Com o início das Olimpíadas, diversos sonhos e jornadas são lembrados. Devido a isso, o Semanário vai mostrar os bento-gonçalvenses que amam as modalidades olímpicas
Está marcado para a sexta-feira, 26 de julho, o início das Olimpíadas que seguem até o domingo, 11 de agosto. Competição contará com 10.500 atletas de cerca de 206 países, disputando 28 esportes diferentes, com um número igual de atletas masculinos e femininos, totalizando 5.250 de cada sexo, abrangendo modalidades como, vôlei, esgrima, natação, ginástica rítmica, basquete, atletismo, ciclismo, e entre outras. Os Jogos Olímpicos de Paris são um dos eventos mais aguardados globalmente, com o Brasil destacando-se ao classificar 266 atletas, sendo 152 mulheres e 114 homens.
O Semanário está presente nesta festa esportiva, dedicando-se a mostrar diferentes modalidades olímpicas praticadas na Capital Nacional do Vinho. Vamos contar suas histórias e trajetórias no esporte, oferecendo aos nossos leitores uma cobertura especial desta edição dos Jogos. Para continuarmos nossa série de reportagens escolhemos o taekwondo.
O taekwondo, que se traduz como a “arte de chutar e bater”, é uma arte marcial com raízes que remontam ao período dos Três Reinos da Coreia (57 a.C. a 668 d.C.), quando os guerreiros da Dinastia Silla começaram a desenvolver uma arte marcial conhecida como taekkyon (“pé-mão”). No início do século 20, o taekwondo se tornou a arte marcial dominante praticada na Coreia. O esporte se internacionalizou e, em 1973, foi fundada a Federação Mundial de Taekwondo (agora conhecida como World Taekwondo). Nesse mesmo ano, o primeiro campeonato mundial de taekwondo foi realizado em Seul.
Breve resumo das regras
O objetivo do taekwondo é o atleta chutar e socar o oponente, evitando ser atingido. A marca registrada dessa arte marcial é a combinação de movimentos de chutes e socos em sequência rápida. As lutas são disputadas em um tapete octogonal por três rodadas de dois minutos cada. Os pontos são atribuídos de acordo com o grau de dificuldade das técnicas utilizadas; por exemplo, um chute na cabeça pontua mais do que socos e chutes no tronco. Chutes giratórios também são recompensados com pontos extras. Penalidades podem ser dadas aos atletas por várias faltas.
História olímpica
A primeira aparição olímpica do taekwondo aconteceu nos Jogos Olímpicos de Seul 1988, quando foi disputado como evento de demonstração. Apareceu novamente como esporte de demonstração nos Jogos de Barcelona, em 1992, mas esteve ausente do programa Olímpico em Atlanta 1996. No entanto, quatro anos depois, o taekwondo reapareceu como esporte de medalhas nos Jogos de Sydney 2000, com eventos para homens e mulheres. Desde então, o taekwondo faz parte do programa Olímpico.
Embora as competições de taekwondo fossem anteriormente dominadas por atletas que representavam a República da Coreia, esse não é mais o caso. Por exemplo, em Londres 2012, as medalhas de ouro foram concedidas a atletas de oito países diferentes.
Algumas nações fizeram história ao ganhar suas primeiras medalhas Olímpicas por meio do taekwondo – como Vietnã em 2000, Afeganistão em 2008, Gabão em 2012, Níger e Jordânia em 2016 – ou suas primeiras medalhas Olímpicas femininas, incluindo a República Islâmica do Irã e Costa do Marfim, também em 2016.
Mestre do Taekwondo
Volnei Zago, 48 anos, é um nome respeitado no mundo do Taekwondo em Bento Gonçalves. Com uma trajetória de 34 anos no esporte, Zago ostenta o título de faixa preta quinto dan, uma conquista que o qualifica como mestre. “Para mim, o Taekwondo é o ar que respiro. Ele mantém o equilíbrio entre o corpo e a mente”, afirma o atleta, que iniciou sua jornada em 1990.
Nascido em uma pequena cidade onde as artes marciais eram inexistentes, Zago teve seu primeiro contato com o Taekwondo quando um professor começou a dar aulas em sua cidade natal. “Me adaptei ao taekwondo e, embora tenha experimentado outras artes marciais, sempre retornei a ele”, relembra. Para ele, o esporte transcende os chutes e socos, incorporando uma filosofia de vida centrada em cinco princípios: cortesia, integridade, perseverança, autocontrole e espírito indomável.
Os benefícios do Taekwondo, segundo Zago, vão além da forma física. “O Taekwondo melhora o condicionamento físico e ajuda a perder peso. Uma aula pode queimar entre 800 e 900 calorias”, explica. Além dos benefícios físicos, o Taekwondo também tem um impacto significativo na mente. “Os princípios do Taekwondo ajudam a desenvolver uma mentalidade positiva e a enfrentar desafios com coragem”, destaca.
Volnei Zago acredita que o Taekwondo teve um impacto profundo em sua vida pessoal e profissional. “A perseverança e o espírito indomável são fundamentais tanto no esporte quanto na vida”, diz. Ele atribui ao Taekwondo sua autoconfiança, especialmente em enfrentar situações desafiadoras, como o bullying que sofreu devido à sua altura na infância.
Para ele o ambiente do esporte proporciona essa melhora da mente, corpo e espírito. “Sempre existe todo um ambiente de acolhimento, os atletas são praticamente como se fosse uma família, ali dentro um ajuda o outro a superar suas próprias. Essa maneira de ajudar mentalmente é a pessoa chegar com uma certa dificuldade e ela melhorar essa situação que ela se encontrou, de repente pode ser um chute ou uma parte física, ou qualquer outra forma o taekwondo ajuda muito”, explica.
A jornada de Zago é marcada por inúmeras conquistas. “Minha maior conquista é ser um mestre faixa preta quinto dan, uma graduação rara na Serra Gaúcha”, orgulha-se. Em sua carreira como atleta, ele acumulou títulos importantes, incluindo campeonatos estaduais, nacionais e internacionais. Zago também foi membro da seleção gaúcha por vários anos e alcançou o primeiro lugar no ranking nacional em sua categoria.
Embora não tenha participado das Olimpíadas, Zago reconhece a complexidade e a dedicação necessária para chegar lá. “É um sonho de todo praticante, mas requer excepcional habilidade, dedicação e um significativo suporte financeiro”, observa.
Zago, que ensina Taekwondo em Bento Gonçalves há 24 anos, vê um futuro promissor para o esporte, mas ressalta a necessidade de maior reconhecimento e apoio. “Ainda falta muito para que o Taekwondo e outros esportes olímpicos recebam o reconhecimento que merecem. O apoio financeiro é crucial para que atletas possam se dedicar integralmente ao esporte”, afirma.
Para aqueles que estão começando no Taekwondo, Zago tem um conselho valioso: “Perseverança é fundamental. Não desistir diante das dificuldades é o que leva ao sucesso. O Taekwondo ensina estratégias que se aplicam à vida, ajudando a desenvolver um espírito forte e resiliente”, conclui.