Moradores da comunidade do Vale dos Vinhedos e a Associação do Cemitério Vinosul, localizada em Bento Gonçalves, estão enfrentando um problema recorrente e que vem gerando indignação entre os residentes e associados: a prática de “despachos” ou “trabalhos” espirituais deixados em frente ao cemitério. O local, que recebe diariamente transeuntes, turistas e familiares de falecidos, tem sido alvo de práticas que, segundo os denunciantes, demonstram desrespeito com a comunidade e com aqueles que frequentam o cemitério.
Em depoimentos à reportagem, o presidente Fernando Belitzki, relata que há anos a associação enfrenta essa situação. Eles enfatizam que, embora respeitem as crenças religiosas de cada indivíduo, os trabalhos espirituais realizados em frente ao cemitério têm se tornado um transtorno contínuo para os moradores e visitantes. “Não estamos falando de religião, mas sim de um desrespeito com os associados, transeuntes, turistas e a comunidade em geral que passam ali todos os dias”, afirma.
“Despachos” deixam o local com forte mau cheiro
Recentemente, a situação piorou. Na última semana, a Associação encontrou dois grandes despachos deixados em pontos estratégicos da entrada do cemitério: um na porta principal e outro na lateral. A denúncia é de que, após os trabalhos serem realizados, ninguém retorna para limpar ou retirar os itens deixados, o que gera um enorme desconforto para quem frequenta o local.
Entre os itens encontrados nos despachos estão milho, pipoca, cachaça, charuto, galinha morta e até mesmo um cabrito, que teve de ser enterrado devido ao mau cheiro causado pela putrefação do animal. “Nós, da associação, é que temos que providenciar a retirada e limpeza. Em um dos casos, tivemos que abrir um buraco para enterrar o cabrito morto, pois o cheiro estava insuportável”, relata o Belitzki.
Câmeras de monitoramento e boletim de ocorrência
A situação tem gerado tanto desconforto que a Associação do Cemitério Vinosul decidiu tomar providências. “Há câmeras de vídeo monitoramento da Brigada Militar em frente ao cemitério, e vamos registrar um boletim de ocorrência para formalizar nossa reclamação e solicitar que as gravações sejam analisadas”, explica o presidente da associação. Eles esperam que as imagens possam ajudar a identificar os responsáveis e que as devidas providências sejam tomadas pelas autoridades.
A Associação também registrou sua indignação com a falta de ação por parte de autoridades locais. Segundo eles, a situação é recorrente, e a responsabilidade pela limpeza do local recai sempre sobre os próprios associados. “Não é justo que tenhamos que lidar com isso sozinhos. A comunidade e os turistas que passam por aqui merecem um ambiente limpo e respeitoso”, afirma Belitzki.
Fotos: Associação do Cemitério Vinosul