Em agosto, na semana que antecedeu o aniversário de falecimento de Neil Armstrong, o primeiro ser humano a pisar na Lua durante a expedição Apollo 11, missão espacial tripulada dos Estados Unidos responsável pelo primeiro pouso lunar em 20 de julho de 1969, um fenômeno se fez presente no céu: a primeira Superlua do ano de 2024.
Na semana do dia 16 de setembro, o fenômeno se fez presente pela segunda vez no ano de 2024. O Doutor, geógrafo e docente do IFRS Joaquim Rauber explica os fatores que determinam as fases da Lua. “Para entendermos a Superlua na fase cheia, precisamos considerar dois fatores principais: a órbita da Lua e suas fases. A Lua não orbita a Terra em um círculo perfeito, mas sim em uma elipse. Isso significa que há pontos em sua órbita onde ela está mais próxima da Terra (perigeu) e outros onde está mais distante (apogeu). As fases da Lua são causadas pela variação da porção iluminada da Lua que é visível da Terra, à medida que ela orbita nosso planeta. A fase cheia ocorre quando a Terra, a Lua e o Sol estão alinhados, com a Terra no meio, e toda a face da Lua voltada para nós está iluminada pelo Sol”, destaca.
O geógrafo explica como ocorre o fenômeno da Superlua. “Acontece quando esses dois eventos coincidem: a Lua está em sua fase cheia e está no ponto mais próximo da Terra. Essa combinação faz com que a Lua pareça maior e mais brilhante no céu, daí o nome “Superlua”. Parece que ela está bem mais perto do que o normal, mas na verdade é só uma ilusão de ótica por causa da posição dela”, completa.
Rauber também detalha como a Superlua afeta a natureza. “Podemos pensar na Lua como um grande ímã gigante. Assim, a principal forma como ela se manifesta é através das marés. Quando está mais perto da Terra, como durante a Superlua, essa força de atração aumenta. Essa força puxa os oceanos, fazendo com que as marés subam um pouquinho mais alto do que o normal. De modo geral, esse é um efeito sutil e, às vezes, bem pouco perceptível, ainda mais para nós que não estamos em áreas litorâneas”, pondera.
Relembre a Superlua de agosto
Ciclo até a Superlua de setembro
A Lua ao redor do mundo
Rauber responde se o fenômeno é contemplável em todos os lugares do mundo. “Pode ser apreciada em praticamente todos os cantos do planeta, desde que as condições climáticas permitam. Claro, o horário exato para observá-la pode variar de um lugar para outro devido aos diferentes fusos horários. Mas, no geral, quem tiver um céu limpo na noite certa terá a oportunidade de contemplar esse fenômeno.
O docente encerra explicando como a Lua é vista em diferentes culturas. “Existem muitas histórias, conhecimentos e crenças que perpassam as mais diversas culturas, desde mitologia, religião, festejos até calendários lunares. Por exemplo, na nossa região, é bastante comum falar sobre a “Lua boa” para plantio, poda e colheita”, finaliza.
Eclipse
Além da Superlua, desta vez também foi possível contemplar um eclipse parcial. Na terça-feira, 17 de setembro, a Terra ficou entre o Sol e a Lua, formando um eclipse lunar parcialmente visível, que ocorre quando a Lua é “bloqueada” de receber a luz solar devido à sombra da Terra. O fenômeno iniciou às 23h12min. O auge foi às 23h44, e o fim ocorreu por volta das 0h15, já na madrugada de quarta-feira. Segundo Rauber, este evento só é possível na fase da Lua Cheia. Além do eclipse, o Satélite também esteve alinhado com o planeta Saturno, que a olho nú pode ser visto como uma pequena estrela.
Curiosidades sobre as superluas
A Lua Cheia, registrada em agosto, costuma ser intitulada como “Lua do Esturjão”, nome dado por povos nativos dos Estados Unidos. Fazendo referência à época de pesca de esturjões nos Grandes Lagos, o maior peixe de água doce da América do Norte. Recentemente, a fase de agosto também foi nomeada de “Lua Azul”, não pelo Satélite ter mudado sua coloração, a origem do termo não é bem conhecida, mas ocorre pelo menos desde o século XIV e tem a ver com as estações astronômicas. O evento de setembro é conhecido como “Lua da Colheita”, pois ocorre próxima ao equinócio de outono no Hemisfério Norte. Já a de outubro é chamada “Lua do Caçador”, é um marco para os povos do Norte Global. A sua importância está relacionada com a caça, que era mais fácil durante esta fase lunar, e com a preparação para o inverno. A luz da Lua costumava facilitar a caçada de animais, era considerado o período ideal para caça e estoque de carnes, visando os períodos mais frios do ano. Por fim, a última do ano, em novembro, é a “Lua do Castor”, a nomeação foi dada por tribos de nativos estadunidenses, em homenagem aos castores, que se preparam para o inverno construindo represas e estocando comida nas suas tocas.
Próximas superluas
O ano de 2024 ainda proporcionará mais duas Superluas: Em 17 de outubro e 15 de novembro. Prometendo oferecer oportunidades imperdíveis para os amantes do Satélite, e da astronomia no geral. Também é um momento único para os apreciadores da fotografia. Porém, nenhuma delas será uma “Superlua Azul” como a registrada em agosto. As próximas estão projetadas para acontecer de novo apenas em 2037. Aproximadamente um quarto de todas as Luas Cheias são Superluas, enquanto apenas 3% das Luas Cheias são Luas Azuis.
*Todos os horários presentes nesta reportagem são referentes ao fuso-horário de Brasília
Imagens: Augusto Arcari