Uma pesquisa Datafolha mostrou que 96% dos brasileiros apoiam a criação de um exame de proficiência para médicos recém-formados — uma espécie de “OAB para médicos”, como já ocorre com bacharéis em Direito. Apenas 3% dos entrevistados afirmaram não ver necessidade da medida, enquanto 1% não opinou.
O levantamento foi encomendado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), que defende a adoção da prova diante do crescimento considerado “descontrolado” do número de cursos no país. O Datafolha ouviu 10.524 pessoas em 254 municípios, com margem de erro de um ponto percentual, para mais ou para menos.
Segundo os dados, Goiás é o estado onde a população mais apoia a “OAB da Medicina” (98%), enquanto no Acre a adesão é menor (92%). Entre os que defendem a medida, 92% acreditam que o exame aumentaria a confiança no atendimento médico. Apenas 4% acham que a prova diminuiria a confiança, 3% não veem diferença e 1% não opinou.
A pesquisa também mostrou que 98% dos entrevistados defendem que todos os recém-formados sejam submetidos ao exame, independentemente da instituição de ensino. Apenas 2% restringiram a aplicação aos médicos formados no exterior.
O debate sobre a qualidade da formação médica ganhou força nos últimos anos. Entre 2010 e 2023, o número de cursos de Medicina no Brasil passou de 181 para 401, um aumento de 127%. Especialistas apontam que muitas instituições não garantem estrutura adequada, corpo docente preparado e vagas de estágio suficientes.
Os resultados mais recentes do Exame Nacional de Desempenho Estudantil (Enade) também reforçam a preocupação: em 2023, 20% dos cursos de Medicina avaliados não atingiram o patamar considerado satisfatório, frente a 13% em 2019.
Atualmente, tramita no Senado um projeto de lei que cria o Exame Nacional de Proficiência em Medicina. Uma audiência pública na Comissão de Assuntos Sociais da Casa será realizada nesta quarta-feira para discutir o tema.
Paralelamente, o Ministério da Educação prevê para 19 de outubro a primeira aplicação do Enamed (Exame Nacional de Avaliação da Formação Médica), obrigatório para formandos em Medicina. O teste avaliará a qualidade do ensino dos cursos e servirá como critério para seleção em programas de residência.