No mês que comemora o dia do professor, o Semanário traz reportagem especial, contando quatro histórias de docentes locais
Na vida de todo professor, as horas diante de uma turma representam mais que o tempo dedicado ao ensino formal; elas simbolizam um compromisso com o desenvolvimento humano e social. Bruna Bedin Soliman Nicoletto, Marilúcia Cantelli, Rochel Gehlen e Matheus Caprara Pelegrini trazem, cada um, um olhar sensível e particular para a missão de ensinar. Com jornadas distintas, eles compartilham experiências e desafios de uma carreira que, para muitos, começou como um sonho.
Uma vocação desde a infância
Para Bruna Bedin Soliman Nicoletto, a docência sempre foi um chamado claro: “Sempre gostei de crianças, de ouvi-las e estar perto delas”, afirma, recordando como a casa de seus pais estava sempre cheia. Com graduação em Pedagogia e especializações em Psicopedagogia, Neuropsicopedagogia e Educação Inclusiva, Bruna acredita que a decisão foi natural, impulsionada pelo amor às crianças e pela capacidade de escuta. Ela lembra que o momento mais emocionante da carreira foi o dia da formatura, seguido da oferta para ser professora titular.
Já Marilúcia Cantelli, professora com formação em Letras e pós-graduação em Leitura e Produção Textual, foi inspirada pelas mulheres de sua família, que já atuavam como educadoras. Ela relembra: “Desde criança, brincava de dar aulas; era um sonho que nunca passou”, comenta. Para ela, a jornada no magistério foi trabalhosa, mas gratificante. “Quando se gosta do que se faz, tudo fica mais agradável”, afirma, que ainda se emociona com os encontros casuais com ex-alunos que expressam gratidão por seus ensinamentos.
Rochel Gehlen, advogada de formação e professora de Geografia desde agosto de 2024, encontrou na docência uma forma de transformação social. “Acredito que somente a educação pode mudar nossa sociedade”, afirma. Rochel vê a tecnologia como uma ferramenta essencial para o ensino, mas também alerta para os excessos: “O contato humano é essencial, e a inteligência não deve ser apenas artificial”, diz. Ela busca sempre métodos que equilibrem inovação e humanização em sala de aula, acreditando que a educação deve valorizar o estudante em sua integralidade.
Desafios e motivação
A carreira docente é cercada de desafios. Bruna menciona a falta de reconhecimento pela sociedade como uma das maiores dificuldades, enquanto Marilúcia ressalta as adaptações ao ensino remoto durante a pandemia, especialmente desafiador para a alfabetização infantil. No entanto, ambas se mantêm motivadas pelo carinho dos alunos: para Bruna, bilhetes e desenhos confirmam que está no caminho certo; já Marilúcia se emociona ao ver o progresso e o brilho no olhar dos alunos e pais ao longo da jornada.
Para Marilúcia, um dos desafios mais recentes foi a adaptação ao ensino remoto durante a pandemia. “Ensinar on-line para crianças, especialmente as em fase de alfabetização, foi complicado”, recorda. No entanto, ela nunca pensou em desistir, e confessa que o prazer em dar aulas e ver o “brilho no olhar” dos alunos é o que a mantém firme na profissão.
Matheus Caprara Pelegrini, professor de História, possui uma experiência de quatro anos como docente autônomo no meio tradicionalista e está há quatro meses na educação básica. Sua trajetória no ensino começou cedo, no Centro de Tradições Gaúchas (CTG), onde sempre teve oportunidades de ensinar e aprender. Hoje, ele se vê desafiado a inovar e criar vínculos, mas acredita que “o simples, quando bem feito, colhe mais frutos do que a busca constante por inovação sem propósito”, diz. Para ele, a essência do ensino é a conexão humana e autêntica com os alunos.
Evolução
Os professores notam mudanças significativas na docência ao longo dos anos. Bruna destaca a importância de um reconhecimento social mais amplo sobre o papel transformador da educação, enquanto Rochel observa que o avanço da tecnologia deve ser equilibrado com o contato humano. ‘O conhecimento se amplia com a tecnologia, mas o professor continua essencial na mediação e conexão com os alunos,’ ela explica.
Rochel observa a crescente presença da tecnologia em sala de aula e acredita que a integração precisa manter o equilíbrio com as relações humanas: “O contato humano é essencial, e a inteligência não deve ser apenas artificial”, pontua. Para ela, a tecnologia amplia o acesso ao conhecimento, mas não deve substituir o papel essencial do professor como mediador.
Reconhecimentos que marcam
Para estes professores, o reconhecimento não vem apenas de prêmios ou certificações, mas de momentos comoventes com alunos. Bruna guarda com carinho os bilhetes, desenhos e cartas recebidos, que, segundo ela, são gestos que confirmam que está no caminho certo. Marilúcia também se emociona com as vitórias dos alunos, especialmente ao acompanhar de perto o processo de alfabetização e notar o brilho nos olhos dos pais e das crianças.
Pelegrini valoriza os momentos de reconhecimento espontâneo dentro do ambiente escolar. “A sala de aula é um lugar de fortes emoções, e, mesmo nos dias difíceis, gestos de carinho dos alunos tornam o trabalho especial,” conta ele.
Motivação e conselhos para novos professores
Os professores continuam motivados pela missão de oferecer uma educação significativa. Bruna acredita que ver o potencial em cada criança é essencial, enquanto Marilúcia considera a sala de aula um ‘mundo à parte’, onde cada aluno traz inocência e entusiasmo. Em suas palavras, todos incentivam os novos professores a equilibrar dedicação e paixão.
Ao aconselhar os novos docentes, Bruna enfatiza o equilíbrio entre estudo e dedicação pessoal: “Estude, mas nunca esqueça que tens um coração, pronto para dar e receber carinho.” Marilúcia incentiva os iniciantes a seguir o sonho com responsabilidade e Pelegrini, com humildade, compartilha: “Vem comigo, que no caminho a gente se explica!”, diz.
Em relação ao futuro da educação, Rochel espera ver o dia em que os professores sejam valorizados no nível de sua importância. Ela planeja continuar se aprofundando em sua área, com o objetivo de um dia ingressar no mestrado e ser lembrada com o mesmo carinho com que lembra dos mestres que a inspiraram. Bruna deseja deixar um legado de respeito à infância e de incentivo para que as crianças expressem suas ideias e sejam ouvidas. Marilúcia acredita que, se puder servir de inspiração para alguém, seu trabalho estará cumprido.
Estas histórias ilustram como o compromisso, a dedicação e o afeto desses professores se traduzem em uma influência duradoura nas vidas de seus alunos e nas perspectivas para a educação. Entre desafios e recompensas, todos compartilham uma missão: contribuir para uma sociedade mais justa e humana por meio da educação.