Seu compromisso com o Meio Ambiente e a Comunidade bento-gonçalvense ao longo dos anos e em variados cargos, reflete em uma grande responsabilidade social

Atual presidente da Associação Bento-Gonçalvense de Proteção ao Ambiente Natural (Abepan), Ademar Franco de Castria é um nome respeitado na comunidade de Bento Gonçalves. Com mais de 40 anos de residência na cidade, Castria tem se destacado pelo seu envolvimento em diversos conselhos municipais e pelo seu trabalho incansável em prol do meio ambiente e da justiça social.
Em entrevista, ele compartilha sua visão e os desafios enfrentados na condução da Abepan, uma entidade que tem um papel crucial na cidade, mas que não está recebendo a devida atenção.

Um compromisso de longa data

Natural de Alegrete, Castria encontrou em Bento Gonçalves sua segunda casa. Há mais de quatro décadas, ele se estabeleceu na cidade, onde construiu família e viu seus netos crescerem. Para ele, ajudar a comunidade e fazer a diferença na vida das pessoas é um privilégio. “É um momento especial para mim por poder ajudar várias pessoas e amigos”, comenta.

Seu envolvimento com a cidade não se limita à Abepan. Castria participa ativamente de vários conselhos municipais, onde contribui com seu conhecimento em áreas como meio ambiente, saúde e planejamento urbano. “Hoje faço parte de vários conselhos municipais, já fui presidente de alguns, o que me levou a ter bastante empoderamento de informações e conhecimento de matérias”, explicou. Seu trabalho abrange desde questões ambientais e de arborização até a fiscalização das políticas de saúde.

Papel da Abepan na comunidade

Fundada por Luiz Augusto Signor, é uma entidade que trabalha pela preservação da qualidade do ar, da água, do solo, da flora e fauna de Bento Gonçalves. Castria destacou que, enquanto na época de Signor a entidade contava com funcionários cedidos pelo poder público, hoje a situação é diferente. “Infelizmente, o poder público diz que não tem condições de fornecer funcionários”, lamentou Castria. Apesar das dificuldades, ele mantém o compromisso com a missão da instituição, que é proteger o meio ambiente e auxiliar a comunidade.

A entidade tem um convênio com a justiça estadual e federal para oferecer serviços comunitários a pessoas condenadas. “Recebemos essas pessoas, conversamos, tentamos ressocializá-las, ensinamos muitas formas de sair dos problemas que eles se envolveram”, detalhou Castria. A entidade procura sempre humanizar o tratamento nesses casos, ao oferecer uma segunda chance, desempenhando um papel crucial na reintegração social.

Além disso, a Abepan é um ponto de referência para a comunidade em questões relacionadas ao meio ambiente. A entidade oferece orientação sobre as mais variadas dúvidas, como a poda de árvores, criação de peixes, denúncias de infrações ambientais como o corte de árvores sem licença e o descarte inadequado de lixo. “A população sempre procura, e estamos sempre à disposição, até mesmo nos finais de semana”, afirmou Castria. Ele ressaltou que, muitas vezes, a Abepan atua como pacificadora, resolvendo questões administrativamente para evitar processos judiciais ou exposição na mídia.

Desafios e superações

A sustentabilidade financeira da Abepan é um desafio constante. Castria explicou que a entidade sobrevive com pequenas doações e parcerias, que são essenciais para cobrir despesas como água, luz, internet e manutenção do imóvel. Embora a Abepan tenha uma boa estrutura em termos de equipamentos, a falta de apoio financeiro é uma preocupação frequente.

A questão das enchentes em Bento Gonçalves foi preocupante, mas apesar da Abepan não ter se envolvido, Castria explica como a topografia acidentada da cidade contribui para problemas relacionados à erosão e às enchentes. “A terra superficial acaba indo abaixo, então apenas plantar árvores em cima de pedras não funciona”, alertou. Ele enfatizou a importância de um acompanhamento técnico adequado para a preservação ambiental. “Não adianta nós como cidadãos falarmos se não tiver o devido acompanhamento técnico para fazer essa preservação”, acrescentou.

Trabalho voluntário e a relevância da entidade

A Abepan se destaca pelo seu trabalho voluntário em diversas áreas da comunidade. Castria mencionou vários projetos realizados pela entidade, incluindo a pintura de escolas e a limpeza de áreas públicas. “Recebemos pessoas que fazem os serviços mais variados aqui, muitas vezes até ajudando outras entidades”, explicou. Entre os projetos notáveis estão a pintura da quadra da EMEF Professora Maria Margarida Zambon Benini e a limpeza do presídio velho.

Além disso, a entidade também participou de ações emergenciais, como a liberação de pessoas para auxílio durante as enchentes no Rio das Antas. Embora a capacidade de resposta da entidade tenha sido limitada, Castria destacou a disposição da Abepan em ajudar sempre que possível. “Se alguma família tiver necessidade de algum eletricista, um pintor, etc., temos essas pessoas para ajudar a comunidade”, afirmou. O trabalho da Abepan vai além das questões ambientais, abrangendo também o apoio a pessoas em situação de carência.

A Presidência da UACB e a Relação com a Corsan

Castria também exerce a presidência da União das Associações Comunitárias e de Moradores de Bento Gonçalves (UACB). Quando assumiu a liderança, encontrou uma entidade desmobilizada e sem credibilidade. O presidente tem trabalhado para revitalizar a UACB, organizando a entidade e promovendo a participação ativa da comunidade.

Um dos grandes avanços sob sua presidência foi o estabelecimento de um diálogo transparente com a Corsan, a companhia de saneamento. Castria criou um grupo de WhatsApp para facilitar a comunicação entre a Corsan e a população. “Uma das coisas mais assertivas que eu fiz foi ter aberto um diálogo muito bacana e muito transparente com a Corsan”, disse. Esse diálogo tem ajudado a resolver problemas relacionados ao abastecimento de água e a melhorar a resposta da Corsan às demandas da comunidade.

Desafios e Perspectivas Futuras

Castria é claro sobre as dificuldades que ainda existem. A falta de funcionários cedidos pelo poder público e o financiamento limitado são desafios constantes. “Existe um decreto municipal que torna a entidade Abepan como uma entidade filantrópica, mas com interesse público. Então temos essa finalidade, e esse decreto faz com que seja possível a cedência de até dois funcionários”, explicou Castria. Ele expressou esperança de que a próxima gestão possa oferecer um olhar mais atento e apoiar a entidade com funcionários e recursos adicionais.

Apesar dos desafios, Castria permanece otimista e comprometido com sua missão. Ele acredita na importância de continuar trabalhando em prol da comunidade e do meio ambiente, e expressa um desejo de ser mais ouvido nas questões que envolvem a legislação municipal e as políticas públicas. “Nossa luta principal é sermos mais ouvidos, para contribuir ainda mais para a melhoria da nossa cidade”, concluiu.