O Vírus Sincicial Respiratório (VSR), um agente infeccioso altamente contagioso, emerge como uma preocupação significativa para a saúde pública, especialmente entre a população com mais de 60 anos. A facilidade de transmissão do VSR, que ocorre tanto pelo contato com superfícies contaminadas quanto pela inalação de gotículas respiratórias liberadas por pessoas infectadas ao tossir ou espirrar, pode levar a quadros de doença que demandam hospitalização.


Segundo o Fernando Spilki, virologista da Universidade Feevale e coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Vigilância Genômica de Vírus, devido a pandemia ampliou-se a possibilidade identificação de doenças respiratórias em idosos. “Chama a atenção que além da Influenza (gripe) e do próprio SARS-CoV-2, o vírus respiratório sincicial tem sido uma causa importante de pneumonia em idosos”.

Fernando Spilki, virologista

Sintomas
De acordo com Spilki, VSR manifesta-se com sintomas que podem ser facilmente confundidos com os de outras infecções respiratórias, como “mal estar, apatia, dor no corpo, dificuldade para respirar”, conforme explica o pesquisador. Diante da semelhança inicial, é crucial estar atento à progressão dos sintomas e buscar avaliação médica caso haja um agravamento no quadro.

Comorbidades
Indivíduos com condições de saúde preexistentes demandam atenção redobrada, uma vez que o VSR pode exacerbar seus quadros clínicos. O especialista salienta que “as comorbidades que agravam quadros são similares àquelas que conhecemos para Covid-19, hipertensão, doença cardíaca, diabetes, outras doenças que tragam debilidade física”. Portanto, a presença dessas condições subjacentes reforça a importância da prevenção e do acompanhamento médico em caso de suspeita de infecção pelo VSR.

Cuidados
A doença respiratória é transmitida principalmente pelo ar como também com contato direto com a saliva do infectado, de acordo com o virologista. Para que isso não aconteça, medidas de higiene são fundamentais para evitar a transmissão do vírus. “Medidas de higiene são similares às de covid-19, manter ambientes arejados, lavagem das mãos e uso de máscara, caso alguém da família tenha sinais de doença respiratória. Outra dica importante é que os bebês e crianças pequenas são uma fonte importante de dispersão, pois o vírus é frequente em ambientes que elas frequentam. Então deve-se ter um cuidado especial em evitar contato das vovós e vovôs caso a criança esteja com sinais de doença respiratória em geral. Outra medida possível, mas ainda de difícil acesso pelo preço, é a vacinação”, afirma Spilki. Além disso, segundo o virologista, o vírus é sensível a desinfetante, podendo ser “destruído” no ambiente com medidas de higiene adequadas.


As crianças e os idosos são as faixas etárias em que mais devem tomar cuidados. “Em crianças pequenas (especialmente bebês) e em idosos, o vírus pode atingir o trato respiratório inferior, podendo levar a doença respiratória grave. Em crianças maiores e adultos, a infecção é usualmente mais leve”, destaca o especialista.


“Se tratando de idosos, toda doença respiratória exige monitoramento atento e a busca por auxílio médico se torna crucial”, enfatiza o virologista. Para aqueles que contraírem o VSR, o especialista adverte sobre a importância de um acompanhamento cuidadoso dos sintomas e do período da doença. Ele ressalta ainda que “a imunidade dada pela infecção com VSR infelizmente pode ser de curta duração, então o indivíduo fica exposto a novas infecções no futuro”. Portanto, a vigilância contínua e a atenção aos sinais são medidas preventivas importantes, especialmente em grupos de maior risco.


Diante da similaridade com outras infecções respiratórias, Spilki ressalta: “’VSR, Influenza e SARS-CoV-2 têm vias de transmissão e efeitos sobre o organismo muito similares, por isso é importante adotar medidas gerais de higiene, restrição de contato com pessoas apresentando sintomas de doença respiratória e buscar ajuda médica caso sintomas apareçam’”.

Vacina
A principal forma de proteção contra o VSR reside em práticas de higiene rigorosas e na vacinação, sendo que esta última apresenta diferentes cenários de disponibilidade. “Há uma vacina para idosos disponível na rede particular, enquanto na rede pública existe uma vacina para gestantes e bebês, cuja adoção se iniciou neste ano”, esclarece o infectologista. Assim, enquanto os idosos contam com a opção da imunização na rede privada, a rede pública prioriza a proteção de gestantes e lactentes, grupos também vulneráveis à doença.


Apesar da ausência de vacina contra o VSR na rede pública para a população idosa, o infectologista destaca a importância para a manutenção da carteira de vacinação em dia. “Também lembrar que mesmo não havendo acesso amplo à vacina de VSR, as vacinas de COVID-19 e Gripe são importantes, seguras e estão disponíveis na rede pública”, explica, reforçando a necessidade de proteção contra outras doenças respiratórias relevantes.