Número representa quase 12% do eleitorado apto a votar nas eleições deste ano. O MDB segue sendo a maior sigla da cidade, seguido do PP e do PDT, respectivamente
Dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) revelam que Bento Gonçalves conta com 10.923 pessoas filiadas a partidos políticos, o que corresponde a 11,7% do total de eleitores na cidade. Este número é relativamente pequeno em comparação com o total de 92,5 mil eleitores registrados para o pleito de 2024. Apesar da baixa adesão partidária, a tendência não deve influenciar o cenário político local e a participação nas eleições de outubro.
Os dados mostram ainda que desde 2020, houve redução de pouco mais de 1% no número de filiados em Bento Gonçalves. Naquele período, a cidade tinha 11.036 pessoas ligadas a uma sigla política.
De acordo com o cientista político, Fredi Camargo, o engajamento dos líderes partidários tem passado por uma mudança significativa, movendo-se da inércia para uma busca ativa por novas filiações. Segundo ele, ao contrário do passado, quando as adesões ocorriam por iniciativa pessoal e identificação ideológica, atualmente os líderes estão desempenhando um papel mais proativo. Para Camargo, o uso das novas tecnologias também é um forte fator para a mudança de comportamento de eleitores quando o assunto é a filiação a um partido. “Há também a possibilidade de isso estar acontecendo pelo fato da internet ter engajado mais as pessoas na política, o que de certa forma é saudável para o desenvolvimento social e democrático do país”, afirma.
Na região, o cenário mostra que partidos mais tradicionais lideram o ranking de filiações. Assim como em Bento Gonçalves, o MDB é a sigla com o maior número de participantes nos municípios analisados pelo Semanário, no total, são 10.343 registros na Serra. Seguem na lista o PDT (9.812), PP (7.025), PRD (6.532) e o PT (4.992). Na ponta de baixo aparecem o Partido da Mobilização Nacional, com dois filiados, o Partido Comunista do Brasil (PCB), com sete participantes, Partido da Causa Operária, (PCO), com nove filiados, Partido da Mulher Brasileira (PMB), com 11 registros e o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), com 12 filiados. De acordo com os dados do TSE, dos 576.120 eleitores, 62.710 possuem filiação partidária nestes municípios analisados.
MDB é o maior partido em número de filiados no Brasil
O MDB (Movimento Democrático Brasileiro) continua a ser o maior partido em número de filiados no Brasil, com 2.078.387 membros, o que representa 12,72% do total de 16.354.948 filiações partidárias registradas no país. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), divulgados em julho, o MDB lidera uma lista de sete partidos que possuem mais de um milhão de filiados. Além do MDB, figuram entre esses partidos o PT (1,64 milhão), o PP e o PRD (ambos com 1,32 milhão), PSDB (1,3 milhão), PDT (1,1 milhão) e União (um milhão).
Juntos, esses sete partidos concentram dois terços dos eleitores filiados no Brasil, totalizando 9.893.183 membros, o equivalente a 60,49% do total. O cenário de filiação partidária voltou a mostrar elevação nos últimos dois anos, já que em 2022, o Brasil registrava 15.826.134.
Do total atual de 16.354.948 filiações, a grande maioria, 99,89% ou 16.338.336, é composta por residentes no Brasil. Apenas 16.612 filiados estão no exterior.
No extremo oposto, o Unidade Popular (UP) é o menor partido em termos de filiados, com apenas 8.370 membros. Outras siglas com baixo número de filiados incluem o Partido da Causa Operária (UP (Unidade Popular), o Partido Comunista Brasileiro (PCB), o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), o Partido da Mulher Brasileira (PMB) e a Rede. Juntas, essas legendas totalizam 150.875 filiados, representando apenas 0,92% do total de filiações no Brasil.
Para o cientista político, a manutenção do MDB na liderança de filiados no país decorre de diferentes fatores, entre eles, a estrutura partidária da sigla que, segundo Camargo é marcada por um pragmatismo institucional, em vez de uma orientação ideológica rígida, contribui para a sua perene força política. O partido se destaca por sua habilidade em se manter próximo ao poder ou até mesmo no centro dele, independentemente das mudanças no cenário político. “O MDB é considerado um dos partidos mais pragmáticos do país, exatamente por se manter sempre próximo ao poder ou no centro dele”, afirma. De acordo com Camargo, essa abordagem pragmática permite ao partido adaptar-se às circunstâncias e aproveitar as oportunidades, garantindo sua influência e relevância contínuas no cenário político nacional.
Polarização
A intensa polarização política entre o PT e o Partido Liberal (PL) tem contribuído para a estagnação e o enfraquecimento dos partidos nanicos no cenário nacional. O domínio quase absoluto desses dois grandes partidos nas discussões políticas e na mídia tem criado um ambiente em que as legendas menores encontram grandes dificuldades para ganhar visibilidade e influência.
O foco predominante nas disputas entre PT e PL monopoliza o debate público e limita o espaço disponível para que partidos menores apresentem suas propostas e agendas. Essa polarização não só reduz as oportunidades para os partidos nanicos se destacarem, mas também enfraquece a pluralidade política, dificultando a emergência de novas vozes e alternativas no cenário nacional. Em um contexto onde o debate está centrado quase exclusivamente nas polaridades existentes, a diversidade política sofre, e a capacidade desses partidos menores de crescer e se consolidar é severamente comprometida.
Para Camargo, siglas com forte estrutura institucional sempre terão destaque, impedindo que partidos menores consigam exercer um possível protagonismo em pleitos eleitorais. “Os partidos estruturados sempre serão mais beneficiados com a polarização. Nesse cenário a opção por algo alternativo (partidos novos e menores) sempre será mais difícil de ser inserida na cabeça do eleitor”, pontua.
Fotos: Carina Furlanetto e cidadesemfotos.blogspot.com / Reprodução