O Ministério da Saúde atualizou as diretrizes para o tratamento de pessoas vivendo com HIV (PVHIV), ampliando a distribuição do medicamento Dovato, de dose única diária, pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O objetivo é proporcionar maior qualidade de vida e simplificar a adesão ao tratamento, reduzindo a quantidade de comprimidos ingeridos diariamente.
Atualizações no tratamento
Com a publicação da Nota Técnica 214/2024, pacientes a partir de 40 anos que iniciaram a terapia dupla com lamivudina e dolutegravir em monofármacos separados até 1º de setembro de 2024 poderão migrar para o Dovato. Antes, apenas pessoas que começaram o tratamento até março de 2024 estavam aptas. A mudança beneficia quem segue os critérios clínicos estabelecidos, como carga viral indetectável, adesão regular ao tratamento e ausência de resistência aos componentes do medicamento.
O Dovato combina lamivudina 300mg e dolutegravir 50mg em um único comprimido, substituindo o esquema anterior de três comprimidos diários (dois de lamivudina e um de dolutegravir). Além de ser mais prático, o tratamento reduz a toxicidade e mantém a eficácia no controle do vírus.
Ampliação para outros grupos
Pacientes com mais de 40 anos que utilizam a terapia “3 em 1” (tenofovir, lamivudina e efavirenz) também estão aptos à migração para o Dovato, especialmente aqueles com comorbidades, uso prolongado de tenofovir ou em “polifarmácia” (uso de múltiplos medicamentos). Essa mudança busca atender grupos prioritários e resolver dificuldades na aquisição internacional dos medicamentos de dose única “3 em 1”, agravadas por instabilidades na produção.
Impacto no Brasil
Desde sua inclusão no SUS em outubro de 2023, cerca de 80 mil pessoas migraram para o esquema de dose única, enquanto 45 mil ainda seguem com a terapia dupla. Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil registrou 46.495 novos casos de HIV em 2023, um aumento de 4,5% em relação ao ano anterior. Apesar disso, a mortalidade relacionada ao HIV caiu 32,9% na última década, com uma média de 3,9 óbitos a cada 100 mil habitantes em 2023.
O infectologista Rodrigo Zilli, diretor médico da GSK/ViiV Healthcare, ressalta que o avanço é significativo para o combate ao HIV. “O Dovato reduz a toxicidade do tratamento e melhora a adesão, proporcionando melhor qualidade de vida aos pacientes. É essencial iniciar o tratamento o mais rápido possível para controlar a infecção e prevenir sua evolução para a Aids,” afirma Zilli.
Evolução do tratamento
Os antirretrovirais revolucionaram o tratamento do HIV desde sua introdução nos anos 1980. Atualmente, pessoas que aderem ao tratamento têm expectativa de vida semelhante àquelas que não convivem com o vírus. Segundo o Relatório Global do UNAIDS 2023, o acesso ao tratamento evitou quase 21 milhões de mortes relacionadas à Aids nas últimas três décadas.
Sobre o Dovato e a ViiV Healthcare
Desenvolvido pela GSK/ViiV Healthcare em parceria com a Farmanguinhos/Fiocruz, o Dovato pode ser administrado em jejum e é indicado para adolescentes a partir de 12 anos com peso mínimo de 25kg, sem resistência conhecida aos seus componentes. A ViiV Healthcare, criada em 2009, é líder mundial no desenvolvimento de tratamentos para HIV e opera em mais de 50 países.
A ampliação da distribuição do Dovato pelo SUS reflete o compromisso do Brasil com a saúde pública, fortalecendo um programa de combate ao HIV reconhecido internacionalmente.