FABIANO LARENTIS – Sub-Reitor do Campus Universitário da Região dos Vinhedos da Universidade de Caxias do Sul (UCS)

Há cerca de um mês apresentei uma palestra na ADRH-BG sobre a perspectiva estratégica no desenvolvimento de soft skills, baseada em artigo aprovado no Encontro Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Administração (EnANPAD), que ocorrerá em setembro, escrito com a professora Marina de Almeida Cruz, da Unihorizontes (MG). Soft skills, ou competências transversais, são atributos interpessoais e intrapessoais que qualificam as interações e o desempenho profissional em contextos diversos. Entre elas: aprender continuamente, criatividade, autoconhecimento, comunicação, gestão de conflitos, negociação, networking, trabalho em equipe, liderança, adaptabilidade a mudanças, capacidade de análise e orientação a resultados.
Nesse sentido, a pesquisa Future of Jobs apontou as habilidades centrais para hoje e que ganharão mais importância em 2030: IA e big data, letramento digital, pensamento criativo, resiliência e agilidade, curiosidade e aprendizagem contínua, pensamento analítico e sistêmico, liderança e influência social, gestão de talentos, empatia e escuta ativa, motivação e autoconsciência. A maioria enquadra-se como soft skill.
Mesmo com os avanços tecnológicos, as soft skills ganham relevância por ajudarem as pessoas a lidar com desafios cotidianos e profissionais. Facilitam a compreensão das dinâmicas organizacionais, não se tornam obsoletas facilmente e são transferíveis entre organizações, setores e países. Assim, enriquecem relações interpessoais, promovem colaboração, adaptabilidade e resiliência, fortalecem vínculos, impulsionam inovação e contribuem para a construção de culturas de alta performance.
Contudo, ainda são subestimadas em setores centrados em recursos ou avessos a riscos. Sua aplicação no trabalho depende da disposição e capacidade das pessoas em utilizá-las, exigindo tempo, investimento e condições organizacionais adequadas, o que explica os maiores desafios no seu desenvolvimento, quando comparado ao das hard skills (habilidades técnicas). Outro desafio é a avaliação da transferência dessas competências, dada sua natureza complexa.
Por isso, empresas devem insistir em desenvolvê-las, em caráter estratégico e sua contribuição para um futuro mais próspero. Governos, academia e a sociedade civil organizada também se inserem nesse movimento. Soft skills não se aprendem instantaneamente e sua prática demanda ambiente favorável e exposição a problemas reais. Nesse contexto, a aprendizagem deve ser compreendida de forma ampla, sendo um processo contínuo, dinâmico, incremental e ativo. Lembrando Gonzaguinha, é “a beleza de ser um eterno aprendiz” que ganha força estratégica.