Médico que atuava desde 1957 em Bento Gonçalves faleceu aos 95 anos
A simplicidade e a simpatia do médico Jayme Gudde eram marca registrada por todos os locais por onde passava. Suas histórias ficarão registradas na mente de todos os pacientes que tiveram o privilégio de contar com a destreza de seu atendimento.
Nascido na cidade de Estrela, no ano de 1929, Jayme Gudde passou sua infância em Taquara e após, se mudou para Porto Alegre, onde conheceu Edy Terezinha Hillebrand, que mais tarde veio a ser sua esposa e com quem teve três filhos: Henrique, Fernando e Daniel.
Cursou Medicina no Rio de Janeiro e, após graduado, retornou para o Rio Grande do Sul, vindo a trabalhar em Veranópolis, onde havia um centro especializado em hanseníase. Mas foi em Bento Gonçalves que fixou residência e se estabeleceu profissionalmente desde 1957, tendo atuado também nos hospitais Giorgi e, posteriormente, Tacchini, onde permaneceu atendendo até 2021, como também em seu consultório.
Conforme o filho Fernando Hillebrand Gudde, cardiologista, na época em que o pai chegou em Bento os médicos “faziam de tudo”. “Não existiam especialidades, então, todos eram clínicos gerais. Eram ortopedistas, anestesistas, enfim, tudo o que precisava era feito. Mais tarde defendeu tese em Congresso, foi quando recebeu o título de ginecologista e obstetra”, conta.
Entre os projetos profissionais, juntamente com o Padre Francisco Mário Andognini (Padre Chico), idealizou o Banco de Sangue de Bento Gonçalves.
Colega de profissão, o médico gastroenterologista José Vitor Zir trabalhou ao lado de Gudde durante muitos anos. “Ele era chefe do SUS quando cheguei em Bento. Posso dizer que era um excelente clínico, um cirurgião fenomenal e um obstetra de habilidade ímpar. Muita gente nasceu pelas mãos dele, entre eles médicos, como por exemplo o doutor Fontanive. Além disso, tinha uma cultura fantástica, lia muito. Marcava os relacionamentos com colegas e pacientes com muita empatia. Tinha uma paixão pela Medicina e sempre demonstrou, exercendo com esmero e dedicação enquanto a energia física permitiu. Além disso, era muito disciplinado”, recorda.
O médico João Virgílio Costa Fontanive nasceu pelas mãos do doutor Gudde. “Minha família tinha uma ligação muito forte com o doutor Jayme. Minha mãe era paciente dele. Tenho mais dois irmãos que também nasceram com ele. Meus filhos nasceram com o doutor Jayme. Convivi com ele desde criança. Sempre foi uma pessoa muito querida. Era rígido, disciplinado, nos xingava, mas era muito querido por todos. Sua competência era fantástica. Tinha uma relação muito boa com as pacientes, tratava a elas todas como “filhinhas”. Caráter, disciplina e competência eram suas marcas. Um grande cidadão, honesto e honrado”, fala emocionado.
Ainda conforme o filho Fernando, entre seus hobbies estavam a caça, a pesca e a vela. “O pai praticava tiro ao prato no Clube de Caça e Pesca. Velejava seguidamente no Guaíba, onde era sócio do Iate Clube. Quando as condições físicas passaram a dificultar esta prática, passou a pescar seguidamente com os filhos e amigos com quem fez uma grande parceria por muitos anos. Além disso, foi um pai maravilhoso, um chefe de família espetacular. Deixou um legado muito bom, pois não há uma fala em desabono dele. Todo mundo que a gente encontra conta uma história boa do que ele fez, porque além de médico, era conselheiro, amigo, uma pessoa muito carismática”, conclui.
Gudde desenvolveu hipertensão pulmonar devido a um problema de embolia. Faleceu de insuficiência respiratória e foi cremado na quarta-feira, 10. Além da esposa Edy e dos filhos Henrique (cirurgião vascular), Fernando (cardiologista) e Daniel (engenheiro agrônomo), Jayme deixou as noras Flávia, Denise e Cláudia, os netos Luiza (cirurgiã vascular), Eduardo, Gabriel, Gustavo, Felipe e Rafael e o bisneto Thomaz.