As chuvas registradas em junho de 2025 reacenderam o debate sobre ocupações em áreas de risco em Bento Gonçalves. Um ano após as tragédias de maio de 2024, moradores voltaram a relatar preocupação com o risco — especialmente em regiões que já haviam sido atingidas naquele período.

No dia 25 de junho, a Prefeitura publicou decreto de emergência em razão das fortes chuvas que atingiram o município. Ao todo 18 pontos de infraestrutura pública foram afetados, com danos em redes de drenagem pluvial. Segundo a Secretaria de Esportes e Desenvolvimento Social (Sedes), 68 pessoas chegaram a ficar desalojadas e oito desabrigadas durante o período das chuvas — todas já retornaram para suas casas.

De acordo com a administração municipal, dos 284 pontos registrados em maio de 2024, apenas três apresentaram reincidência neste último episódio. Ainda segundo a Prefeitura, não houve novos registros de deslizamentos e nenhuma família precisou deixar sua casa em função direta de risco geológico. A avaliação é de que as ações implementadas entre os dois episódios, como contenções, obras de drenagem e controle de encostas, vêm se mostrando efetivas.

Desde 2024, o município recebeu R$ 18,8 milhões em recursos estaduais e federais, aplicados em obras de restabelecimento, reconstrução de estradas e pontes, drenagens e contenções. As intervenções seguem em andamento, e os pontos que ainda não foram reconstruídos estão em fase de estudos ou licitação.

O vereador Moisés Scussel (MDB), que visitou bairros como Vila Nova, Eucaliptos, Municipal e a comunidade de Linha Ferri após as chuvas, classificou a situação como “alarmante”, citando a densidade populacional em áreas próximas a encostas e a necessidade de estudos técnicos rigorosos para novos loteamentos.

“É imperioso e urgente que toda e qualquer liberação de novos loteamentos ou construções em áreas de risco seja acompanhada por estudos técnicos rigorosos e embasados. Só assim poderemos evitar novas tragédias relacionadas a eventos climáticos extremos”, afirma.

Apesar das cobranças, Scussel elogiou a resposta da Prefeitura aos eventos climáticos de 2024 e 2025. “Considero que a atuação foi rápida e eficaz. O município demonstrou compromisso em salvar o maior número possível de pessoas e em mitigar os problemas enfrentados. Mas é imperativo que se invista massivamente na prevenção e na antecipação dos eventos climáticos”, destaca.

Entre os pontos citados pelo vereador está a rua Aristides Bertuol, que, segundo ele, teve intervenções recentes para redirecionar o escoamento de água, diminuindo o risco de deslizamentos. No entanto, ele alertou para a necessidade de ações mais estruturais e definitivas, além de investimentos em fiscalização e planejamento urbano.