A tônica dos discursos foi a união e a necessidade de enfrentar os desafios do campo, desde as intempéries climáticas até a burocracia excessiva
Em uma noite que celebrou a resiliência e a força da agricultura familiar, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bento Gonçalves, Monte Belo do Sul, Pinto Bandeira e Santa Tereza realizou a cerimônia de posse de sua nova diretoria, reconduzindo Cedenir Postal para o seu terceiro mandato à frente da entidade. O evento, que reuniu autoridades, associados e representantes de diversas instituições, foi um testemunho do papel fundamental que o sindicato desempenha na defesa dos interesses do setor primário na região.

Compuseram a mesa de honra vice-presidente da FETAG-RS, Eugenio Zanetti, a vice-prefeita de Pinto Bandeira, Crislei Fachin, a Prefeita de Santa Tereza, Gisele Caumo, o presidente do Sindicato, Cedenir Posta, o deputado Estadual Elton Weber e o Secretário Municipal da Agricultura de Bento Gonçalves, Luis Carlos de Mari.
A prefeita de Santa Tereza, Gisele Caumo, destacou a importância do trabalho incansável dos agricultores. “Vocês que, de sol a sol, de chuva a chuva, com essas mãos calejadas que tanto nos orgulham, fazem com que a economia dos nossos municípios, do nosso Estado e, consequentemente, do nosso país avance”, declarou.
Ela expressou sua gratidão pela parceria com o sindicato, especialmente em momentos de crise, como as recentes catástrofes climáticas que assolaram a região. “Dizem que reconhecemos os amigos nos momentos difíceis e não nos momentos somente de comemorações e festividades. E o sindicato se mostrou, não somente de Santa Tereza, um parceiro, um auxiliador, aquele que realmente estendeu a mão quando Santa Tereza e outros municípios mais precisaram”, afirmou a prefeita, desejando um mandato de sucesso e resiliência à nova diretoria.
Desejo também reafirmado pela vice-prefeita de Pinto Bandeira, Crislei Fachin, que agradeceu a parceria entre o município e o sindicato, bem como o apoio destinado aos agricultores.
O deputado estadual Elton Weber ressaltou a relevância de uma representação sindical atuante. “Isso significa que a agricultura, a pecuária, os agricultores e familiares querem que continue o trabalho. E tem necessidade disso”, pontuou o parlamentar. Weber, que é agricultor e hoje ocupa uma cadeira na Assembleia Legislativa, descreveu a agricultura como a “única indústria a céu aberto”, sujeita aos caprichos do clima. Ele aproveitou a ocasião para criticar a burocracia e as dificuldades enfrentadas pelos produtores, citando a luta contra o contrabando de produtos como vinhos e espumantes, que prejudicam a produção local, e a necessidade de simplificar a contratação de mão de obra temporária.

Em seu discurso de posse, o presidente reeleito, Cedenir Postal, iniciou com um tom de humildade e gratidão, saudando as autoridades e parceiros, ele fez um sincero pedido de desculpas à sua família pelas ausências decorrentes do trabalho sindical. “Eu quero fazer aqui um agradecimento especial e um pedido de desculpas à minha família, pelas ausências, por não estar presente, até mesmo quando se está em casa, porque quando se chega em casa, se leva trabalho para casa”, disse, demonstrando o peso da responsabilidade que o cargo impõe. Ele destacou o papel crucial dos funcionários do sindicato, a quem se referiu como o “para-choque” da entidade, e agradeceu aos ex-presidentes, que construíram a história de 63 anos do sindicato, aos amigos, aos colegas de outros sindicatos e a todos os envolvidos em sua jornada.
Reconstrução e resiliência
Cedenir Postal, ao ser questionado sobre os desafios que seu mandato terá, afirma que a prioridade imediata é a superação da crise de mão de obra sazonal. “Acredito e tenho certeza que o maior desafio é resolvermos, ou pelo menos amenizarmos, a questão da contratação de mão de obra, que é um grande desafio para os agricultores”, afirma.
A burocracia, segundo ele, é um dos principais obstáculos. “Ela é onerosa e não pode ser para o agricultor na safra da uva, que fica com os safristas durante 5, 10 dias, tenha que fazer todos os mesmos trâmites que uma empresa que contrata ao longo do ano todo”, enfatiza o presidente.
Além da mão de obra, a recuperação das áreas atingidas pelas intempéries é um objetivo de longo prazo. “Muitos agricultores já estão recuperando essas áreas, só mesmo aquelas que ficaram diretamente na pedra, na rocha, essas não tem o que recuperar”, explica. Contudo, ele aponta para a necessidade de mais recursos e financiamentos. “Sempre tem desafios, o Plano Safra é uma delas para ter mais recursos para financiamento, isso a gente já vem fazendo e vai continuar fazendo sempre”, pontua.
Sobre a relação com o poder público, o presidente do sindicato mantém uma postura de diálogo. “Nós sempre tivemos uma boa relação com todas as entidades, sejam do poder público, entidades, nós procuramos estar sempre buscando o melhor para o nosso agricultor”, destaca. No entanto, ele não deixa de apontar as lacunas existentes. “Sabemos que temos alguns gargalos que precisamos vencer, nos auxílios temos algumas estradas que precisam ser melhoradas, asfaltos que precisam ser feitos em alguns locais onde não tem ajuda governamental por parte do Estado para melhorar as estradas que levam a produção para outros locais”, diz, demonstrando a necessidade de investimentos em infraestrutura.
União e esperança

