Empoderar, este verbo tem sido largamente utilizado nos últimos tempos, via de regra para igualar os já iguais tratados desigualmente, numa sociedade que destila preconceitos, se embriaga de aparências.
Penso, reflito: em que tempo isso foi diferente? Ou, ainda, qual foi o marco de empoderamento na humanidade?

As ciências da antropologia e arqueologia se encarregam de responder com rigor catedrático a tal questionamento, mas não tenho tal tempo e tão pouco formação a respeito.

Permito-me, caro leitor, divagar unicamente na companhia de minha ignorância, imaginando que um dos grandes marcos se deve à descoberta do fogo.

Aquela primeira fagulha, entremeio às mãos do homem, gestava ali o fogo e, com ele, a luz do poder, cuja chama ilumina, porém, sem controle… queima.

Fogo e poder, poder e fogo, conceitos que há milhões de anos se retroalimentavam, representando uma única força naquele que mais tarde seria Homo sapiens que vos escreve e que ora lê.

Dito isso, parece que tal conceito ficou no passado.

Não, por óbvio, o fogo ainda tem seu poder, mas o poder em si, este assumiu muitas facetas, e uma das mais poderosas é o poder político, o qual, se não bem manejado, pode deixar “queimado” quem não faz em tempo o que haveria de fazê-lo, independente das causas ou, no mínimo, o que se esperava que fizesse.

Sem mais analogias, a expressão “nunca na história desse país”, acertadamente cunhada pelo então presidente, esteve tão bem empregada, diante de um cenário de 60% do território nacional afetado pelas queimadas, deixando sem vida nossos bosques, nosso céu outrora límpido, agora turvo de fumaça, resplandecendo unicamente a imagem de tristeza, em razão da velocidade das chamas que continua a devorar esta terra adorada em comparação à desproporcional e intempestiva ação governamental.
É de se questionar: será que o governo atual não tem PPCI – Plano de Prevenção e Proteção contra incêndios???

A dúvida emerge dado o desastre ambiental anunciado já há meses pelos mais modernos equipamentos de monitoramento espacial e aos gritos surdos das florestas e seres vivos martirizados, cujo fogo, sem partido político, sem ideologias e tão pouco respeito às fronteiras, recentemente bateu às portas da capital federal.

Importante que se faça justiça, pois, dadas as notícias advindas de determinado ministério, lá estava o governo federal tentando debelar o tórrido fogo de outra vertente.

Por outro lado, lembrando daquela linda fábula do fogo na floresta, mais uma vez nos faltam os colibris com o bico carregado de água na tentativa de apagar o incêndio que se alastra nesta terra adorada… A propósito, onde foram parar? Eram tantos a tão pouco tempo atrás…

Contudo, consideradas as medidas emergenciais, “empurradas” pelo poder supremo da república, mesmo que com um certo delay, entendamos que a fumaça parece ter acordado o rei em berço esplêndido.

A propósito, pelo que se sabe, o congresso ainda não promulgou lei em contrário e não há nova jurisprudência suprema a respeito, ou seja, o ditado continua valendo: “onde há fumaça, há fogo”. Igualmente, onde há boa vontade, ainda há um caminho… logo, ainda há esperança; o gigante pela própria natureza ainda respira entre as chamas…

Vamos em frente!