O ultramaratonista bento-gonçalvense Sirlesio Carboni Junior conquistou mais um feito extraordinário em sua carreira esportiva. No final de setembro de 2024, ele completou a Salomon Ultra Pirineu, uma das provas mais desafiadoras do mundo, com 100 quilômetros de extensão e 6.6 mil metros de desnível, realizada no coração dos Pirineus, na Espanha. A competição, conhecida por seu grau de dificuldade, reuniu atletas de mais de 50 países e testou os limites físicos e mentais dos participantes.
A Ultra Pirineu atravessa os trechos mais icônicos do Parque Natural Cadí-Moixeró, combinando trilhas íngremes, passagens rochosas e altitudes elevadas. Para Carboni, a dificuldade era mais do que completar a competição. “Encaro toda ultramaratona como um desafio pessoal, competindo comigo mesmo para concluir”, afirmou. “Somos corredores amadores, corremos pelo prazer de estar na montanha e pelo desafio de completar provas tão difíceis e longas”, diz.
Carboni não é novato em ultramaratonas. Há 10 anos ele participa dessas provas, sendo que, nos últimos sete, concentrou-se em percursos acima de 100 quilômetros, as chamadas “provas de três dígitos”, mostra. Ele já concluiu ultramaratonas de até 171 quilômetros em locais remotos e montanhosos, sempre em busca de novos desafios.
Para se preparar para a Ultra Pirineu, Carboni conta com uma rotina intensa de treinos específicos. Foram quatro meses de preparação, com treinos semanais variando de 70 a 100 quilômetros, além de exercícios de fortalecimento muscular e um planejamento nutricional rigoroso. “Treinei com o acompanhamento de um personal trainer e uma nutricionista, que me ajudaram a garantir que eu tivesse a energia necessária para uma prova tão longa. Também segui um plano organizado pelo meu treinador de corrida, com treinos intensos nos finais de semana, simulando o que eu enfrentaria na prova”, explica.
Momentos marcantes e desafios superados
Durante as 18 horas e 29 minutos em que esteve correndo, Carboni vivenciou tanto momentos de exaustão quanto de superação. Ele destaca o ponto mais alto da prova, o Refúgio Niu de l’Àliga, situado a 2.540 metros de altitude, como um dos momentos mais marcantes. “Chegar ao topo no amanhecer, depois de horas de esforço, com uma vista espetacular, foi incrível. Essas conquistas são as mais especiais”, diz.
No entanto, nem tudo foram paisagens deslumbrantes. Carboni relata que enfrentou um momento crítico no quilômetro 60, quando o corpo começou a mostrar sinais de exaustão. “Foi um período complicado. Faltava energia, mas consegui me alimentar melhor, me hidratar e recuperei minha força. A partir do quilômetro 70, fiz a melhor parte da prova”, realça
O apoio da família: peça-chave para o sucesso
Além da preparação física e mental, Carboni reconhece que o apoio de sua família é essencial para conquistar mais essa ultramaratona. Ele destacou o papel de sua mulher, que também é corredora, no suporte durante seus treinos e competições. ““O apoio familiar é fundamental. Minha esposa me apoia incondicionalmente, sempre me estimulando e também ajudando com nossas filhas para que eu possa cumprir todas horas de treino na semana. Durante a prova, eu sabia que elas estavam me acompanhando pelo aplicativo, torcendo por mim, e isso me dava muita força”, destaca.
Próximos desafios
Com mais esse grande feito em sua trajetória, Carboni já começa a planejar novos desafios. O atleta revelaque tem interesse em participar de provas ainda mais longas, com distâncias superiores a 200 quilômetros, e de vários dias nas montanhas. “Existem provas icônicas no mundo que me atraem, e quem sabe, nos próximos anos, eu encare distâncias maiores, como os 300 quilômetros”, conclui.