Gaúchos encerram o ano com redução no número de inadimplentes e dívidas acumuladas, porém enfrentam desafios na recuperação de crédito

O ano de 2024 trouxe alívio para o cenário de inadimplência no Rio Grande do Sul, mas também revelou um ritmo mais lento na quitação de dívidas pelos consumidores. Dados do SPC Brasil, divulgados pela Federação Varejista do RS, mostram que o estado registrou uma queda de 2,69% no número de inadimplentes em relação a dezembro de 2023, um desempenho superior à média da Região Sul (-0,94%) e ao aumento nacional de 1,92%.

Apesar da melhoria geral, o ritmo de recuperação de crédito caiu. Ainda assim, os gaúchos se destacaram frente à Região Sul e ao país, com indicadores positivos que contrastam com os desafios na quitação de dívidas acumuladas.

Perfil da inadimplência no Rio Grande do Sul

O consumidor inadimplente gaúcho tem, em média, 46,4 anos, sendo que a maioria (23,43%) está na faixa etária de 30 a 39 anos. Bancos são os principais credores, representando 61,67% das dívidas, seguidos pelo comércio (9,99%).

Além disso, houve redução de 3,86% no número de dívidas acumuladas, superando as médias regionais e nacionais, embora o desempenho no último bimestre tenha sido mais modesto, com queda de apenas 0,16% entre novembro e dezembro. Enquanto no estado a média de dívidas por inadimplente foi de 2,131, a Região Sul registrou 2,2, e o Brasil, 2,104.

Entre os inadimplentes gaúchos, 85,83% são reincidentes, com 60,39% sem quitar suas dívidas nos últimos 12 meses e 25,44% retornando aos registros após quitá-las anteriormente. Apesar disso, o volume de reincidência caiu expressivamente, com redução de 20,01% em relação a 2023.

Recuperação de crédito: desafios e tendências

Embora a inadimplência tenha diminuído, os dados apontam para uma desaceleração na recuperação de crédito. O tempo médio para quitação de dívidas no estado é de 10,8 meses, com metade dos inadimplentes quitando seus débitos em até 90 dias.

Em 2024, a média de dívidas não pagas pelos inadimplentes foi de R$ 4.574,92, com quase metade (44,92%) devendo até R$ 1 mil. Por outro lado, os consumidores em processo de recuperação de crédito pagaram, em média, R$ 3.096,97 em dezembro, com 51,06% dos pagamentos abaixo de R$ 500.

O levantamento destaca uma redução de 13,57% no volume de recuperações de crédito entre 91 dias e 1 ano, com aumento apenas nos períodos de 1 a 3 anos e de 4 a 5 anos, que cresceram 15,54%. O maior grupo de consumidores que recuperaram o crédito em 2024 tem entre 50 e 64 anos (24,4%), com idade média de 51,9 anos, superior à dos inadimplentes.

Comparativo regional e nacional

A recuperação de crédito no Rio Grande do Sul caiu 7,81% em 2024, um desempenho ainda melhor do que a média da Região Sul (-8,69%) e próximo ao índice nacional (-7,30%).

O tempo médio de atraso nas contas dos inadimplentes gaúchos foi de 27 meses, com 38,19% das dívidas acumuladas entre 1 e 3 anos. Apesar disso, o estado se mantém como referência em gestão de dívidas na Região Sul, destacando-se pela capacidade de mitigar os impactos da inadimplência.

Perspectivas e desafios

Os dados do SPC Brasil revelam que o consumidor gaúcho conseguiu reduzir dívidas e inadimplência em 2024, mas enfrenta desafios para manter o ritmo de recuperação de crédito. A redução no volume de reincidência é um sinal positivo, indicando maior conscientização financeira, mas o tempo prolongado para quitação de débitos e a desaceleração no pagamento médio preocupam.

A Federação Varejista do RS reforça a importância de iniciativas educativas e de suporte aos consumidores, visando equilibrar o controle das finanças pessoais e fortalecer o mercado local. A continuidade de políticas públicas e ações voltadas à reestruturação econômica será essencial para que o Rio Grande do Sul mantenha sua trajetória de melhoria nos índices de inadimplência e recuperação de crédito nos próximos anos.