Já imaginei, com meus 4 anos, que sucesso era ir todo ano à praia com minha família passar o Natal e Ano Novo na casa dos tios. Com 7 anos, sucesso, pra mim, era ter um carro que pudesse nos levar passear nos domingos e visitar os parentes. Com 9 anos, ter sucesso era poder comprar um Faber Castel de 36 cores (claro que eu não tinha, mas alguns colegas, sim). Aos 11 anos, sucesso era vestir Lilica, comprar todo mês as revistas Atrevida e Todateen, ter o CD do É o Tchan na Selva! Aos 13, sucesso era quem tinha DVD, Roller, Internet discada, Discman – e eu não tinha nada disso. Por um tempo até me sentia excluída dos papos de colegas por não contar com esses privilégios. Aos 15, sucesso era comemorar debutando, com vestido longo e luvas, a passagem da menina que se tornará mulher. Gravo até hoje a emoção deste dia.
Aos 17, sucesso era ser Rainha da escola, Garota Verão, Rainha da UESB, Rainha da Indústria e Comércio, passar pelo Ensino Médio direto, sem pegar exame, ficar com o mais bonito da escola. Aos 19, sucesso era quem tinha carteira de motorista e carro de magrão (rebaixado, com película e som), quem aprovava logo no Vestibular. Aos 21, sucesso era quem tinha um bom emprego de carteira assinada, quem podia ir de carro pra faculdade, quem conseguia sobrar salário pra comprar roupa e fazer a unha.
Aos 23, sucesso era morar sozinho, formar-se ainda jovem, estar namorando e saindo nos finais de semana para restaurantes ou shows. Aos 25, sucesso era engatar uma pós-graduação, ser promovido, trocar de carro, ter Iphone. Aos 27, sucesso era noivar, frequentar a praia em Santa Catarina, fazer intercâmbio ou já ter viajado de avião. Aos 29, pra mim, sucesso era casar, comprar e morar em meu primeiro imóvel, ter uma cama e sofá confortáveis e amigos pra chamar jantar.
Aos 31, sucesso era estar firme no casamento, ter um emprego dos sonhos com renda melhor, fazer um Mestrado quem sabe, saber tocar um instrumento, fazer uma comida especial, passar o réveillon na beira-mar. Aos 33, sucesso era ter filhos, ter a paz de uma família unida e completa, manter as poucas amizades verdadeiras. Aos 35, sucesso é ter saúde, deitar a cabeça no travesseiro e dormir tranquila, conseguir não fechar o mês no negativo.
Aos 40, sucesso é abrir um negócio, ter os filhos estudando em uma boa escola, manter o casamento estável, visitar seus pais e irmãos. Aos 45, sucesso é conseguir guardar dinheiro, aproveitar a família, diminuir o ritmo do trabalho, ter tempo pra se dedicar à saúde. Aos 50, sucesso seria estar aposentado e bem, curtir os finais de semana no sítio, poder fazer churrasco no fim do mês. Aos 60, sucesso é curtir com pais e netos, conseguindo brincar de pega-pega ou de jogar bola, agradecendo por ter esse presente de vida.
Aos 70, sucesso era manter a família unida todos os fins de semana, ter bons amigos, não se preocupar com a hora, passar o tempo fazendo seus hobbies em casa e dormindo após o meio-dia. Aos 80, sucesso é estar vivo e bem! Embora o medidor de sucesso seja diferente para cada pessoa, sucesso nunca foi e nunca será o prestígio de um emprego, o status de dinheiro ou de posição social.
Ele sempre vai estar ligado a nosso estado de espírito, nossa espiritualidade, nossas amizades e relacionamento, à família. Silvio Santos, por exemplo, foi um homem de sucesso muito mais pelo que era, pelas risadas que dava, pela família unida, pela resiliência do que, propriamente, pela fortuna e legado que carregava. Como dizia algum santo ou religioso: nenhum sucesso na vida compensa o fracasso no lar. Depois que comecei fazer dessa frase o meu estilo de vida, muita coisa inverteu a ordem de prioridade na pirâmide. E, pra você, já pensou o que é ter sucesso hoje?