O Semanário dá continuidade à sua série de reportagens, destacando a paixão dos bento-gonçalvenses pelas modalidades olímpicas que estão em disputa na cidade luz, Paris

Com o início das Olimpíadas na sexta-feira, 26 de julho, seguindo até o domingo, 11 de agosto. Competição conta com 10.500 atletas de cerca de 206 países, disputando 28 esportes diferentes, com um número igual de atletas masculinos e femininos, totalizando 5.250 de cada sexo, abrangendo modalidades como, vôlei, esgrima, natação, ginástica rítmica, basquete, atletismo, ciclismo, e entre outras. Os Jogos Olímpicos de Paris são um dos eventos mais aguardados globalmente, com o Brasil destacando-se ao classificar 266 atletas, sendo 152 mulheres e 114 homens.

O Semanário está presente nesta festa esportiva, dedicando-se a mostrar diferentes modalidades olímpicas praticadas na Capital Nacional do Vinho. Vamos contar suas histórias e trajetórias no esporte, oferecendo aos nossos leitores uma cobertura especial desta edição dos Jogos. Para continuarmos nossa série de reportagens escolhemos a Ginástica Artística.

Fundada em 1881, a Federação Internacional de Ginástica é a mais antiga federação esportiva internacional do mundo. A origem da ginástica remonta à antiguidade, quando era recomendada pelos filósofos como forma de aliar o exercício físico à atividade intelectual. O esporte cresce em popularidade durante o século XIX com a formação de um número crescente de eventos, incluindo a competição de ginástica no ressurgimento dos Jogos Olímpicos de Atenas, em 1896.
Breve resumo das regras

A ginástica artística é composta por uma série de competições individuais em diferentes aparelhos, além de um torneio por equipes envolvendo todos os aparelhos específicos de cada gênero. Cada elemento requer habilidades diferentes. Os homens competem nos exercícios de solo, cavalo com alças, argolas, salto, barras paralelas e barra fixa, enquanto os eventos femininos incluem salto, barras assimétricas, trave de equilíbrio e exercícios de solo. Cada elemento de competição da ginástica exige força, agilidade, coordenação e precisão.

Até 2004, as rotinas de ginástica nos Jogos Olímpicos eram avaliadas com o máximo de 10 pontos, mas a partir de 2005 o modo de pontuação mudou para uma combinação da categoria D (dificuldade/conteúdo dos exercícios) e E (execução), permitindo uma maior variação entre os desempenhos dos atletas.
O esporte começou a considerar mudanças no sistema de pontuação após os Jogos Olímpicos de Montreal em 1976, quando a ginasta romena Nadia Comaneci se tornou a primeira competidora da história a obter uma pontuação perfeita de 10 em sua rotina nas barras assimétricas durante a competição por equipes.

História olímpica

A ginástica foi introduzida nos primeiros Jogos Olímpicos da era moderna em 1896 e está presente em todas as edições desde então. A competição foi restrita a atletas masculinos por 32 anos até os Jogos Olímpicos de 1928, em Amsterdã, quando as mulheres puderam competir pela primeira vez. Foi apenas em 1952 que o programa feminino foi desenvolvido com sete eventos e, depois, estabilizado em seis, como ocorre desde os Jogos de 1960, em Roma. Enquato no masculino há oito anos.

Brasil nos jogos

Na terça-feira, 30 de julho, a seleção brasileira conquistou a primeira medalha por equipes na Ginástica Artística de sua história. Na final realizada na Bercy Arena, as brasileiras faturaram o bronze.
O Brasil foi representado por Rebeca Andrade, Flávia Saraiva, Jade Barbosa, Júlia Soares e Lorrane Oliveira. As brasileiras totalizaram 164.497 pontos, na terceira colocação. O Time Brasil conseguiu 42.366 no salto, 41.199 nas barras assimétricas, 39.966 na trave e 40.966 no solo.

A jornada de uma bento-gonçalvense

Entre os 266 atletas brasileiros, a ginástica artística ganha destaque, não só pelas habilidades técnicas, mas também pela dedicação e paixão de atletas como Maria Eduarda Bedin Debona, uma jovem de 18 anos de Bento Gonçalves.

Maria Eduarda começou sua jornada na ginástica artística ainda na infância. “Comecei a frequentar e praticar esse esporte em minha escola de educação infantil, íamos uma vez por semana, como se fosse nossa aula de educação física,” conta. Esse primeiro contato foi o ponto de partida para um amor pelo esporte que se desenvolveu ao longo dos anos.

A ginástica não só moldou a carreira da jovem, mas também impactou profundamente sua vida pessoal. “De uma maneira muita boa, com a ginástica pude aprender como lidar com diversas situações de vida. Na minha vida profissional está cada dia me ensinando novidades, ver o querer das crianças, cada dia querendo aprender coisas novas, tudo isso é muito gratificante”, expressa.

Apesar de seu amor pelo esporte, Maria Eduarda reconhece as dificuldades de seguir uma carreira de atleta profissional. “Percebi que não seria possível seguir uma carreira, dada as dificuldades desse esporte,” admite. A transição de atleta para professora de ginástica foi motivada por seu desejo de compartilhar suas habilidades e inspirar as novas gerações. “Ver como esse esporte é grandioso, poder enxergar a felicidade das crianças em aprender, ensinar a elas tudo que me foi ensinado e ver elas felizes fazendo o que aprenderam ou até mesmo, fazendo e querendo mostrar coisas novas é gratificante”, conta.

Maria Eduarda enfatiza os benefícios da ginástica para o corpo e a mente. “A prática desse esporte começando logo cedo, traz às crianças a melhora no desenvolvimento motor, contribui para o equilíbrio e a noção corporal”, diz. Em Bento Gonçalves, o esporte é altamente procurado, especialmente por meninas, que buscam a perfeição natural da ginástica.

Maria Eduarda acredita que o país tem uma forte presença no cenário olímpico, especialmente na ginástica. “O Brasil está em um grande ano com ótimos atletas, todos muito bem preparados para essa olimpíada”, enfatiza. No entanto, ela reconhece os desafios que os jovens atletas enfrentam, como a grande concorrência para entrar na seleção nacional.

Com relação ao futuro, ela é otimista, tanto para Bento Gonçalves quanto para o Brasil. “Tenho altas expectativas para a ginástica principalmente aqui em Bento, as meninas são muito dedicadas e querem cada vez mais. Nacionalmente, o esporte já está muito forte, temos ótimas atletas há muitos anos e tenho certeza que cada vez mais teremos ótimas atletas representando nosso país”, enfatiza.

Para os jovens que desejam seguir uma carreira na ginástica, Maria Eduarda aconselha: “Eu aconselho não ter medo e se dedicar muito, pois a ginástica é um esporte muito desafiador, requer muita técnica e perfeição”, orienta.

Ela também destaca como a ginástica pode ser integrada no dia a dia das pessoas que buscam um estilo de vida saudável, mesmo sem o objetivo de competir. “A ginástica ajuda em muitas coisas e não só para as crianças, mas para jovens e adultos também. Pode ser integrada com alongamentos corporais e com trabalho de força, elementos que fazemos usando o peso do próprio corpo”, conclui.