A história do clube remonta há mais de sete décadas, e sob a atual presidência, apresenta melhoras significativas, tanto estruturais quanto diretivas

Fundado em 1947, o Aeroclube de Bento Gonçalves é uma instituição de referência na aviação civil da Serra Gaúcha. Com mais de 75 anos de história, o clube surgiu em um período de crescente interesse pela aviação no Brasil, motivado pela expansão do transporte aéreo comercial e pelo papel estratégico que a aviação desempenhou durante a Segunda Guerra Mundial.

A sede do Aeroclube fica localizada na Rua Roberto Vargas Ros, 120 – bairro São Vendelino

Desde sua fundação, o Aeroclube de Bento Gonçalves tem se dedicado à formação de pilotos, à promoção da aviação civil e ao desenvolvimento de uma cultura aeronáutica na região. A criação foi impulsionada por um grupo de entusiastas da aviação que vislumbraram a necessidade de um espaço onde pudesse ser oferecido treinamento técnico e prático para novos pilotos. Em seus primeiros anos, a instituição contava com aeronaves modestas e uma estrutura simples, mas que já atendia ao propósito fundamental de disseminar o conhecimento aeronáutico e promover a aviação civil.

Com o passar dos anos, o aeroclube se consolidou como uma das principais escolas de aviação do sul do Brasil, contribuindo para a formação de centenas de pilotos. Muitos desses profissionais seguiram carreira em companhias aéreas comerciais, na aviação executiva, ou como instrutores de voo. O legado do aeroclube é visível não apenas na trajetória de seus ex-alunos, mas também na cultura aeronáutica que ajudou a desenvolver em Bento Gonçalves e na Serra Gaúcha.

A ascensão de Fabio Romani à presidência do aeroclube

Romani destaca as melhorias feitas durante sua gestão

Fabio Romani, atualmente com 45 anos, é o presidente do Aeroclube de Bento Gonçalves. Formado em Administração de Empresas, Romani desenvolveu uma paixão pela aviação desde muito cedo. “A primeira vez que voei foi num voo comercial da extinta VASP, de Porto Alegre para o Rio de Janeiro, quando eu tinha apenas três anos”, relembra Romani. Esse primeiro contato com o mundo da aviação deixou uma marca indelével em sua vida, despertando um fascínio que o acompanharia ao longo dos anos.

Ao longo de sua juventude, Romani manteve o interesse pela aviação, até que teve a oportunidade de realizar seu primeiro voo solo em um helicóptero em Eldorado do Sul. “Esse foi, sem dúvida, um dos momentos mais marcantes da minha vida. A sensação de estar no controle de uma aeronave, de ter alcançado um nível de competência e confiança para voar sozinho, é algo indescritível”, afirma.

A trajetória de Romani até a presidência do aeroclube começou em 2018, quando ele se mudou para Bento Gonçalves. Foi então que seu amigo e vizinho, Ivo Sivieiro Filho, que hoje é vice-presidente do aeroclube, o convidou para frequentar a instituição. “Comecei a frequentar o aeroclube por causa do convite do Ivo. Aos poucos, fui me envolvendo mais e, junto com outros colegas, aceitei o desafio de assumir a gestão da instituição”, explica Romani. A motivação principal, segundo ele, era a vontade de continuar o trabalho que vinha sendo realizado pelas gestões anteriores e de contribuir para o fortalecimento da aviação na região.

Desafios e realizações à frente do clube

Ao assumir a presidência, Romani enfrentou diversos desafios. Um dos maiores, segundo ele, tem sido atrair jovens para o mundo da aviação. “Encontrar jovens da região, entre 18 e 20 anos, realmente interessados e dispostos a trilhar o caminho para se tornarem comandantes é uma tarefa desafiadora”, confessa. A exigência de dedicação e perseverança, características essenciais para a formação de um piloto, muitas vezes se mostra uma barreira para os mais jovens.

Um dos modelos que o Aeroclube possui para treinamento de pilotos, é o Cessna 152

Apesar dessas dificuldades, Romani e sua equipe conseguiram equilibrar as finanças do aeroclube e realizar investimentos significativos em infraestrutura. Atualmente, o aeroclube conta com um Cessna 152, uma aeronave de dois lugares utilizada para treinamento de voos visuais, e um Embraer Tupi, de quatro lugares, que permite o treinamento tanto de voos visuais quanto de voos por instrumentos. Além dessas aeronaves, o aeroclube possui um simulador de voo homologado, que é uma ferramenta essencial para a formação de pilotos. “O AeroBG está com suas contas equilibradas, e conseguimos investir um montante relevante para melhorar nossa infraestrutura”, destaca Romani, utilizando o termo AeroBG como uma abreviação carinhosa para o aeroclube.

