O Ministério da Saúde alerta para aumento dos casos na temporada de verão 2025. Em Bento Gonçalves, agentes da vigilância sanitária são responsáveis pela prevenção diária em diferentes localidades

O ano de 2024 fechou com 207.700 casos confirmados e 281 óbitos de dengue no estado do Rio Grande do Sul. No Brasil, foram registrados 6,6 milhões de casos e 6 mil mortes pela doença, acendendo um alerta ao Ministério da Saúde para o ano de 2025. O Brasil já contabiliza mais de 16 mil casos prováveis de dengue nos primeiros 11 dias de 2025, sem mortes confirmadas até o momento. Embora os números estejam abaixo dos registrados no mesmo período do ano passado, quando mais de 50 mil casos e 48 óbitos foram reportados, há um alerta para o possível aumento de casos em seis estados: Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Tocantins e Mato Grosso do Sul.

Ação da vigilância sanitária de Bento Gonçalves foto: Divulgação/Prefeitura

A dengue é uma doença viral causada por quatro sorotipos do vírus DENV (1, 2, 3 e 4), pertencente ao gênero Flavivirus e à família Flaviviridae. A principal forma de transmissão ocorre através da picada da fêmea infectada do mosquito Aedes aegypti, vetor predominante nas Américas. Apesar de menos comuns, há registros de transmissão vertical (de mãe para filho) e por transfusão de sangue. Não há transmissão direta entre pessoas infectadas.

Cenário em Bento Gonçalves

No município, a preocupação é constante. Após registrar 298 casos de dengue no ano passado, dos quais 265 foram autóctones (transmitidos dentro do município), as ações de combate ao mosquito Aedes aegypti foram intensificadas pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Os agentes de endemias realizam visitas diárias a residências, empresas e espaços públicos, com o objetivo de identificar e eliminar possíveis criadouros do mosquito.

Entre os bairros mais críticos, onde larvas do mosquito foram encontradas, estão: Botafogo, Vinhedos, Progresso, Borgo, Licorsul, Vila Nova II, Barracão, Eucaliptos, São Francisco, Santa Rita, Santo Antão, Santa Marta, Municipal, Glória, Conceição, São João, Eulália, Universitário, Cohab e Vila Nova. Além das inspeções, estão sendo instaladas armadilhas estratégicas, que ajudam a remover ovos do ambiente e monitorar a infestação em cada região.

Período de incubação

Após a picada do mosquito infectado, os sintomas geralmente surgem entre 3 e 15 dias, com uma média de 6 dias. Durante a fase de viremia, que se inicia um dia antes do aparecimento da febre e se estende até o quinto dia da doença, o vírus circula no organismo. Se um mosquito saudável picar uma pessoa nesse período, ele pode se infectar e, após um período de incubação de 8 a 12 dias, tornar-se capaz de transmitir o vírus pelo restante de sua vida, que pode durar até 45 dias.

A médica veterinária da Vigilância Ambiental, Analiz Zattera, alerta: “o mosquito Aedes se prolifera em 80% dos casos dentro dos imóveis e nos seus quintais, porque o inseto precisa de locais como caixas d’água, pneus, baldes e garrafas para a postura dos ovos. Quando esses recipientes acumulam água por mais de uma semana, tornam-se criadouros ideais. Além disso, é nesses espaços que o mosquito encontra sua alimentação: o sangue humano”, explica.

Esquematização do ciclo de transmissão do vírus da dengue
Foto: Nathielly Paz

Sintomas

Os sintomas da dengue incluem febre alta (39°C a 40°C) com duração de 2 a 7 dias, dor atrás dos olhos, dor de cabeça, dores musculares e articulares, mal-estar geral, náuseas, vômitos, diarreia e erupções cutâneas com ou sem coceira. Em casos graves, podem ocorrer sinais de alarme, como dor abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes, acúmulo de líquidos em cavidades corporais (ascite, derrame pleural, derrame pericárdico), hipotensão postural, letargia, aumento do tamanho do fígado e sangramento de mucosas. A progressão para formas graves pode levar ao choque e, em casos extremos, ao óbito.

Fatores de risco

Embora todas as faixas etárias sejam suscetíveis à dengue, indivíduos com condições preexistentes, como mulheres grávidas, lactentes, crianças até 2 anos e pessoas com mais de 65 anos, têm maior risco de desenvolver complicações. Além disso, pessoas que já foram infectadas por um sorotipo do vírus podem apresentar maior risco de gravidade em infecções subsequentes por sorotipos diferentes, uma vez que a imunidade adquirida é específica para o sorotipo previamente contraído.

Tratamento

Não existe um medicamento antiviral específico para a dengue. O tratamento é sintomático, focando no alívio dos sintomas e na manutenção da hidratação. Em casos graves, pode ser necessária hospitalização para monitoramento e suporte intensivo. É fundamental procurar assistência médica ao apresentar sintomas sugestivos de dengue, especialmente se houver sinais de alarme.

Prevenção

Analiz ressalta ainda que um tempo de 15 minutos semanais é suficiente para vistoriar e eliminar possíveis criadouros em casa. Ela destaca que “os ralos, tanto internos quanto externos, têm se mostrado grandes criadouros na cidade, assim como os reservatórios de água da chuva”, comenta.
Em áreas com casos positivos de dengue, os agentes estão conduzindo pesquisas vetoriais especiais e aplicando desinsetização para conter a proliferação do mosquito. Locais abandonados ou com acúmulo de lixo em vias públicas podem ser denunciados pelo telefone 3055-7142.

A dengue, uma doença viral transmitida principalmente pelo mosquito Aedes aegypti, continua sendo um desafio global. Após a picada do mosquito infectado, os sintomas podem surgir entre 3 e 15 dias, incluindo febre alta, dores musculares, náuseas e, em casos graves, sinais de alarme como sangramentos e choque. Em situações mais severas, a doença pode levar ao óbito.

Para prevenir a dengue, além de eliminar locais com água parada, o uso de repelentes, roupas que cubram a pele e a instalação de telas em portas e janelas são medidas recomendadas. No Brasil, a vacinação contra a dengue foi incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS) em dezembro de 2023, representando um avanço significativo no combate à doença.