Nesta mesma época, há um ano, não imaginávamos a mudança de 360 graus que teríamos em nossa vida. Há quase seis meses, nosso estado foi atingido por um fenômeno nunca antes imaginado. Com todas as catástrofes anunciadas, tivemos também praticamente o fechamento de fronteiras aéreas por muito tempo. Com a impossibilidade de voo do aeroporto Salgado Filho, rotas precisaram ser revistas e novos acessos criados. No entanto, nosso principal acesso a outros estados, enfim teve sua reabertura na última segunda, dia 21. Por conta das enchentes desde 3 de maio, os serviços de embarque e desembargue estavam suspensos no local. No entanto, ontem, o clima era de comemoração no salão de desembarque.

Banda de música típica alemã, espumantes e vinhos da Serra Gaúcha e chocolates da cidade de Gramado aguardavam os primeiros passageiros de um voo comercial a pousar no aeroporto. Foi emocionante já que isso simboliza um ciclo novo que merece ser festejado.

Mas as notícias boas param por ali. No domingo, sete jovens atletas gaúchos, voltando com o peito repleto de medalhas de uma competição, perderam suas vidas após um grave acidente no interior do Paraná. Vidas promissoras ceifadas, nove mortos no total; um, que por milagre divino, foi sobrevivente. A perda é irreparável. Meninos e meninas esperançosos, comemorando a vitória aguardando o retorno pra casa que não chegara. Quase tudo volta ao normal. Praticamente tudo tem uma solução. Menos pra morte. Enquanto uns riam comemorando uma nova etapa de reabertura oficial do nosso estado, outros choram porque muitas vidas partiram antes de seu destino final. A vida é mesmo uma viagem. Entre chegadas e partidas, aguardamos o próximo embarque esperançosos em chegar bem no seu destino.

Não tem como comemorar o dia de ontem. Porque embora o primeiro voo tenha pousado com sucesso em Porto Alegre, nem tudo voltou ao normal. Muitos não puderam voltar pra casa.