O trabalho de Romani à frente do aeroclube também envolve um compromisso com a comunidade local. Quando a região foi duramente afetada por enchentes, o aeroclube serviu como base para operações de resgate, auxiliando na retirada de mais de 350 pessoas com a operação de 15 helicópteros. “Somos uma casa aberta à comunidade e muito próxima ao poder público. Durante as enchentes deste ano, nosso aeroclube foi fundamental para os resgates”, relembra. Esse episódio demonstrou não apenas a importância do aeroclube para a aviação, mas também seu papel como uma instituição comunitária que pode ser mobilizada em momentos de crise.

Adaptação às inovações tecnológicas e compromisso com a segurança

Apaixonado pela aviação desde novo, Romani tem como objetivo deixar um legado para as próximas gerações do clube

Com a constante evolução da tecnologia na aviação, o Aeroclube de Bento Gonçalves tem se adaptado às mudanças e aos novos regulamentos impostos pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC). “A ANAC tem um controle rigoroso sobre a atuação de um CIAC, e essas mudanças acabam sendo mandatórias para mantermos a operação regular da instituição”, explica Romani, referindo-se ao Centro de Instrução de Aviação Civil (CIAC) do aeroclube.

No que diz respeito à segurança de voo, o aeroclube segue rigorosamente os manuais e regulamentações da ANAC, garantindo que todos os procedimentos sejam cumpridos de forma a proteger tanto os associados quanto os alunos. “A segurança é nossa prioridade máxima. Todos os nossos treinamentos e operações seguem os padrões exigidos pela ANAC”, afirma, reforçando o compromisso do aeroclube com a segurança e a qualidade do ensino.

O aeroclube também realiza eventos ao longo do ano, que são oportunidades importantes para promover a aviação e fortalecer os laços com a comunidade. Um desses eventos, que ocorre no segundo semestre, é aberto ao público e atrai entusiastas da aviação de toda a região. Outro evento, realizado no final do ano, é exclusivo para associados e serve como um momento de confraternização e celebração das conquistas do ano. “Esses eventos são muito importantes para nós, pois ajudam a divulgar o trabalho que fazemos e a aproximar a comunidade do aeroclube”, comenta Romani.

Visão de futuro e legado

Romani vê seu papel como presidente do aeroclube não apenas como uma responsabilidade administrativa, mas como uma oportunidade de deixar um legado duradouro. “Meu objetivo é deixar um legado de escola de pilotos para a aviação civil, bem como um clube para todos os que valorizam e gostam da aviação”, declara. Para ele, o verdadeiro sucesso de sua gestão será medido pelo impacto positivo que o aeroclube continuará a ter na formação de novos pilotos e na promoção da aviação civil na região.

Romani também destaca a importância dos valores que a aviação ensina, como responsabilidade, disciplina, espírito de equipe e lealdade. “Esses são valores que não podem ser precificados e que pretendo continuar promovendo, tanto no aeroclube quanto em minha vida pessoal”, afirma.
Embora o aeroclube tenha passado por grandes reformas e melhorias nos últimos anos, Romani admite que não há planos imediatos para novas ampliações. No entanto, ele permanece focado em manter a qualidade dos serviços oferecidos e em garantir que o aeroclube continue a ser uma instituição de referência na formação de pilotos. “Nosso foco agora é aumentar a quantidade de pilotos que formamos e continuar sendo um clube próximo à comunidade e aos que gostam da aviação”, conclui.

Colaboração com a comunidade e desafios futuros

O Aeroclube de Bento Gonçalves, além de seu papel educacional, também colabora ativamente com a comunidade local e outras instituições da região. A proximidade com o poder público é um aspecto que Romani valoriza, especialmente em momentos de crise, como as enchentes recentes. “Somos uma casa aberta à comunidade e sempre estaremos disponíveis para ajudar quando necessário”, afirma.

Quanto aos desafios futuros, Romani reconhece que a aviação civil enfrenta um período de transição, com novas tecnologias e mudanças regulatórias que exigem adaptação constante. “A ANAC tem um controle rigoroso, e essas mudanças acabam sendo mandatórias. Precisamos estar sempre atualizados para manter a operação regular da instituição”, explica.

Além disso, Romani destaca a importância de encontrar jovens interessados na aviação, algo que ele considera essencial para o futuro do aeroclube. “Precisamos de jovens que realmente queiram se dedicar e trilhar o caminho para se tornarem comandantes”, reforça.

Com uma história rica, um compromisso inabalável com a segurança e a educação, e uma visão clara para o futuro, o Aeroclube de Bento Gonçalves permanece como um pilar da aviação na região, contribuindo não apenas para o desenvolvimento do setor, mas também para o fortalecimento da comunidade local.