Prefeitura detalha as fases do processo de construção; moradores dos arredores opinam

Em 21 de agosto de 2023, a Prefeitura Municipal de Bento Gonçalves, através do prefeito Diogo Siqueira (PSDB), anunciou a construção de um novo complexo viário na Zona Sul da cidade, mais especificamente no bairro Santa Rita, próximo ao Moinho M. Dias Branco (instalações da Isabela Alimentos).

A obra visa a construção de uma nova rotatória, sem semáforos, que já está sendo o principal eixo do trânsito na região. As vias no entorno tiveram de se adaptar a este novo complexo.

A diretora do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano (IPURB), Melissa Bertoletti Gauer, destaca os problemas que a obra pretende resolver. “O local era considerado um nó viário, isso ocasionava congestionamento, com filas, principalmente em horário de pico. O objetivo do Complexo é organizar o trânsito, sem a utilização de sinaleiras, evitando congestionamento. E o pedestre terá o circuito de travessia ao longo dos passeios. A obra irá facilitar o acesso aos bairros Santa Helena, Santo Antão, Santa Marta, Santa Rita, Verona e Botafogo”, destaca.

Trecho já está servindo como a principal via de tráfego na região

Prazo de conclusão
As etapas iniciais da obra envolveram a demolição de construções presentes no local, locação, drenagem e terraplanagem. De acordo com Melissa, a obra se encontra em um estágio avançado, na instalação de serviços finais de iluminação, sinalização, eletricidade e revitalização paisagística. Etapas previstas para a fase final da construção do Complexo Viário. A Prefeitura Municipal de Bento Gonçalves estima que a obra deve ser concluída nas próximas semanas.

Custos e logística
A estimativa inicial de custo da obra, em agosto de 2023, era de R$ 2.249.666,35. Atualmente, o valor estimado é de R$ 2.568.047,36, um aumento de custo de aproximadamente 14%. De acordo com a Prefeitura, os motivos para o aumento nos custos se devem a aditivos adicionados em virtude da ampliação do tempo de realização da obra, ocasionada por problemas climáticos.

A empresa responsável pela licitação da obra é a Concresul. O projeto também conta com a colaboração de outras empresas, como a RGE, Sulgás, Aegea/ Corsan e até mesmo a Giordani Turismo, tendo em vista que a obra está sendo realizada próxima aos trilhos, local que é trajeto do passeio pela rota da Maria Fumaça, garantindo que não haja intercorrências durante os trabalhos.

A obra está sendo realizada próxima a rota da Maria Fumaça

O que o povo pensa a respeito?
A população é parte importante em qualquer processo de construção de obras públicas, já que é ela quem irá usufruir dos serviços prestados. Buscando saber o que pensam os moradores da região, foram entrevistados habitantes do bairro Santa Rita, e arredores. Para preservar a identidade e focar na opinião, foi utilizado apenas o primeiro nome dos entrevistados.

Everton, morador do bairro Santa Rita, traz uma visão crítica acerca da construção. “Eu acredito que essa obra não trouxe muitas mudanças. As sinaleiras deveriam ter sido mantidas ou pelo menos ajustadas. O trânsito continua o mesmo, especialmente no fim da tarde, quando fica tudo congestionado”, destaca. Ele segue opinando. “Por enquanto, parece que não houve nenhum impacto significativo. Se você vier aqui às 17h, vai ver o trânsito completamente parado. Antes, com a sinaleira, pelo menos o fluxo andava, mesmo que parasse por um tempo, agora parece que tudo demora mais”, pontua. Ele também acredita que a instalação de uma lombada facilitaria a movimentação.

Sinaleiras foram substituídas pela rotatória

Já Ivo, segundo morador entrevistado, mantém o tom cético, mas acredita que a obra trouxe melhorias. “Melhorou bastante, mas poderia ir além. Não sou engenheiro nem nada, mas acho que tem um problema ali no topo da subida, onde deveria segurar o fluxo de quem sobe. O motorista também precisa ter mais consciência. Se ele vê um caminhão carregado subindo, podia dar uma segurada e deixar o caminhão passar”, ressalta. Ele segue destacando este problema. “Se você vem de lá (sentido Botafogo – Santa Rita), até consegue entrar direto na Rua José Giordani, mas se o carro não entrar, os outros nem veem. No geral, ficou bem melhor do que antes, mas ainda acho que alguns ajustes ajudariam”, enfatiza.

O terceiro entrevistado, João, foi simples e direto. “Melhorou a fluidez do trânsito”, diz.

Gelci, quarta moradora entrevistada, também acredita que a obra trouxe melhorias. “Para mim está ótimo, sem problema nenhum, há quem reclame, mas acredito que a obra melhorou o trânsito na região”, enfatiza.

A última moradora entrevistada foi Regiane, que acredita que o trevo ficou perigoso. “Para atravessar, ou você vai lá embaixo (na rotatória) ou tenta aqui (próximo a entrada do Moinho). Parece que a dificuldade é essa: ou desce mais e atravessa em pedaços ou tenta aqui e depois segue para o outro lado, para o Santa Marta. Mas a gente acaba se arriscando de novo”, ressalta. Regiane também destaca outros perigos. “Semana passada bateram na mureta enquanto tentavam passar. Também está ruim para os caminhões, parece que o movimento aumentou e que ficou mais perigoso para todo mundo”, finaliza.

Trecho da Rua José Giordani. A mureta é uma das reclamações dos moradores

O antes e depois do local. Em 31 agosto de 2022 na primeira imagem, e em 16 de outubro de 2024 na segunda. A estrutura da loja de materiais de construção que havia na região acabou sendo demolida. Ela foi realocada, e atualmente, está localizada no bairro Botafogo

A obra em julho de 2024, ainda em estágios intermediários, e em outubro de 2024, próxima de ser finalizada.

Imagens: Augusto Arcari*

*Com exceção da imagem da projeção da obra, que é da prefeitura e foi feita digitalmente. E as do antes, nos dois últimos “antes e depois”, que foram retiradas do Google Maps.