Fundada em setembro de 2007, a Associação Integrada do Desenvolvimento do Down (AIDD), em Bento Gonçalves, é hoje uma referência regional no atendimento e promoção de direitos das pessoas com Síndrome de Down e suas famílias. Mais que uma entidade assistencial, a AIDD é símbolo de afeto, acolhimento e luta pela inclusão social.

A história da associação começou com a força de uma mãe: Marili Zappaz, ao lado de outras famílias que buscavam apoio e orientação sobre como criar filhos com Síndrome de Down. “No início, eram encontros com palestras, conversas e muita troca de vivências. Com o tempo, percebemos que os atendimentos especializados não eram facilmente acessíveis pelo sistema público, e decidimos lutar para ofertar esses serviços às crianças”, relembra Vanusa Rodrigues Posso, assistente social da AIDD.

A instituição realiza diversas atividades visando a inclusão social, através de passeios, oficinas diversas e grupo de convivência

Ações e serviços que fazem a diferença

A AIDD oferece uma série de atividades que visam o desenvolvimento físico, emocional e social dos seus usuários. São oficinas de dança, capoeira, hidroginástica, atividades pedagógicas e atendimentos psicossociais. “São serviços e projetos que contribuem com o desenvolvimento físico e psíquico, a autonomia e a inclusão social. Além disso, nós promovemos ações de integração e fortalecimento de vínculos entre as famílias, através de passeios, comemorações de datas festivas, entre outras atividades”, explica Vanusa.

Além disso, a entidade colabora com o custeio de atendimentos fundamentais como fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional. “As crianças necessitam atendimentos especializados desde o nascimento, mas infelizmente esses atendimentos tem longa fila de espera pela rede do SUS, atrasando o seu desenvolvimento. Outra necessidade é a falta de monitores nas escolas públicas e falta de profissionais qualificados”, evidencia.

Atividade com a fonoaudióloga “Consciência fonológica para alfabetização”

O início

O início das atividades se deu com o encontro das famílias que participavam de palestras com profissionais convidados, e a partir disso realizavam uma troca de vivências entre eles. “Com o passar do tempo observou-se que os pais encontravam dificuldades em conseguir os atendimentos especializados de forma gratuita pelo município, e depois começou-se a buscar recursos para oferecer às crianças esses atendimentos essenciais para o seu desenvolvimento, inicialmente ofertando atendimentos de fonoaudiologia, psicopedagogia e oficinas de dança”, conta Vanusa. Com o passar do tempo identificou-se a necessidade de atendimento psicossocial para as famílias que chegavam na chamada fase de “Luto” por muitas vezes não estarem orientadas de como agir e trabalhar com a criança Down.

Conforme pontua a assistente social, desde então a entidade vem promovendo atividades de inclusão através de projetos sociais de relevância pública, por tempo indeterminado, congregando as pessoas com Síndrome de Down, familiares, amigos, profissionais e sociedade em geral, como consta nos Artigos 1° e 2° do seu Estatuto Social.

Espaços para a convivência

Segundo Tatiane Baccon Fagundes, psicopedagoga da AIDD, um dos diferenciais da associação é o olhar para o fortalecimento emocional de todos os envolvidos, ainda que a entidade enfrente dificuldades. “O maior desafio é a captação de recursos financeiros para dar continuidade e ampliar a oferta de atendimentos”, afirma.

Para os jovens, a entidade mantém grupos de convivência e articulações com empresas da região, viabilizando oportunidades de inserção no mercado de trabalho. “Hoje, quatro jovens atendidos pela AIDD estão empregados, através dessa parceria da entidade, famílias e empresas”, destaca Tatiane.

A AIDD realiza a articulação com empresas para encaminhar pacientes para o mercado de trabalho e capacitações

Conscientização e combate ao preconceito

Para combater estigmas e preconceitos, a associação realiza campanhas de conscientização nas escolas e na comunidade. “Essas ações contribuem para valorização da pessoa com síndrome de Down, fortalecimento da ideia de que a pessoa é como qualquer outra, promoção de respeito, diversidade e igualdade de oportunidades e desenvolvimento pessoal e autonomia das pessoas com síndrome de Down”, afirma Tatiane.

Todos os anos, no Dia Internacional da Síndrome de Down, 21 de março, a AIDD promove apresentações de dança em frente à prefeitura, reforçando a importância da inclusão e da visibilidade.

Apoio da comunidade e sonhos futuros

A manutenção das atividades é um desafio constante. Sem fins lucrativos, a AIDD se sustenta com editais públicos, doações e a venda de produtos coloniais — como pães, grostolis, cucas e biscoitos — preparados semanalmente na sede da entidade, com a ajuda de voluntários. A comunidade também pode colaborar por meio do brechó solidário, doações de roupas e tampinhas, e pela indicação da instituição no programa Nota Fiscal Gaúcha.

O espaço da instituição é cedido pela Prefeitura Municipal de Bento Gonçalves, a mesma se mantém financeiramente através de editais do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (COMDICA) e articulação com empresas, mas a principal fonte são recursos próprios captados através de realização de eventos e venda dos produtos coloniais do projeto Amor e Sabor.

Parcerias com empresas como a Vinícola Aurora, mercados locais e programas como o Troco Solidário também ajudam a manter o funcionamento dos projetos. A associação ainda integra conselhos municipais voltados à criança, assistência social e pessoas com deficiência.

Mas os planos da AIDD vão além. “Nosso sonho é construir uma sede própria, com espaço adequado para realizar os atendimentos, ter uma equipe interdisciplinar, poder ofertar todos os dias atividades de convivência para o grupo de jovens e adultos e ofertar atendimentos especializados diversos que contribuam para o desenvolvimento dos bebês e crianças pequenas com Síndrome de Down”, compartilha Vanusa.

Histórias que inspiram

Ao longo dos seus 17 anos de atuação, a AIDD coleciona histórias inspiradoras. “O desenvolvimento na fala, motor de cada criança e uma conquista, a inserção das pessoas com Síndrome de Down em eventos diversos na comunidade, sem preconceito, estigmas e rótulos, a inclusão no mercado de trabalho e capacitação profissional. O desenvolvimento da autonomia nas atividades diárias dos nossos jovens e adultos, são motivos de comemoração de todos da família, os usuários e a entidade”, conclui Tatiane.
Para conhecer mais sobre o trabalho da AIDD, siga @aiddbg no Instagram ou acesse o Facebook: AIDD BG.