridos e criativos, enquanto os adultos, em sua maioria, buscam aprender a confeccionar roupas sob medida e a desenvolver seus próprios moldes.
O espaço também promove eventos voltados ao fortalecimento dos vínculos familiares. “Nessas atividades, reunimos mães, avós e filhos em momentos de aprendizado e convivência conjunta”, conta. Thalita destaca que a costura é uma atividade que exige atenção e disciplina, favorecendo o foco e a concentração. “O manuseio dos materiais também contribui para o desenvolvimento da coordenação motora, enquanto a possibilidade de escolher e personalizar as peças estimula fortemente a criatividade”, afirma.
Para ela, cada aula vai muito além de ensinar e costurar, sendo um momento especial. “O meu propósito é oferecer um espaço de acolhimento, criatividade e realização. Cada aula é uma oportunidade de ver crianças e adultos descobrindo novas habilidades, se surpreendendo com o que são capazes de criar e encontrando na costura uma forma de expressão, bem-estar e até mesmo uma nova fonte de renda”, finaliza. As aulas acontecem uma vez por semana, com duração de 3 horas para adultos e 2 horas para o público infantil.
Cerâmica
A prática da cerâmica oferece diversos benefícios, combinando criatividade, bem-estar e desenvolvimento pessoal. Trabalhar com a argila estimula a expressão individual, a paciência e a concentração, funcionando também como uma atividade terapêutica que ajuda a reduzir o estresse e a ansiedade. Além disso, o manuseio do material aprimora a coordenação motora fina e a percepção tátil, enquanto o processo artesanal, do modelar à queima, proporciona senso de realização e satisfação. A cerâmica ainda favorece a socialização em oficinas e cursos, fortalece vínculos e valoriza técnicas tradicionais, promovendo o consumo consciente e o resgate cultural.

No município, para quem procura uma nova atividade de lazer, a Mel Cerâmica é um lugar para se conectar consigo mesmo. Para a proprietária Mel Scalabrin, a busca pela arte vem ganhando cada vez mais espaço. “Nos últimos anos, temos percebido um aumento significativo na procura por cursos e oficinas de cerâmica. As pessoas buscam experiências que unem criatividade, bem-estar e autoconhecimento”, observa.
Mel pontua que os cursos vão muito além de desenvolver um objeto: eles proporcionam momentos energizantes. “No nosso ateliê, oferecemos oficinas desde 2022, sempre com a proposta de proporcionar momentos de arte terapia, onde cada participante pode relaxar, se reconectar consigo mesmo e vivenciar a cerâmica como uma pausa acolhedora do ritmo acelerado e do mundo virtual”, frisa.
Em seu ateliê, Mel oferece o “Curso Arte Terapia”, que acontece uma vez por semana, com duração de 2h30min por encontro. “É um espaço livre, sem tempo pré-definido de conclusão. Em cada aula propomos experiências diferentes para que você possa voltar a ser criança, explorar a criatividade e criar suas próprias peças de cerâmica”, explica.
Além disso, ela conta que o espaço oferece também outros formatos de oficinas, como a Oficina Especial. “São divididas em dois encontros. No primeiro, você modela a sua peça; no segundo, volta para esmaltar e finalizar. Uma experiência prática, leve e muito gostosa para vivenciar a cerâmica”, menciona.
Segundo ela, o espaço não tem idade para a prática. “Recebemos desde jovens a partir dos 16 anos até idosos. Nossa aluna mais experiente tem 92 anos! Todos vêm com o mesmo desejo: viver algo diferente pela primeira vez, se permitir experimentar, relaxar e criar com as próprias mãos”, pontua. A proprietária observa que, quando as pessoas procuram os cursos oferecidos no ateliê, o intuito é o mesmo: “vivenciar a experiência de criar algo único com as próprias mãos”, evidencia.
Ela ressalta que o trabalho é realizado com técnicas básicas, o que facilita a aprendizagem, e cada aluno pode dar forma às suas próprias ideias. “Muitos buscam aprender a fazer peças utilitárias para o dia a dia em suas casas, outros se encantam em criar peças decorativas e há também aqueles que querem produzir algo especial para presentear pessoas queridas com algo feito por eles mesmos, que carrega muito significado”, observa.
Mel descreve que desde o primeiro dia de curso as pessoas já conseguem fazer suas próprias peças. “O aluno sente o barro nas mãos e aprende a moldá-lo por meio da técnica mais primitiva da cerâmica, o que torna a experiência acessível, prazerosa e significativa desde o primeiro dia”, comenta.
A proprietária explica que o simples ato de colocar as mãos no barro ajuda a desacelerar, aliviar o estresse e trazer uma sensação de presença e calma, funcionando como uma forma de terapia e autocuidado. “Esta atividade estimula a criatividade, pois cada aluno tem a liberdade de experimentar formas, texturas e cores, transformando ideias em peças únicas e cheias de significado.” Hoje, quem mais procura o ateliê são grupos de amigos que querem ter essa experiência juntos. “Une pessoas de maneira leve, afetiva e cheia de significado”, finaliza.