A Educação de Jovens e Adultos se torna emancipadora a medida que, auxilia aqueles que não puderam estudar nos cursos regulares dos ensinos

A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade de ensino no Brasil destinada a pessoas que não tiveram a oportunidade de concluir seus estudos na idade regular. O objetivo principal do EJA é garantir o direito à educação para todos, promovendo a inclusão social e o acesso ao mercado de trabalho. Há mais de 20 anos, o Sesi promove esse incentivo para a população retornar aos estudos.

A gerente regional de operações do Sesi, Silvana Macari, explica como o projeto começou. “A EJA do Sesi existe há mais de 20 anos e, em Bento Gonçalves, desde 2019, com o objetivo de oferecer educação básica de qualidade a pessoas que não concluíram seus estudos, seja no Ensino Fundamental (séries finais: 6ª, 7ª, 8ª e 9ª) ou no Ensino Médio (1º, 2º e 3º anos), apoiando na qualificação dos profissionais. Com uma metodologia inovadora, a proposta pedagógica, além de ser voltada para aspectos do mundo do trabalho, tornando as aulas mais atrativas, contempla também a robótica, desafiando nossos alunos a construções e descobertas através de programações e exploração de material tecnológico, desenvolvendo o raciocínio lógico, a resolução de problemas e a comunicação”, explica.

Para Silvana Macari, modalidade democratiza o acesso ao ensino

Ela relata como funciona o processo de aprendizado. “As turmas são organizadas por níveis de ensino, fundamental e médio. Cada turma possui um encontro presencial uma vez na semana e acesso a uma plataforma de aprendizagem, já que, devido ao estado de calamidade pública no RS até o último dia deste ano, as aulas estão acontecendo no formato online. Para cada série da escola regular, aqui no Sesi, o aluno conclui em um semestre. Temos algumas turmas em parceria com o SENAI, onde o aluno faz concomitantemente o técnico profissionalizante em Logística e conclui o ensino médio”, diz.

Hoje, Silvana relata que a maior dificuldade tem sido fechar as turmas. “O nosso maior desafio é completarmos todas as vagas que temos disponíveis dentro deste benefício da gratuidade, como forma de repassar para a indústria e construção civil pessoas preparadas para atuarem no mercado de trabalho”, destaca.

Ela também explica quem tem direito a acessar essa modalidade de ensino. “Qualquer pessoa que precisa concluir o ensino fundamental ou ensino médio pode estudar no Sesi. A diferença é que, para quem é trabalhador da indústria e da construção civil, o acesso é gratuito, assim como para dependentes desses trabalhadores (quem se enquadra nos dependentes: pai, mãe, marido, esposa e filhos de 18 a 21 anos). Para pessoas que não possuem vínculo com trabalhadores da indústria e nem da construção civil, a mensalidade é de R$90”, conta.

Lecionar no EJA

Letícia Tres Invernizzi é professora no Ensino de Jovens e Adultos no Sesi há sete anos e destaca a importância dessa educação. “A EJA é vital, especialmente a EJA do Sesi, porque, em um mundo em constante transformação, ela oferece uma chance essencial para que trabalhadores se qualifiquem e se atualizem. Em um cenário de mudanças rápidas, aprimorar habilidades e competências se torna crucial. Pois além de ser uma segunda chance para completar a educação formal, também abre portas para novas oportunidades de estudos e avanços profissionais, incorporando elementos de pesquisa, tecnologia e robótica em seu currículo”, explica.

Durante sua trajetória, diversos momentos a deixaram emocionada, histórias de superação e de coragem vindas de muitos. “São várias histórias impactantes e profundas que incluem mães, pais, filhos, avós, imigrantes, jovens e idosos, todas refletindo a rica e diversificada realidade dos alunos da EJA. Cada um deles é especial, com uma trajetória única que se distingue da do aluno regular. Muitos chegam após longos períodos longe dos estudos e enfrentam desafios com computadores e tecnologia, o que pode gerar um medo compreensível do desconhecido. Além dos obstáculos para completar a educação, eles equilibram trabalho, responsabilidades familiares e outras dificuldades do cotidiano. Esses alunos são verdadeiros exemplos de resiliência e determinação. No entanto, o que realmente destaca seu esforço é o crescimento visível ao longo das aulas: a evolução nas entregas dos trabalhos, o progresso no uso da tecnologia e a transformação na confiança pessoal. Acompanhamos de perto como superam suas inseguranças e se adaptam, mostrando que, apesar dos desafios, a capacidade de aprender e se desenvolver é imensa”, ressalta.

A professora consegue identificar diversas melhorias que ocorrem naqueles alunos que decidiram seguir em frente com os estudos. “Percebo que os alunos da EJA se tornam mais confiantes. A melhor parte é, sem dúvida, a cerimônia de formatura. Ver a alegria e o orgulho em cada rosto, reconhecer a trajetória de superação de cada um e saber que eles conseguiram é extremamente gratificante. Para muitos, obter o diploma de Ensino Médio é a concretização de um sonho, especialmente considerando os inúmeros obstáculos que enfrentaram ao longo do caminho. Muitos tiveram que interromper os estudos para lidar com demandas, como trabalho ou responsabilidades familiares muito cedo. A confiança que eles ganham ao completar essa etapa é fundamental, abrindo portas para novos horizontes, tanto pessoais quanto profissionais”, constata.

Por fim, Letícia traz um incentivo para aqueles que ainda não têm certeza sobre dar este passo. “Para alguém que está inseguro em voltar a estudar, eu diria que todos enfrentam desafios e dúvidas, mas o importante é lembrar que a educação é uma ferramenta poderosa para mudar vidas e criar novas oportunidades. Cada passo dado é uma conquista, e o esforço que você dedica agora será recompensado com crescimento pessoal e profissional”, conclui.

Milena dos Santos Souza Borges, de 26 anos, hoje trabalha em uma Escola de Educação Infantil, e conseguiu seu diploma através da EJA do Sesi. “Quando vi essa oportunidade não pensei duas vezes, pois tinha esse objetivo de voltar a estudar. Conclui o ensino médio que era um sonho e que por alguns motivos do dia a dia foi ficando de lado. Na instituição do Sesi, encontrei a oportunidade perfeita, e com um ano e meio consegui conquistar o tão sonhado diploma, a minha formação e junto mais um sonho que era ingressar na faculdade e cursar pedagogia. Hoje, estou no 3°trimestre cursando licenciatura em pedagogia na universidade Unopar e trabalhando em uma Escola de Educação Infantil”, conclui.