Quem não lembra de um dos jargões mais icônicos do Carnaval? “Ááágua mineral, áágua mineral, áágua mineral, você vai ficar legal!” E, claro, o clássico “Mamãe eu quero…”, além dos inesquecíveis axés da Banda Eva e outros hits que marcaram época.
Não é preciso viajar para o Rio, Nordeste ou até São Paulo para sentir a energia do Carnaval. Há vinte anos, em Bento Gonçalves, o Carnaval era um evento imperdível. Eram cinco noites intensas, repletas de folia nos blocos mais tradicionais da cidade. Eu me lembro bem de alguns, como o Filhos da Mãe e o Chupiskão, KY, UTI, Caipira a Balde, entre outros que, por ora, me escapam o nome.
E como esquecer do Carnabilly, que animava as noites em diversos pontos da cidade, como o Sest Senat, o Clube Aliança e até o Susfa? As concentrações dos blocos, por si só, já eram uma festa. E ainda tinham os shows de artistas incríveis que vinham para agitar: FatDuo, Armandinho, MC Jean Paul, Papas da Língua, Comunidade Nin-Jitsu, Claus e Vanessa… Era o auge da diversão!
Ao recordar esses tempos, não consigo entender como conseguíamos sobreviver a tantas noites de folia. Como resistíamos até as 5h da manhã, em pé, com o calor, a multidão, o suor por todos os lados e até as pessoas passando mal, mas todos cantando e sorrindo?
Naquela época, ninguém viajava para a praia, pois todos estavam ansiosos para o Carnaval, com o passaporte da diversão garantido. Perigos eram poucos. Íamos e voltávamos a pé ou de ônibus, que passava a cada hora.
As turmas eram grandes e todos ficavam juntos. Difícil imaginar como conseguimos ficar 12 horas sem comunicação, sem celular. Mas a diversão estava ali, nas conversas e risadas entre os amigos.
Hoje, o cenário é bem diferente. O Carnaval, que por tantos anos foi uma tradição em Bento, já não existe mais. Fico triste pelos jovens de hoje, que não têm mais um espaço para cantar, dançar, conhecer pessoas e se divertir como nós fizemos.
A tal da “modernidade” acabou com o encanto de muitas coisas. Agora, só me resta ir ao Carnaval infantil (se ainda houver), criar uma playlist no Spotify e cantar, com alegria, relembrando os bons tempos: “Allah-lá-ô, ô ô ô ô ô ô / Mas que calor ô ô ô ô ô ô”.