O vice-presidente Antonio Faccin, por sua vez, foca na importância da participação e união da categoria. Seu objetivo é engajar mais associados, especialmente os jovens. “O objetivo é de poder conscientizar o associado e o não associado a participar do sindicato, porque a instituição é muito importante na região”, afirma Faccin. Ele ressalta a abrangência do sindicato, que engloba Bento Gonçalves, Monte Belo do Sul, Santa Tereza e Pinto Bandeira, e a necessidade de renovação. “Que as pessoas, especialmente os jovens, se conscientizem de participar, nós vamos precisar sempre mais de pessoas novas para que esse sindicato possa caminhar, que já estamos com 62 anos de sindicato”, reforça. Para ele, a motivação está na oportunidade de dar continuidade ao trabalho e, mais do que isso, na força da equipe. “A maior alegria também é trabalhar com uma equipe maravilhosa que nós temos, especialmente a partir do presidente, o Cedenir, uma pessoa maravilhosa que a gente se dá super bem”, compartilha.
Sua mensagem aos agricultores é de otimismo e fé. “A mensagem que eu dou, é que não se perca as esperanças. Que nós tenhamos fé nas pessoas que estão à frente do sindicato. Que não esmoreçam nunca na vida. Que não percam a fé, a esperança, o amor, a dignidade para ter sucesso na vida. Na vida dos pais, na vida dos filhos e dos netos também”, afirma.
O olhar de Brasília e Porto Alegre
A busca por recursos para a recuperação do setor rural é um tema que ecoa nos gabinetes estaduais e federais. O deputado estadual Elton Weber, em sua participação na entrevista, detalha as articulações que estão sendo feitas para trazer auxílio ao Rio Grande do Sul. “Nós temos juntamente com o sindicato e a FETAG trabalhado muito pontualmente para que a gente possa conseguir os recursos. Temo o Troca-Troca de Sementes gratuito para esse ano de milho e o programa que disponibiliza 300 milhões de reais para a recuperação de solos. É nesta linha que a gente entende que são os primeiros passos. Porque essa recuperação daquilo que se perdeu não vai ser exatamente em um ano que vamos recuperar”, pondera. A expectativa agora se volta para o anúncio do plano safra, com o objetivo de garantir que não haja aumento de juros e continue tendo valores expressivos suficientes para continuar fazendo aquilo que é a recuperação da capacidade produtiva das propriedades dos agricultores.
Questionado sobre a prevenção de futuras catástrofes climáticas, o deputado reconhece a limitação da ação humana, mas defende a importância de medidas de adaptação. “No que diz respeito ao clima, como seres humanos a nossa interferência é parcial. Nós não temos como prever exatamente ou nos preparar para tudo”, afirma. Contudo, ele aponta para ações que podem ser feitas, como a limpeza dos rios e a manutenção de florestas em áreas de risco. “O que quer o rio antes e tirarmos aqueles entulhos que podem ser pedras, terra, areia, madeira, árvores, para que o rio possa ter o seu fluxo. Isso também ajuda no que diz respeito às inundações”, sugere. A adaptação, segundo ele, é a chave, e a necessidade de estudos técnicos e pesquisa é fundamental para garantir a eficiência das ações.
Sobre os protestos de agricultores em rodovias, o deputado expressa sua solidariedade e critica a lentidão do Governo Federal em dar respostas. “Eu tenho uma opinião de crítica sim à demora do Governo Federal em responder. Porque a pauta do que se pediu, que a FETAG, sindicatos, cooperativas, entidades, o meio político acertou, já foi em fevereiro deste ano entregue”, revela. Para Weber, a inércia do governo é um “certo descaso” com o Rio Grande do Sul. A principal demanda dos agricultores não é a anistia, mas sim a renegociação das dívidas com juros e prazos de pagamento que permitam o recomeço. “O que nós queremos é juros e condições de pagamento. E esta briga vai continuar e é isso que estamos trabalhando até termos algum resultado, pelo menos”, conclui.

Diretoria eleita em 22 de maio de 2025
Presidente: Cedenir Postal
Vice-presidente: Antonio Faccin
1° secretária: Alana Foresti
2° secretária: Teresinha Massoco Paese
1° tesoureiro: Gilmar Cantelli
2°tesoureiro: Giovani Strapasson
Suplentes da diretoria
1ª Teresinha Belitzki Tonet
2º Lucas Stringhini Tasca
3º Valdecir Bellé
Conselho fiscal:
1º Vinícius Manfredini
2º Sidnei Tadeu Marin
3º Janete Teresinha Dendena Remus
Suplentes da do conselho fiscal
1º Ivone Frá Osmarim
2º Cleonice Teresinha Favaretto Tomasi
3º Tiago Bach de Almeida